CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

101 países praticam pena de morte



Em pleno século XXI, quase 18 mil pessoas estão condenadas à morte em todo o mundo, revela um relatório da Amnistia Internacional. 58 das quais são mexicanas. Na China, o país onde houve mais execuções e condenações durante 2010, o governo se nega a publicar os nomes dos executados por ser “segredo de Estado”. Decapitação, lapidação e enforcamento são alguns dos métodos que se utilizaram para sancionar penalmente 527pessoas no ano passado. A lista de executores é encabeçada pela China, Irã, Coréia do Norte, Yemen e Estados Unidos.
"À distância assemelha-se a um campus universitário. A proximidade acaba com a idéia: aparecem as cercas e os arames farpados. Por dentro, a cor branca dos muros dá um toque de frieza ao lugar. Trata-se da prisão de segurança máxima de Greene, localizada na Pensilvânia, Estados Unidos. Ali se encontra preso Mumia Abu Jamal – jornalista e ex-pantera negra – condenado à morte desde 1982, acusado de homicídio.
Um homem com a capacidade de despertar as mentes da comunidade e de fomentar a rebelião contra o opressor é perigoso nos Estados Unidos; um país onde o número de negros e latinos condenados à morte é maior que o de brancos, apesar de que os brancos cometem os mesmos delitos que estes. As sentença são sempre racistas; foi julgado por um juiz que se baseou em sua cor para condená-lo”", declara Goldii, filha de Abu Jamal, em entrevista a Contralínea. Tinha dois anos quando prenderam seu pai, Mumia Abu-Jamal – condenado à morte apesar de múltiplas irregularidades jurídicas juntando-se a outras 17.833 pessoas, segundo o relatório anual Condenações à morte e execuções em 2010, da Amnistia Internacional (AI).
O relatório indica que dos 197 países – que reconhecem a Amnistia Internacional do mundo – mais da metade aprova a pena de morte em suas legislações. A cifra dos 96 países abolicionistas contrasta com a dos 101 retencionistas que se negam a abolir esta sanção penal. Entretanto, destes últimos, 34 países não executam ninguém há 10 anos, e apenas em nove esta sanção se contempla para delitos excepcionais ou previstos no código militar.
Em 2010, em 23 países executaram-se 527 pessoas; entretanto, não se contabilizam as execuções em países como Afeganistão, Paquistão ou Coréia do Norte, porque não existem dados oficiais. Enquanto isso, no Vietname está proibido por lei publicar dados sobre as execuções, e na China os números são consideradas como “segredo de Estado”.
Com aproximadamente 1.300 bilhões de habitantes, a China é o país com o maior número de execuções – segundo dados extra-oficiais -; foram executadas mais de mil pessoas no ano passado; seguido pelo Irã, com 252 execuções oficiais, embora se tenha conhecimento de aproximadamente outras 300 extra-oficiais.
O Paquistão encabeça a lista com o maior número de condenações à morte em 2010, com 365; enquanto no Iraque são 279. O saldo final de 2010: 2.224 condenações à morte em 67 países. Entretanto, não se contabilizam as massivas condenações que o governo chinês ditou, já que não existem dados oficiais.
Condenações políticas
"Sério e introspectivo," como o descreve entre risos a sua filha, Abu Jamal é autor de seis livros e uma centena de colunas e artigos. Além de escritor, estuda música: "Ele compôs a mais bela canção de amor para minha mãe”", comenta Goldii. “É considerado um indivíduo perigoso. O que mais temem é a sua mente; é inocente, mas é demasiado negro, demasiado esperto e demasiado forte. O governo trata de silenciar qualquer pessoa que possua o poder de abrir a mente do povo”.
- Porque considera que a pena de morte persiste como uma sanção penal no seu país?
- Talvez devido aos políticos. As cortes [judiciais] são como vampiros; têm sede de sangue.
José René Paz, colaborador da área internacional do Centro de Direitos Humanos Miguel Augustín Pro Juárez, considera que muitas condenações têm um caráter político e os grupos minoritários são os mais vulneráveis a ser condenados.
Foram executados muitos dissidentes políticos na China, Irã e Arábia Saudita por serem opositores do regime. Nos Estados Unidos, os hispânicos e os negros não têm acesso a uma boa educação; não conhecem seus direitos, e é mais fácil que sejam condenados à morte”.
Sob o argumento de que é apenas utilizada para os delitos mais graves – aqueles com conseqüências fatais -, os países retencionistas justificam a pena de morte. Entretanto, tem sido documentados casos onde a pena se impõe por delitos comuns, o que viola o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, adotado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1966.
Acusados de moharebeh (um termo islâmico que significa declarar guerra a Deus), 17 iranianos foram condenados à morte em julgamentos onde abundam as irregularidades jurídicas. Além de serem kurdos (minoria étnica no Irã), foram acusados de ser membros do Partido por uma Vida Livre no Kurdistão e do marxista Komala, organizações opositoras ao governo e proibidas pelo Estado.
O delito de blasfêmia, entendido como faltar com respeito para com Deus, foi suficiente para condenar à morte Aasia Bibi – mãe de cinco filhos – em 8 de novembro de 2010 no Paquistão, o pior país onde se pode viver uma mulher, segundo o jornalista irianiano Amirian Nazanin.
As sentenças por delitos relacionados com drogas crescem em países como Malásia, Singapura e Tailândia. É precisamente na Malásia onde podem ser condenados à morte três mexicanos originários de Sinaloa, acusados de narcotráfico. Trata-se dos irmãos González Villarreal: Luis Alfonso, de 47 anos; José, de 36, e Simón, de 33, que esperam que a máxima instância judicial da Malásia pegue o caso para que se abra a possibilidade de não serem condenados à forca, já que o juiz que conduz o processo é conhecido por seu punho duro em outros casos.
Ao ser sentenciados, os irmãos seriam os primeiros a ser condenados por narcotráfico e não por homicídio, como seus compatriotas sentenciados nos Estados Unidos. Além disso, seriam os primeiros cuja execução se realizaria pela forca, e não por injeção letal.
Morte por preferência sexual
Estimada como uma orientação sexual comum na maioria dos países, a homossexualidade é considerada como um grave delito na Uganda. Ao aprovar-se a Lei Contra a Homossexualidade neste país africano, seriam condenados à morte aqueles que tenham esta orientação sexual. Não é o único caso extraordinário: no Irã um homem foi condenado em dezembro passado por visitar páginas pornográficas na internet. Os juízes consideraram que abrir estes sites é um insulto ao Islã.
Contralínea solicitou uma entrevista com funcionários da embaixada da China no México, mas até o encerramento desta edição não houve resposta. Também foi solicitada uma entrevista com a embaixada do Irã no México. Patricia Frías, assistente do embaixador, argumentou que a representação do governo iraniano só dá entrevistas sobre questões culturais. Agregou, ainda, que no mês do Ramadão não podem dar entrevistas.
Debate jurídico :
Desolado, como se ninguém vivesse ali, o terreno montanhoso rumo à prisão parece infinito. Múltiplas recordações aparecem na mente de Goldii, filha de Mumia Abu Jamal. "O trajeto até a prisão lhe implica duas horas. Por fim chega a recompensa: ver seu pai. Não pode abraçá-lo, apenas escutá-lo. Sinto-me feliz por vê-lo, mas ao mesmo tempo frustrada e enojada: tratam-no como um animal. Falamos sobre política, música, sobre as novidades no mundo do hip hop; compartilhamos histórias divertidas sobre minhas filhas e meus sobrinhos. Falo sobre o trabalho que fazemos para conseguir sua liberdade e sobre as milhares de pessoas que o apoiam em todo o mundo. O que mais amo é escutar seu riso, é um escape temporal do inferno onde vive"”, relata Goldii.
O debate jurídico sobre a pena de morte gira em volta da viabilidade deste castigo como uma forma de prevenir delitos.
Alfredo Nateras, investigador da Universidade Autônoma Metropolitana, considera a aplicação da pena de morte como um retrocesso ao direito internacional, além de existir altos níveis de corrupção nas instâncias de justiça.
“A pena de morte não resolve nada, não demonstrando que diminuisse os índices de criminalidade. Este sistema está propenso a falhar. Se condenam um inocente e ele é executado, o dano não se repara. Possuir penas tão cruéis significa dar mais poder às instâncias de justiça, que a história tem demonstrado que se equivocam”, explica Nateras.
Apesar do direito internacional não proibir a pena de morte, coloca como destino sua abolição. Os países que ainda a praticam nas suas legislações, insistem no fato de que apenas a utilizam nos delitos mais graves instituídos nas leis. Argumentam que as resoluções de órgãos internacionais não são obrigatórias, já que suas leis estão acima destas resoluções.
