Por que apoiamos o boicote a Israel : Noam Gur e Alon Gurman,refuseniks israelitas, explicam a sua posição .
« A nossa dificuldade em reconhecer a realidade complexa da Palestina e de Israel vem da dificuldade que temos em reconhecer que há crimes que são cometidos em nosso nome, todos os dias, e isto, porque somos cidadãos israelitas ».
Nascemos cidadãos israelitas e por isso decidiu-se que devíamos carregar o peso do financiamento da ocupação. Ao longo do tempo, acabámos por compreender que enquanto esses crimes durarem eles serão cometidos em nosso nome e às nossas custas.
Por essa razão, chegámos à conclusão de que devíamos orientar os nossos esforços para por fim a esta situação, em vez de nos fecharmos em sentimentos fúteis
de culpabilidade e de vergonha. Enquanto cidadãos de Israel (e enquanto judeus), foi-nos pedido que participássemos na ocupação para além do nosso apoio financeiro , juntando-nos ao exército israelita. Quando percebemos que ao juntarmo-nos ao exército israelita estávamos a apoiar a ocupação criminosa e a negação dos direitos fundamentais, individuais e colectivos, da nação palestiniana, decidimos tomar posição, publicamente, e recusar a ocupação e o apartheid israelita.
Pode pensar-se sensatamente que, devido a essa decisão,seremos postos na cadeia durante alguns meses antes de sermos finalmente libertados da obrigação do serviço militar. É o preço que escolhemos pagar para chegarmos ao fim do status quo no qual, a título pessoal, cooperamos com os crimes cometidos pelo Estado de Israel. A nossa recusa não acabará com a ocupação e o apartheid continuará provavelmente a prosperar, mas podemos conseguir sacudir um pouco o sistema e juntar a nossa crítica ao discurso público.
Mas não são apenas os israelitas que participam - activamente ou passivamente na ocupação e nos crimes de guerra levados a cabo por Israel. Organizações potentes,
com grandes interesses, alimentam a ocupação enviando dinheiro e dando o seu apoio político às acções de Israel; há empresas, negociantes de armas, organizações
políticas extremistas e fanáticos vindos da América, da Europa e de outros lados. É com tristeza que dizemos que as administrações US continuam também a financiar os crimes de guerra de Israel. Mas nós podemos agir, juntos, pelo mundo fora, condenando o financiamento e a legitimação do governo de Israel e,no fim de contas, podemos chegar a por fim ao apoio internacional da sua política.
Enquanto comunidade, podemos conseguir acabar com a normalização da ocupação. Cabe a cada um de nós, evidentemente, escolher a melhor maneira de combater os crimes de Israel mas neste momento, a política palestiniana deseja seguir o BDS Boicote, Desinvestimentos e Sanções dirigido contra as empresas e as instituições
israelitas. O BDS é fruto de um apelo dos palestinianos, publicado em 2005,
que se tornou o instrumento central da luta não violenta contra as violações israelitas dos direitos humanos.
Como dissemos acima, este movimento visa três objectivos com a sua luta não
violenta :a promoção do direito ao regresso dos refugiados palestinianos, o
fim da ocupação dos territórios palestinianos ocupados, e o fim da discriminação contra os palestinianos que vivem em Israel.
Ver-se livre de uma ocupação faz parte de um processo delicado, complexo e de múltiplos aspectos, mas devemos todos participar nesse derrubamento. Nós, Noam e Alon, escolhemos, para nos vermos livres da ocupação, declarar publicamente a nossa recusa de servir no exército e ao mesmo tempo militar e
apoiar o apelo palestiniano para o BDS.
Os cidadãos do mundo que têm a possibilidade de boicotar Israel devem reflectir sobre este apelo palestiniano e tentar juntar-se a ele cada um de nós no seio da sua própria comunidade, no melhor da nossa competência e não acreditar que uma condenação passiva da política de apartheid israelita possa ser suficiente. Devemos, pelo contrário, optar pela acção para por fim aos crimes
de Israel.
Publicado por : http://www.info-palestine.net/artic...
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