As suspeitas, agora confirmadas, foram levantadas há seis meses por uma jornalista, Gal Gabbay, que entrevistou 35 mulheres vindas da Etiópia, numa reportagem televisiva.
De acordo com o jornal "The Independent", que cita uma reportagem publicada no passado sábado pelo "Haaretz" (diário israelita), a droga em questão é o Depo-Provera, contracetivo hormonal de longa-duração considerado muito eficaz, o qual é injetado a cada três meses.
Ministério da Saúde manda suspender a prática
O diretor-geral da Saúde israelita, Ron Gamzu, já ordenou aos ginecologistas que deixassem de aplicar essas drogas contracetivas a mulheres falashas, judias que viviam na Etiópia e foram levadas para Israel no âmbito da Operação Dove's Wings (Asas de Pomba).
Numa carta enviada pelo ministério da saúde aos centros de saúde que administram as drogas, a que o jornal israelita teve acesso, Gamzu orientava os médicos a "não renovar as prescrições de Depo-Provera para mulheres de origem etíope se, por alguma razão, houver indícios de que elas não compreendem as consequências do tratamento".
A decisão foi tomada na sequência de um pedido da advogada Sharona Eliahu-Chai, da Associação de Direitos Civis de Israel, em nome das mulheres e dos grupos de imigrantes etíopes. Essa ONG defendeu a abertura de uma investigação sobre a administração de drogas contracetivas sem o conhecimento prévio, por parte das mulheres em questão, dos seus efeitos.
De acordo com Eliahu-Chai, o caso "é extremamente preocupante e levanta questões sobre o perigo de políticas de saúde com implicações racistas e que violam a ética médica".
O Governo de Israel está a ser acusado de "esterilização forçada" e poderá vir a responder por violação de convenções da ONU .
Taxas de natalidade dos judeus etíopes caíram drasticamente
Segundo o "Haaretz", a jornalista de investigação Gal Gabbay entrevistou 35 mulheres vindas da Etiópia, numa reportagem para a televisão, para descobrir por que as taxas de natalidade dessa comunidade de imigrantes caíram tão drasticamente.
Gabbay disse que pelo menos 40% das judias etíopes receberam Depo-Provera.
De acordo com a reportagem, algumas mulheres foram forçadas ou coagidas a receber as injeções em campos de refugiados para imigrantes etíopes.
"Diziam-nos (a equipa médica) que eram vacinas. Nós fazíamos essa medicação a cada três meses, apesar da nossa oposição", afirmou uma das entrevistadas.
Desde a década de 80, quase 100 mil etíopes mudaram-se para Israel ao abrigo da Lei do Retorno, depois de terem sido reconhecidos como judeus. O seu judaísmo, porém, tem sido questionado por alguns rabinos.
Recorde-se que em 2012 - ano em que o Governo israelita começou a Operação Dove's Wings, destinada a levar para Israel os últimos 2200 falashas que ainda vivem na Etiópia - , o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu afirmou que a entrada de imigrantes ilegais procedentes de país africanos "muda a configuração da população e rouba postos de trabalho aos israelitas", pelo que, considera, "ameaça alterar o carácter judaico e democrático do Estado".
"Temos de travar as imigrações ilegais para proteger o nosso futuro", concluiu Netanyahu durante uma conferência na cidade de Eilat, no sul de Israel, depois de visitar a cerca que o Exército israelita está a levantar na fronteira com o Egito.
A cerca de arame farpado que está a ser levantada entre Israel e o Egito, para evitar a entrada de imigrantes e mercadorias ilegais procedentes de África, terá 5 metros de altura e 230 quilómetros de extensão, devendo ficar concluída dentro de dois meses."
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