Em 1989, a Assembléia Geral da ONU adotou o Segundo Protocolo Facultativo do Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos, que estabelece a abolição total da pena de morte. Apenas 73 Estados – entre eles o México – o firmaram e ratificaram.
Três protocolos regionais complementaram o adotado pela ONU: o Protocolo da Convenção Americana sobre Direitos Humanos Relativo à Abolição da Pena de Morte, firmado em 1990 pela Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos; o Protocolo 6 do Convênio Europeu dos Direitos Humanos, adotado pelo conselho da Europa e, 1982, que permitia a pena de morte em tempos de guerra; e, finalmente, o Protocolo 13 do Convênio Europeu dos Direitos Humanos, adotado pelo conselho da Europa em 2002, que não permite a pena de morte mesmo que em tempos de guerra.
Em 21 de dezembro passado, foi adotada a resolução 65/206 da ONU, referente à moratória sobre o uso da pena de morte. Foi votada a favor por 109 países, enquanto 35 – a maioria africanos – se abstiveram. A resolução foi rechaçada por 41 nações, entre elas Estados Unidos, China, Iraque e Afeganistão. A Argélia e Mali votaram a favor da resolução, embora no ano passado tenham condenado dezenas de pessoas à pena capital.
Em entrevista, a deputada do Partido Ação Nacional e integrante da Secretaria da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Rosi Oroxco, declara que apesar de existir delitos graves como o tráfico de pessoas ou o seqüestro, não se deve aplicar a pena de morte.
Eu não acredito que o Estado deva ter a legitimidade de privar a vida de uma pessoa. Há uma declaração universal dos direitos humanos da ONU e nela se estabelece que todo indivíduo tem direito a vida, liberdade e segurança, e não prevê nenhuma exceção em relação ao direito a vida. Existem pactos internacionais, mas há países onde não tem sido respeitados, e isto é grave”.
Em agosto de 2008, o Partido Verde Ecologista do México (PVEM) planejou a possibilidade de implantar novamente a pena de morte como sanção judicial em delitos como seqüestro, homicídio ou estupro.
Sobre isso, a deputada comenta: “Respeitamos muito as opiniões das pessoas; eu compreendo a dor das famílias prejudicadas, mas acredito primeiramente no direito à vida. Não temos um sistema de justiça onde se possa conseguir que todas as pessoas tenham acesso à mesma. As pessoas que mais sofreriam de injustiça são aquelas com menos recursos; além disso, a privação da vida é um ato violento e não é responsabilidade do Estado decidir sobre a vida”.
A questão jurídica vai mais além das resoluções internacionais; no Irã, alguns advogados defensores dos condenados têm sido levados ao cárcere por protestar contra a execução.
Na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Paquistão, Sudão e Yemen, pessoas que não haviam completado 18 anos no momento em que cometeram o delito foram condenadas, violando-se assim o direito internacional.
Foi solicitada uma entrevista com o deputado Guillermo Cueva Sada do PVEM, promotor da pena de morte no México. No seu escritório desculparam-se, pois “o deputado está fora do país”.
A questão cultural:
Ao chegar à prisão de Greene, Goldii mostra sua identificação. Para passar pelo detector de metais, tem que tirar seu cinto, sutiã e todo tipo de metal. Depois, é revistada individualmente em uma pequena sala com uma máquina que detecta drogas. Então passa por um posto de controle. Finalmente chega à área de visita. Este processo repete-se cada vez que Goldii visita seu pai.
"É devastador para a minha família. Poderia escrever um livro de todos os sofrimentos que temos tido”", relata a filha de um dos condenados mais significativos para os grupos abolicionistas de todo o mundo.
Complementa: "“Apesar do rosto do presidente [Barack] Obama também ser negro, o racismo segue presente nos Estados Unidos. Gostaria de confiar que o sistema de justiça é imparcial depois de 29 anos, mas a história tem me demonstrado o contrário"”.
- Qual é o momento mais difícil da visita?
-" Deixá-lo neste lugar sabendo que não pertence a ele. É uma experiência desoladora."
- O que você pensa no trajeto de volta para casa?
- "Pergunto-me o que estará fazendo, e o que acontece com ele assim que nos vamos. Penso em nossa conversa e o imagino com um sorriso."
José René Paz define a pena de morte como um tratamento cruel e degradante para a dignidade humana, em sintonia também com as declarações de Alfredo Nateras e da Anistia Internacional.
Paz identifica três pontos vermelhos no mundo onde se lavam a cabo mais execuções e mais condenações: a região do Oriente Médio, China e Estados Unidos.
O tema da pena de morte é muito cultural, em muitos países se justifica com o Alcorão; mas não creio que este permita estas práticas; depende muito da interpretação que se dá ao provérbio ‘olho por olho, dente por dente’. No México, por exemplo, na ‘guerra’ contra o narcotráfico, o debate da pena de morte retorna. Muitas pessoas querem a pena de morte para todos os narcotraficantes”, declara o colaborador internacional.
Quanto aos métodos de execução, diz que apesar da injeção letal ser o procedimento mais adotado nos tratados internacionais, existem casos em que os químicos da injeção falham e a pessoa permanece agonizando durante três horas.
Ainda comenta que, em casos de lapidação o método é desigual; os homens são enterrados até a cintura antes de serem apedrejados, enquanto as mulheres têm que estar cobertas de terra até os ombros. Se a pessoa consegue escapar enquanto está sendo apedrejada, lhe concedem a graça. É mais fácil que os homens consigam sair.
Os métodos de execução variam dependendo do país. No Japão ou Egito, o método utilizado é o enforcamento. A lapidação é comum no Paquistão. Na Somália e Coréia do Norte se executa com arma de fogo. Na China e Estados Unidos é por meio de injeção letal, e na Arábia Saudita termina-se com a vida mediante a decapitação.
Na América, o país onde são feitas mais execuções é Estados Unidos: mais de 3.200 pessoas esperam sua execução, e 138 condenações foram comutadas desde 1973. Apesar de na América Latina a pena de morte ser considerada abolida, alguns países – como Guatemala, Belice – e algumas ilhas caribenhas – como Bahamas e Jamaica – ainda a praticam. Em Cuba, desde 2003 que não acontecem execuções.
A Europa é o continente mais abolicionista, apenas a Bielorrusia manteve esta prática vigente. Em 7 de outubro de 2010, na sua tentativa de abolir por completo a pena de morte, criou-se – por iniciativa do governo espanhol – a Comissão Internacional contra a Pena de Morte. Formada por diferentes personalidades internacionais – ex-primeiros ministros, embaixadores e advogados -,o seu compromisso é acompanhar as organizações e órgãos abolicionistas para conseguir um mundo sem a pena de morte.
Apesar das milhares de execuções e condenações na Ásia – o continente onde mais se executa e Estados Unidos, a Amnistia Internacional mostrase otimista e declara que o mundo encaminha-se para a abolição da pena de morte. No seu Informe 2010, explica que a cada ano mais países proíbem esta prática.
Alfredo Nateras considera que para terminar por completo com a pena de morte no mundo, é necessário cidadanizar as instâncias de procuração de justiça; além disso, trabalhar a partir de diferentes âmbitos na sua cultura de paz, de vida e respeito aos direitos humanos. Prevê para que isso ocorra, os movimentos sociais têm que ser capazes de influenciar as legislações e pedir satisfações aos funcionários públicos sobre seu trabalho, até chegar a uma verdadeira democratização social onde não se execute nenhum ser humano.
O julgamento de Abu Jamal encontra-se num momento crítico; os tribunais revisarão novamente o caso; abre-se a possibilidade de que a pena de morte seja comutada e mude para prisão perpétua. Para seus familiares e as milhares de pessoas que o apóiam a nível global, só existe uma opção: sua liberdade absoluta.
- Se seu pai for libertado, haverá justiça?
- "Justiça atrasada, mas sim."
Goldii, a filha de Mumia Abu Jamal, conclui: "“É impossível retornar no tempo; não posso voltar a quando tinha três anos de idade. Não posso voltar à minha graduação do quinto grau. Houve muitos eventos da vida que ele perdeu e que jamais serão substituídos. Isso é muito triste. O corredor da morte é desenhado para quebrar o espírito humano, mas seu espírito ainda está vivo”."
Logo Goldiin levará sua filha menor para conhecer o avô na prisão, do mesmo modo que a levaram para conviver com seu pai por detrás de um grosso vidro de acrílico, desde que tinha dois anos e meio.
Por: Rogelio Velázquez
Fonte: Revista Contralínea 247/21 de agosto de 2011 - México

