Nós, participantes do Primeiro Encontro da Nação Mapuche sobre Conflitos Ambientais: comunidades e organizações mapuches; organizações sociais; coletivos comunicacionais e companheiros e companheiras solidárias e comprometidos com a preservação da vida, reunidos no território recuperado Lof Pillan Mawiza durante os dias 17, 18 e 19 de fevereiro de 2012; reafirmando nosso direito a ser e viver como as pessoas da terra, temos analisado ao sistema wingka em todas as suas expressões e entendemos que:
•O planeta está em risco devido á lógica da cultura dominante que despreza a visão cósmica dos povos originários sobre todos os elementos da vida. No sistema de pu newen tudo está entrelaçado, tudo se inter-relaciona, tudo se nutre.
Portanto, consideramos que:
•Esta é uma crise civilizatória. Enquanto a sociedade não questionar nem interpelar seu modo de viver, baseado na visão homocentrista, materialista, individualista, consumista e patriarcal, o sistema capitalista seguirá se fortalecendo, gerando assim o desaparecimento de ecossistemas e diversidade cultural, ademais do deslocamento de comunidade que levam os povos originários e camponeses a converter-se em refugiados ambientais.
•É oportuno, necessário e imprescindível colocar em diálogo nosso saber ancestral com os trabalhadores, estudantes, ambientalistas e vizinhos autoconvocados, e com toda mulher e todo homem que anseia mudar este sistema depredador.
Denunciamos que:
•A contaminação, o saque, a devastação e a fome, são alguns dos tantos custos que nestes duzentos anos de conformação dos estados invasores, os povos originários viemos padecendo, e que hoje não só nos afeta, como também se estende a todos os povos oprimidos do mundo.
•Com a desculpa do progresso e desenvolvimento se tem cometido genocídios, ecocídios e etnocídios. Portanto, o paradigma do progresso deve ser questionado. Em nome deste paradigma, o único que progrediu é a morte; nós queremos progredir a vida.
Por todo expressado, declaramos que:
Nos opomos de maneira contundente ao avanço das mega estrativistas de minas, as petroleiras, as florestais, as sojeiras, as represas e todo aquele empreendimento que atente contra a vida.
Repudiamos e exigimos a imediata revogação da Lei Antiterrorista que pretende silenciar e criminalizar as vozes dos povos afetados que defendem seu território.
Solidarizamos-nos com todos os presos e presas políticas, não só nossos pu weichafe mapuche, mas também todos aqueles comprometidos na luta por um mundo melhor, que padecem com a repressão e o encarceramento. Exigimos também a imediata libertação de todos e todas e cada um deles.
Denunciamos a mentira criada por aqueles que detêm o poder de que a única alternativa de desenvolvimento é este modelo.
Os povos originários, durante milhares de anos, temos levado adiante modelos de desenvolvimento em harmonia com a natureza, acreditamos que é possível aplicar estes saberes ancestrais na sociedade atual para gerar uma tecnologia em favor do ambiente, uma política energética alternativa e uma educação pensada em um novo sistema de valores que coloque as diversas forças da natureza no mesmo plano de horizontalidade com o ser humano, para assim alcançar a arte de habitar.
Hoje estamos comprometidos em difundir e construir juntos com todos um mundo possível e melhor.
Convocamos a toda a sociedade a despertar-se, mobilizar-se, solidarizar-se e reagir pela defesa da vida.
Desde Puel Willi Mapu
Por território, justiça e liberdade!
Marici Wew!
Corcovado-Chubut-Patagônia-Argentina
Domingo, 19 de fevereiro de 2012.
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