EUA- A ocupação


por Mumia Abu-Jamal
No Parque Zucotti, ao sul de Manhattan (batizado “Praça da Liberdade” pelos manifestantes), a distribuição de milhares de atores cresce em uma rebelião contra a deslealdade dos bancos, a ganância implacável de Wall Street, o flagelo do desemprego e o servilismo rastejante da classe política - tanto do partido republicano quanto do democrata - ante os seus senhores endinheirados.

Em suma, o alvo do protesto é o capitalismo – a ganância em larga escala, especialmente desde o tropeço econômico de 2008.

Iniciada principalmente por jovens desempregados, a ocupação tem atraído a presença e apoio de funcionários públicos, estudantes, professores, da juventude urbana, e de um bom número de pessoas com cabelos grisalhos.

O descontentamento social é tão generalizado que se propaga como um rastilho de pólvora. Primeiro Wall Street, e, alguns dias depois, Boston, Baltimore, Filadélfia, Los Angeles, e outros mais.

As manifestações surgem como cogumelos depois de uma tempestade, em protesto contra o capitalismo de compadrio apoiado por profissionais vendidos chamados políticos.

Eles caem em Wall Street como vampiros em um banco de sangue para sugar a vida de um movimento que possa ameaçar seu monopólio de poder. O único interesse que os políticos têm neste movimento é explorá-lo e enfraquecê-lo enquanto continuam a servir os mestres os quais se opõem os manifestantes.

Os políticos que estão realmente contra o poder financeiro de Wall Street podem ser contados nos dedos de uma só mão, e sobram alguns dedos ainda.

O abolicionista John Brown, talvez o mais importante revolucionário branco na história dos Estados Unidos, tinha pouco respeito aos políticos. Ele disse à sua família: “Nunca foi possível confiar em um político profissional porque mesmo que tenha tido uma vez convicções, sempre estaria disposto a vender seus princípios por benefício próprio”.

Pensem sobre isso. Agora pensem em cada político que conhecem. Me entendem?

O que estamos vendo é o poder popular, impulsionado em parte pelos massivos protestos no Cairo e em Wisconsin. Outros fatores detomantes são a injustiça da execução de Troy Davis, a agressão contra vários manifestantes pela polícia de Nova York, a repressão contra os pobres e a classe trabalhadora pela classe política e o descontentamento com os longos anos desperdiçados em guerras injustificáveis contra outros países.

Surge o poder do povo.
Que siga sendo seu.
Do corredor da morte, sou Mumia Abu-Jamal.
[Fontes: DuBois, W. E. B., John Brown: A Biography. (Armonk,NY/London:M. E. Sharpe, 1997 p.83.; Wells, Robert, Passing Through to the Territory (Novela histórica que mostra a vida e tempos de Huck Finn, Jim-- e John Brown!, no prelo, ca. 2011-12, p.224 ms.)]

Sexta-feira, 7 de outubro de 2011


Dia 25 de Outubro de 2011 em Oakland-EUA

Ainda o Dia 15-Onda de revolta á solta

Por todo o mundo houve manifestações contra o capitalismo reinante, causa da infelicidade dos povos, sistema que priveligia uns quantos eleitos, ou seja uma classe parasitária que exerce a mais desenfreada exploração, sanguesugas que se alimentam do esforço dos trabalhadores de todo o planeta.
Em Portugal realizaram-se manifestações em nove cidades do país envolvendo largas dezenas de milhar de pessoas sinónimo do crecente de consciência, que se agiganta quanto`a inevitabilidade de destruir pela raíz a sociedade que nos oprime , substituindo-a por um mundo novo.

Arrentela- Mais uma vez alvo da violência policial

"Mais uma acção violenta da polícia, sete meses depois de terem agredido violentamente o dutxi, desta fez com uma forte carga sobre mulheres, homens (em frente às suas crianças) depois da festa de aniversário dum bebe de 1 de ano e, motivado por uma queixa de barulho às 22h00, em frente à sede da Associação Khapaz.
É mais um episódio da sistemática violência institucional contra os negros e negras, ciganos e brancos pobres deste país e do mundo.
Justiça e paz."

O Colectivo de Solidariedade Mumia Abu-Jamal manifesta a seu mais veemente repúdio por mais uma agressão despropositada das polícias do sistema contra o povo. Uma acção manifestamente racista não só pela cor da pele , mas pela condição social das vítimas.

LUTA CONTRA DEMOLIÇÕES NO BAIRRO NA TORRE SEM REALOJAMENTO

HOJE, NA CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES, A PARTIR DAS 11H,
PROTESTO DAS FAMÍLIAS EM VIAS DE FICAR SEM TETO

O Bairro da Torre em Camarate, Loures, é um bairro de génese ilegal onde vivem cerca de 84 famílias muito pobres, com rendimentos entre os zero e os cento e cinquenta euros por pessoa. Muitas das pessoas que aí habitam são idosas (desde os 65 anos até aos 86 anos de idade), outras têm problemas graves de saúde (cancro, deficiência visual), alguns destes fazem tratamentos médicos como hemodiálise, cirurgias, etc. Há também um número muito considerável de crianças, mais de 40, e mães sozinhas que trabalham na área das limpezas ou fazem part-time em caixas de supermercado.

Estas pessoas não têm quaisquer possibilidades de aceder ao mercado de habitação, nas condições em que este se encontra hoje. A demolição precipitada deste bairro sem analisar quaisquer alternativas é um crime, porque está a mandar para a rua, para a degradação total que é ficar sem um teto para dormir, atentando contra a vida e a segurança de todas estas famílias.

A Câmara de Loures prepara-se para durante esta semana despejar todas estas pessoas na rua sem qualquer tipo de alternativa, sem averiguar as condições das pessoas, sem garantir a protecção dos mais fracos, sem articular soluções com outras entidades como a segurança social, o ACIDI ou o IHRU. A Câmara demite-se de todas as responsabilidades com a desculpa de estas famílias não estarem recenseadas no PER (Programa Especial de Realojamento) que foi há 18 anos atrás, e de estar muita atrasada no cumprimento deste programa que a maior parte dos outros municípios já concluiu.

As pessoas que vivem no Bairro da Torre não têm culpa que a Câmara não tivesse cumprido ainda o PER, e que ainda tenha muitas famílias para realojar. Há actualmente alternativas como o Prohabita que o município se comprometeu a estudar, mas perante algumas dificuldades que as pessoas tinham em aceder às condições exigidas por este no curto espaço de tempo que a Câmara exigia e sem qualquer apoio desta no desenvolvimento da candidatura, o processo estava a ter dificuldades que com algum empenho da câmara seriam ultrapassadas. Subitamente a câmara pareceu ter abandonado todos os seus compromissos e está agora a preparar-se para arrasar o bairro sem estudar mais nenhuma alternativa.

Este comportamento é totalmente inaceitável e os moradores não aceitam ficar na rua, pelo que irão protestar na Câmara de Loures hoje contra o tratamento desumano e irresponsável pelo município.

Jorge dos Santos/George Wright
Extradição Não

Comunicado do grupo de Solidariedade com Jorge Santos/George Wright.
Entretanto uma notícia de última hora, Jorge Santos saiu hoje ao final da tarde da prisão para sua casa onde se encontra em prisão domiciliária.


COMUNICADO
Grupo de Solidariedade com Jorge dos Santos/George Wright. Extradição Não!

Nestes últimos dias a comunicação social desdobrou-se em notícias sobre a prisão de Jorge dos Santos /George Wright diabolizando-o perante a opinião pública, sem informar sobre o contexto da realidade social e racial dos anos 60-70 nos EUA. Uma sociedade onde o racismo dominava e a comunidade negra vivia na pobreza, o que impulsionou activos movimentos de resistência e de lutas dessa comunidade pelos seus direitos. Edgar Hoover, o então chefe do FBI, estabeleceu como objectivo principal desta policia o desmembramento das mais activas organizações do movimento negro, entre as quais os Black Panthers uma organização que lutava pelos direitos da comunidade negra e instituiu um programa social de apoio à comunidade. Ao mesmo tempo outras organizações racistas eram toleradas pela polícia e desenvolviam frequentes provocações, espancamentos e linchamentos, nomeadamente os KKK (Ku Klux Klan).

Foi dentro deste enquadramento que, em 1962, Jorge Santos/George Wright, então com 19 anos, se viu envolvido num assalto do qual resultou a morte de uma pessoa, e embora tenha sido provado que não foi o responsável directo dessa morte, isso não impediu o sistema judicial de Nova Jersey a condena-lo a uma pena de prisão de 30 anos

Passados 8 anos, Jorge/George evadiu-se da prisão de Bayside em Leesburg.
Na cidade de Detroit, para onde foi viver, entrou em contacto com o Black Liberation Army, uma organização que combatia pelos direitos dos negros americanos vindo a envolver-se nas suas actividades. Foi enquanto militante dessa organização política, que participou numa acção para obtenção de fundos, que consistiu no desvio de um avião de Delta Airlines, para Miami, a 31 de Julho de 1972.
O resgate pedido, de um milhão de dólares, foi entregue pelas autoridades americanas em troca da libertação de todos os passageiros, o que aconteceu sem que estes tenham sido molestados.
O resgate destinava-se a subsidiar a actividade da organização, nomeadamente apoiar socialmente a comunidade negra.
Ainda com a tripulação e avião, dirigiram-se para a Argélia onde pediram asilo politico, tendo o dinheiro do resgate sido devolvido aos EUA, juntamente com o avião e a tripulação.

Mais tarde os autores do desvio do avião exilaram-se em França , onde permaneceram alguns anos. Foi após a prisão dos seus camaradas que Jorge/George veio para Portugal, e em seguida para a Guiné Bissau, onde lhe foi dado asilo politico, e por protecção, uma nova identidade.
Jorge, durante a sua permanência neste país africano, fez voluntariado junto das camadas jovens, ensinando basquetebol, e desenvolveu diversas outras actividades sociais.

No final dos anos 70, conhece uma portuguesa, com quem se vem a casar. Há cerca de 30 anos, veio viver para Portugal onde adquiriu legalmente a nacionalidade portuguesa. Jorge, como qualquer outro cidadão, trabalha para a sua subsistência e de sua família (esposa e 2 filhos), não deixando, porém, de participar em actividades de solidariedade, estando sempre disponível para ajudar o próximo.

Apesar de ter a sua imagem denegrida pela comunicação social, é possível verificar-se que se trata de um cidadão integrado e acarinhado pela comunidade onde reside.

Consideramos que o Jorge só tem uma pena a cumprir: a absolvição. Por isso exigimos a sua liberdade incondicional .
A extradição para os EUA para cumprir o resto da pena, passados 41 anos, mesmo com dúvidas quanto a veracidade dos factos propangadeados, só pode ter como resposta Não!
O que o FBI pretende é vingar-se da humilhação que sofreu, quando teve que entregar o resgate em fato de banho e deixar partir o avião nas suas barbas.


EXTRADIÇÂO PARA A PENA DE MORTE NÃO!
LIBERDADE PARA JORGE DOS SANTOS/George Wright!

Grupo de Solidariedade com Jorge Santos/George Wright
solidariedadejorgedossantos@gmail.com

Amanhã todos à Manifestação Global Contra a sociedade que nos sequestra a vida

15 de Outubro | Manifestação global | 15H - Lisboa - Marquês de Pombal | 19H Assembleia Popular em frente à Assembleia da República | 15H - Porto - Praça da Batalha

- Pelo fim da precariedade de vida.Lisboa - Marquês de Pombal (19h - Assembleia Popular em frente ao Parlamento)Porto - Praça da BatalhaAngra do Heroísmo - Praça Velha
Braga - Avenida
CentralCoimbra - Praça da RepúblicaÉvora - Praça do SertórioFaro - Jardim Manuel BivarResto do Mundo (mapa-mundo dos protestos: http://map.15october.net/

MANIFESTO:
Somos “gerações à rasca”, pessoas que trabalham, precárias,
desempregadas ou em vias de despedimento, estudantes, migrantes e
reformadas, insatisfeitas com as nossas condições de vida. Hoje vimos
para a rua, na Europa e no Mundo, de forma não violenta, expressar a
nossa indignação e protesto face ao actual modelo de governação
política, económica e social. Um modelo que não nos serve, que nos
oprime e não nos representa. A actual governação assenta numa
falsa democracia em que as decisões estão restritas às salas fechadas
dos parlamentos, gabinetes ministeriais e instâncias internacionais. Um
sistema sem qualquer tipo de controlo cidadão, refém de um modelo
económico-financeiro, sem preocupações sociais ou ambientais e que
fomenta as desigualdades, a pobreza e a perda de direitos à escala
global. Democracia não é isto! Queremos uma Democracia
participativa, onde as pessoas possam intervir activa e efectivamente
nas decisões. Uma Democracia em que o exercício dos cargos públicos seja
baseado na integridade e defesa do interesse e bem-estar comuns.
Queremos uma Democracia onde os mais ricos não sejam protegidos por
regimes de excepção. Queremos um sistema fiscal progressivo e
transparente, onde a riqueza seja justamente distribuída e a segurança
social não seja descapitalizada; onde todas as pessoas contribuam de
forma justa e imparcial e os direitos e deveres dos cidadãos estejam
assegurados. Queremos uma Democracia onde quem comete abuso de
poder e crimes económicos e financeiros seja efectivamente
responsabilizado por um sistema judicial independente, menos burocrático
e sem dualidade de critérios. Uma Democracia onde políticas
estruturantes não sejam adoptadas sem esclarecimento e participação
activa das pessoas. Não tomamos a crise como inevitável. Exigimos saber
de que forma chegámos a esta recessão, a quem devemos o quê e sob que
condições. As pessoas não são descartáveis, nem podem estar
dependentes da especulação de mercados bolsistas e de interesses
financeiros que as reduzem à condição de mercadorias. O princípio
constitucional conquistado a 25 de Abril de 1974 e consagrado em todo o
mundo democrático de que a economia se deve subordinar aos interesses
gerais da sociedade é totalmente pervertido pela imposição de medidas,
como as do programa da troika, que conduzem à perda de direitos
laborais, ao desmantelamento da saúde, do ensino público e da cultura
com argumentos economicistas. Os recursos naturais como a água,
bem como os sectores estratégicos, são bens públicos não privatizáveis.
Uma Democracia abandona o seu futuro quando o trabalho, educação,
saúde, habitação, cultura e bem-estar são tidos apenas como regalias de
alguns ou privatizados sem que daí advenha qualquer benefício para as
pessoas. A qualidade de uma Democracia mede-se pela forma como trata as pessoas que a integram. Isto não tem que ser assim! Em Portugal e no Mundo, dia 15 de Outubro dizemos basta! A Democracia sai à rua. E nós saímos com ela.

[EUA] A Procuradoria da Filadélfia não poderá executar Mumia Abu-Jamal sem novo julgamento

Em 11 de outubro passado, o Supremo Tribunal Federal dos Estados Unidos disse que a Procuradoria da Filadélfia não pode executar Mumia Abu-Jamal sem realizar um novo julgamento. A Procuradoria havia apelado ao parecer de 26 de abril último em que um tribunal federal afirmou a inconstitucionalidade da pena de morte.

Longe de trazer justiça no caso, a decisão do Supremo Tribunal Federal pelo menos remove a ameaça imediata de execução que tem sido especialmente forte desde janeiro de 2010. Tal fato é uma derrota temporária para a estrutura de poder da Filadélfia, especialmente para a Ordem Fraternal da Polícia, que liderou a campanha para matar Mumia com o aval dos tribunais durante 30 anos, enfatizando os direitos da vítima Maureen Faulkner para pôr fim a seu sofrimento pelo assassinato de seu marido Daniel Faulkner em 9 de dezembro de 1981. Pouco lhes importa matar um homem inocente para reforçar o poder da polícia. Isso acabamos de ver com o assassinato estatal na Geórgia de Troy Davis, um homem inocente.

Agora, se a Procuradoria buscar uma nova sentença de morte, terá que realizar uma nova audiência diante de um novo júri que só pode determinar uma sentença de prisão perpétua ou morte. Se a Procuradoria não fizer, Mumia será automaticamente condenado à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional.

Enquanto Mumia não poderia ganhar a sua liberdade nesta audiência, ele vê como sua melhor opção neste momento para apresentar provas de sua inocência nunca ouvida por um júri. Por outro lado, a Procuradoria nunca quis realizar uma nova audiência, porque Mumia também poderia apresentar provas de todos os crimes de Estado contra ele. Isso afetaria a carreira de muitos políticos poderosos e colocaria o sistema no banco dos réus. Alguns observadores acham também que poderia abrir outras vias de recurso.

Lembremos que em 2001, o juiz federal William Yohn afirmou a culpabilidade de Mumia no assassinato do policial Daniel Faulkner, e lhe negou um novo julgamento para provar sua inocência, mas como resposta as grandes mobilizações em todo o mundo, declarou a pena de morte inconstitucional devido às instruções falhas dada ao júri pelo racista juiz Sabo. Yohn determinou que a Procuradoria da Filadélfia não poderia impor a pena de morte sem realizar uma nova audiência para determinar a sentença, e de não fazê-lo, Mumia ficaria com a sentença de prisão perpétua. A decisão de Yohn foi aprovada pelo Tribunal de Apelações do 3º Circuito em março de 2008. Em 6 de abril de 2009 o Supremo Tribunal da Nação aprovou parte da decisão de Yohn, considerando que Mumia não teria um novo julgamento para determinar a sua inocência, e uma opinião alarmante em 19 de janeiro de 2010 anulou a revogação da pena de morte ordenada por Yohn e reenviou o caso para o tribunal inferior para "rever" a sua decisão. Mas o 3º Circuito voltou a endossar o parecer de Yohn em abril de 2011 e agora em outubro de 2011, a Suprema Corte aceitou sua decisão.

Agora o perigo de execução é mais remoto enquanto o perigo de morte lenta na prisão parece ser a maior ameaça a Mumia.

E embora os tribunais digam que a liberdade não é uma opção, sabemos que eles podem sempre encontrar um mecanismo se a pressão da opinião pública é suficientemente forte.

A Amnistia Internacional pede a prisão George W. Bush


A Amnistia Internacional pediu às autoridades canadianas para
prenderem e processarem judicialmente George W. Bush, por crimes
cometidos contra o Direito Internacional. O antigo presidente dos EUA
estará no Canadá no próximo dia 20 de Outubro.
"O Canadá deve cumprir as suas obrigações internacionais e prender e
processar judicialmente o antigo presidente Bush, dada a sua
responsabilidade em crimes contra o direito internacional, incluindo
tortura", declarou Susan Lee, directora da Amnistia para a região das
Américas.
O pedido da Amnistia Internacional está expresso num memorando que
enviou às autoridades canadianas no passado dia 21 de Setembro. O
anúncio foi feito, pela organização internacional de defesa dos
direitos humanos num comunicado, esta quarta-feira.
"Como as autoridades dos Estados Unidos não levaram à justiça, até ao
momento, o ex-presidente Bush, a comunidade internacional deve
intervir. Se o Canadá se abstiver de agir durante a sua visita, isso
irá constituir uma violação da Convenção das Nações Unidas contra a
tortura e será uma manifestação de desprezo face aos direitos humanos
fundamentais", salientou a representante, na mesma nota informativa.
As acusações da Amnistia estão relacionadas com um programa secreto da
CIA, aplicado entre 2002 e 2009, que permitia o uso contra detidos,
segundo a organização, "de tortura e de outros tratamentos cruéis,
desumanos e degradantes".
Segundo a Amnistia Internacional, durante o mandato presidencial,
George W. Bush terá autorizado "técnicas reforçadas de
interrogatório", incluindo simulação de afogamento.

24 horas por dia na cela na prisão de Monsanto


24 horas por dia na cela em Monsanto Marcus Fernandes está preso na cadeia de Monsanto. Passa 24 horas por dia na cela por opção própria. Prefere assim a sujeitar-se às humilhações das revistas sistemáticas ao corpo nu, incluindo as partes íntimas, feitas de modo intolerável e amesquinhante, completadas por uma pancada na perna em que tem um joelho doente. Sempre que entra e sai da cela impõe-lhe este tratamento.A família entende ser por má vontade que não lhe é autorizado telefonar, por ter tentado sem sucesso resolver a impossibilidade de o pedido de autorização chegar à mesa do director da cadeia. Má vontade essa compatível com o tratamento abusivo de que se queixa o recluso.Em qualquer caso, manter um preso numa cela 24 horas por dia não é admissível à luz das regras internacionais mínimas em vigor. A alegação, verdadeira, de ser essa a vontade do recluso, não pode ser uma justificação para que a situação seja mantida. Por isso a ACED pede às autoridades competentes a atenção ao caso de forma a encontrar formas de ultrapassar a situação.
(comunicado da ACED)

NATO provoca desastre humanitário em Sirte

Extratos de comunicado do CCPC acerca da agressão imperialista ao povo Líbio. Denuncia que subscrevemos , tal como o silêncio face aos massacres em curso pela máquina de guerra das potências ocidentais em busca do saque que possa minorar a crise que avassala o sistema capitalista.

Parar a agressão à Líbia

"Para além dos violentos bombardeamentos aéreos e terrestres que já
provocaram inúmeras vítimas e o êxodo em massa da população em fuga dos
bombardeamentos «humanitários», que não poupam hospitais e bairros residenciais,
o brutal bloqueio à cidade está a intensificar-se provocando carências extremas
de medicamentos, alimentos e água. É a própria imprensa internacional, que
silenciou os massacres cometidos pela NATO ao longo dos últimos meses, a ser
obrigada a reconhecer que Sirte enfrenta um verdadeiro desastre
humanitário.
A guerra na Líbia, ao contrário do que foi apresentado pelas grandes
potências e os média ocidentais, não tem nada a ver com uma suposta «defesa dos
direitos humanos» ou dos «civis», como aliás provam os massacres de Sirte,
precisamente contra civis líbios, os mesmos que a NATO diz querer
«defender».
... uma guerra pelo controlo dos recursos, semelhante às perpetradas contra os
povos do Afeganistão e do Iraque. Uma guerra levada a cabo pelas grandes
potências ocidentais, as mesmas que apoiaram até ao fim os regimes de Mubarak,
no Egipto, e Ben Ali, na Tunísia, e que agora condicionam estes processos,
procurando evitar que ali se desenvolvam autênticas revoluções patrióticas; são
as mesmas que inviabilizam a criação do Estado da Palestina e que apoiam
activamente Israel a prosseguir a ocupação; são ainda as mesmas que promovem a
desestabilização interna da Síria, antiga adversária dos objectivos
imperialistas dos EUA na região.
Os massacres da NATO em Sirte ou em Tripoli, como todos os que cometeu
contra o povo líbio ao longo dos últimos meses, tornam ainda mais urgente a
exigência de uma solução pacífica e negociada para o conflito líbio, sem
interferências ou ingerências externas – nem mesmo do Secretário-geral das
Nações Unidas.
O CPPC exige o fim dos bombardeamentos e do bloqueio a Sirte e a outras
cidades líbias; a retirada imediata da NATO daquele país africano; a resolução
pacífica e negociada do conflito pelo povo líbio.
O CPPC reclama ainda do Governo português que, em consonância com a
letra e o espírito da Constituição da República (que está obrigado a cumprir) se
bata por estas exigências nas instâncias internacionais em que participam, ao
invés do seu apoio à agressão da NATO e à subversão do direito internacional,
demonstrando ser cúmplice de um autêntico genocídio e de mais um atentado contra
o direito internacional e o inalienável direito dos povos à sua
autodeterminação."


O Povo desceu à rua contra a política do capital




Ontem cerca de duas centenas de milhar de pessoas desceram à rua contra a ofensiva anti-popular do governo PSD/CDS, prostado perante os ditames do FMI. Foi assim nas duas principais cidades do país, Lisboa e Porto.

O CMA-J uniu-se a este amplo protesto, consciente que só agora estamos a iniciar um combate que inevitávelmente vai ser muito intenso pelas medidas de uma grande gravidade que estão a ser impostas todos os dias e que tem que ser postas em causa com a luta organizada de todos os trabalhadores e o povo em geral.

Preparemo-nos para os próximos protestos, que devem ser diários .

Entrevista com filha de Mumia Abu-Jamal

Esta entrevista com a artista de hip hop, de Filadélfia e filha de Mumia Abu-Jamal, Goldii, foi feita por Rogelio Velásquez e incluída no seu artigo “101 Countries Retain the Death Penalty”, publicado na revista mexicana Contralínea, a 21 de Agosto de 2011.



Contralínea : Goldii, eu quero agradecer por ter aceite dar esta entrevista à revista Contralínea, uma vez que consideramos importante publicar este tipo de casos jurídicos, afim de construir um mundo sem pena de morte. Por esta razão, nós gostaríamos de pedir-lhe que nos descreva um dia de isolamento de Mumia e também que nos fale da sua experiência ao visitá-lo na prisão.
Goldii : Acima de tudo quero agradecer-lhe por falar comigo. O meu pai vai ter orgulho neste trabalho que tem o objectivo de educar as pessoas sobre a abolição da pena de morte.
Contralínea : Pensamos que este trabalho pode ser útil não só para Mumia, mas também para todos os presos que estão nessa situação. Em primeiro lugar, quero saber se já visitou o seu pai na prisão e com que frequência o fez?
Goldii : Sim eu visitei-o na prisão. Ele está no corredor da morte, desde que eu tinha 2 anos e meio, logo, não sei dizer quantas vezes o visitei. Estou a planear visitá-lo muito em breve com as minhas duas filhas. Ele vai ver o bebé pela primeira vez, por isso estamos muito ansiosos com esta viagem.
Contralínea : Você pode descrever a prisão onde está Mumia?
Goldii : A prisão é chamada SCI verde, e é uma prisão de alta segurança. Do lado de fora tem a aparência de um campus universitário moderno ou algo assim. Mas, depois, quando se chega mais perto, vê-se o arame farpado e cercas por todos os lados. Existem vários edifícios com torres de controle para vigilância. O lugar dá-me uma espécie de arrepio. Há mau estar, e eu só quero ir para casa com o meu pai.
Contralínea : O que pensa da cela?
Goldii : Uma vez que os visitantes não podem ir para além da área de visita, não sei como é a sua cela. Mas as salas de visita são muito pequenas, e uma parede, com uma janela de plexiglass grande, separa-nos. Há furos na parte inferior, para que possamos comunicar. Mas a acústica da sala é má, porque o som bate nas paredes da sala pequena, tornando-se difícil para nós ouvirmo-nos uns aos outros.
Contralínea : As paredes são pintadas?
Goldii : As paredes são todas brancas mas, eu posso estar errada, mesmo que fossem coloridas como um arco-íris, eu provavelmente não iria notar, uma vez que a atmosfera é tão fria e hostil. A mim parece-me tudo branco.
Contralínea : Há móveis?
Goldii : Existem apenas cadeiras na sala de visitas. Ele tem um pequeno beliche com uma retrete na sua cela
Contralínea : Como é que é a revista? (Você é revista? Pode levar qualquer coisa consigo?)
Goldii : Quando nós vamos temos de mostrar o BI, mesmo as crianças precisam de um BI com fotografia. Então ficamos com uma chave para guardar todos os nossos pertences. Depois disso, passamos por um detector de metais, temos que tirar todas as jóias, cintos, até soutiens… tudo o que tiver metal. Em seguida, somos chamados individualmente para uma sala onde nos fazem uma revista, verificados por uma máquina que detecta a parafernália de droga ou resíduos da mesma na pele ou nas roupas. Eles revistaram mesmo a minha filha, e ela tinha cerca de 6 anos de idade na altura. A seguir percorreremos um outro conjunto de detectores de metais, altura em que fomos levados para um ponto de verificação, onde tivemos de acenar o nosso BI novamente para poder entrar na área do visitante. Na área de visitante ficámos sentados numa sala onde meu pai veio conhecer-nos, pelo outro lado, mas às vezes ele estava lá antes de nós.
Contralínea : A sua família e amigos visitam-no? Com que frequência?
Goldii : Sim, as visitas familiares são tão frequentes quanto nós podemos.
Contralínea : Diga-me: como se sente na viagem de sua casa para a prisão. Como se sente na estrada?
Goldii: A viagem dura cerca de 5-6 horas e é uma estrada muito desoladora cheia de terreno montanhoso. Parece que ninguém vive lá.
Contralínea : O que pensa sobre isso?
Goldii : Quando estou a caminho da prisão penso em tantas coisas, mas eu sempre penso na chegada dele a SCI verde e em tudo o que ele devia estar a pensar e em todos os sentimentos que devia ter. Eu imagino que ele devia ter medo e sentir-se impotente por não ser capaz de fugir e voltar para casa, para nós. É um caminho solitário, e eu imagino-o a sentir-se incrivelmente sozinho. Eu estou sempre feliz e animada quando o vou ver, mas o caminho põe-me triste.
Contralínea : Sente-se feliz quando o vê?
Goldii : Quando vejo o meu pai eu tenho tantos sentimentos… É claro que estou feliz, mas também estou frustrada por não o poder abraçar, e por ele não poder tocar e abraçar as minhas filhas. Eu também me sinto magoada e irritada por ele não ser tratado como um ser humano, por estar trancado e preso como um animal. É uma experiência muito dolorosa vê-lo a ser tratado dessa maneira.
Contralínea : Quanto tempo e dinheiro é que gasta quando o visita?
Goldii : Podemos visitá-lo em grupo e dividir o custo da gasolina entre todos. O caminho tem entre 5-6 horas de duração, e estamos autorizados a visitá-lo durante 5 horas.
Contralínea : Sobre o que fala com ele?
Goldii : Falamos da nossa família. Eu conto-lhe histórias engraçadas sobre as minhas filhas e as minhas sobrinhas e sobrinhos. Gosto de ouvir a sua gargalhada; é como uma fuga temporária do inferno que ele tem que viver. Também falamos sobre política, música, o que está a acontecer no hip-hop. Conto-lhe sobre os comícios que fazemos para o libertar e sobre as multidões de pessoas de todos os tipos que vêm de todo o mundo para o apoiar. Falamos de tudo.
Contralínea : De que é que ele gosta? Quero dizer, ele é optimista apesar da sua situação? É o silêncio calmo, amigável, triste, tímido, grave, etc?
Goldii : Ele é brilhante. Por outras palavras, ele é uma pessoa fantástica, e eu sou abençoado por o amar e conhecer. Ele está hirto por detrás da janela de plexiglass com uma aura positiva em torno dele. Ele é acolhedor e caloroso, palhaço e divertido, grave e introspectivo e surpreendentemente palerma (rindo de mim, isto é uma piada pessoal entre mim e os meus pais). O corredor da morte foi projectado para quebrar o ser humano, mas o seu espírito está vivo e bem. A sua mente é lúcida, ele é impressionante a ouvir … ele é muito inteligente.
Contralínea : Como é que ele era antes da prisão?
Goldii : As minhas memórias dele antes de prisão são muito poucas.
Contralínea : Além da escrita, que tipo de coisas faz Mumia?
Goldii : Ele estuda e escreve música. Ele escreveu à minha mãe a mais bela canção de amor que já ouvi. Ele também é um artista surpreendentemente bom.
Contralínea: Qual é que é a experiência mais difícil para si durante as visitas? E para a sua família?
Goldii : A parte mais difícil nas visitas ao meu pai é deixá-lo naquele lugar, sabendo que ele não pertence lá. É uma experiência de perda. Deixando-o nesse buraco do inferno.
Contralínea: O que pensa no caminho de volta?
Goldii : Pergunto-me sempre o que ele está a fazer e o que lhe acontece quando o deixamos. Penso sobre a nossa conversa e imagino-o a sorrir.
Contralínea : Como é a vida da família afectada quando um membro seu é condenado à morte?
Goldii : Tem sido devastador para a minha família. Sem ser demasiado pormenorizado, digamos apenas que eu poderia escrever um livro sobre isso.
Contralínea : Confia no sistema judicial americano depois de 29 anos de prisão do seu pai?
Goldii : Eu gostaria de pensar que o sistema judicial é justo, mas a história tem-me mostrado o contrário. Não, eu não confio no sistema judicial.
Contralínea : Acha que o caso do seu pai é um caso racista? Porquê?
Goldii : Sim, eu sei que a sua condenação se baseou na etnia. O juiz que o sentenciou foi um racista e ouviram-no chamar-lhe Nigger. Além disso, as mulheres e homens negros e latinos são colocados na prisão, e especialmente no corredor da morte, em números largamente desproporcionados em comparação com seus homólogos brancos que são condenados por crimes semelhantes. Ele foi marcado como um perigo para a sociedade, um homem negro nos media com o potencial para despertar as mentes da Comunidade, o potencial para agitar a rebelião contra o opressor… Nos Estados Unidos, isso é um problema com o qual a sociedade tem que lidar.
Contralínea : Acha que o racismo continua a existir nos EUA?
Goldii : Sim, absolutamente. Apesar do Presidente dos Estados Unidos ser um homem negro, o racismo continua a existir na América, e seria tolice acreditar que não.
Contralínea : Por que acha que a pena de morte continua a ser uma punição na América?
Goldii :Política, talvez??? Os tribunais são como vampiros sedentos de sangue….
Contralínea : O actual presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu uma mudança política histórica. Por que é que apesar disso o seu pai está ainda na prisão?
Goldii : O meu pai é ainda considerado uma pessoa perigosa… eles têm medo do seu intelecto, há provas contundentes que chegam para o ilibar da sua condenação. Ele é um homem inocente, como é sabido, mas sendo muito preto, muito inteligente e também forte… são tudo componentes ameaçadoras, maiores que as características presentes em qualquer assassino enlouquecido da sociedade. O governo vai silenciar qualquer pessoa que possua o poder para abrir as mentes das "pessoas".
Contralínea : Você acha que se Mumia fosse libertado, isso significava Justiça?
Goldii : Atrasada… mas Justiça, sim.
Contralínea : Seria possível compensar o tempo que passou na prisão?
Goldii : É impossível substituir o tempo. Não é possível voltar e ter novamente 3 anos de idade, não posso ir para trás e voltar à 4ª classe novamente, para que ele possa lá estar. Houve acontecimentos na vida que ele perdeu, que nunca, por nunca, podem ser substituídos. Isso é terrivelmente triste.
Contralínea : Por favor, explique as últimas informações legais sobre o caso.
Goldii : Os tribunais concordaram com a equipa de defesa que há questões discutíveis na fase de condenação do julgamento. Isso significa que eles estão a caminhar para a revisão e tomar uma nova decisão se o meu pai se vai manter no corredor da morte, ou cumprir uma sentença para toda a vida. A questão da culpa/inocência não é uma questão corrente nos tribunais. A sua condenação foi dogmatizada. A condenação tem de ser colocada sobre a mesa, porque ele é um homem inocente.
Contralínea : Esteja à vontade para acrescentar o que quiser.
Goldii : Obrigada. Nós vamos manter-vos informados sobre o caso.
Contralínea : Saudações de cidade do México.

Contra o Terrorismo Social

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