CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Hoje - Contra a indeferença, Ação de Protesto contra o genocídio no Mediterrâneo

 
 
"Sábado, 18 de Abril, morreram mais de 700 imigrantes; 400 outros já havia sido engolidos pelas águas do Mediterrâneo, no domingo, dia 12. Numa semana, mais de 1000 vítimas que se somam aos cerca de mil mortos só no primeiro trimestre deste ano de 2015. Estas mortes somam-se às mais de 3500 do ano passado.
Até quando este rosário de vidas humanas sacrificadas pelas políticas migratórias europeias e pelo fecho das fronteiras da União?
Estes trágicos dramas são o resultado prático orquestrado pela Europa que nega o acesso ao seu território às pessoas que procuram asilo e refúgio, fugindo às guerras da Síria, Eritreia, Líbia, Sudão, Afeganistão, Paquistão..., Iraque, etc.
A União Europeia e a sua política de gestão das fronteiras ignoram e violam o direito de asilo, as liberdades e garantias, nomeadamente, a liberdade de circulação e de instalação.
Esta política assenta numa restrição do acesso regular aos mecanismos formais de circulação, nomeadamente ao visto.
A União Europeia empenha-se em construir muros, arames farpados, comprar navios e dispositivos militares, investindo centenas de milhões de euros em sistemas de repressão contra migrantes desarmados, com a sinistra ilusão de que vai construir uma barreira intransponível contra os migrantes e os refugiados. Ou seja, contra quem arrisca a vida em busca de melhores condições de vida!
O resultado desta política criminosa está à vista: dezenas de milhares de mortos ao longo das últimas décadas, aqui às portas da Europa, sem contar aqueles que morrem nos centros de detenção, nas rotas terrestres e nos desertos através da externalização das suas fronteiras.
E na tentativa de sacudir responsabilidades, sempre que ocorre uma tragédia como a de sábado, a União Europeia aparece invariavelmente a culpar da situação as máfias e os traficantes sem escrúpulos.
A pergunta que importa colocar é: porque e como surgiram as máfias e os traficantes? Se houvesse vias regulares, seguras e dignas de entrada na Europa, escolheriam os imigrantes arriscar as suas vidas recorrendo a estas redes ?
Esta situação não pode continuar. O Mediterrâneo transformou-se na maior vala comum do planeta. A implementação do programa “Triton” em substituição do “Maré Nostrum” foi um acto de guerra contra os imigrantes. O programa “Triton” dispõe de menos meios e está claramente vocacionado para uma vigilância passiva a montante e, obviamente, é cúmplice dos mafiosos por omissão e desresponsabilização.
E sem a imediata disponibilização de todos os meios necessários para socorrer e resgatar quem está em perigo, continuarão as mortes.
Mas sobretudo sem uma ruptura definitiva com esta politica, os navios da morte continuarão a galgar a vala comum em que se transformou o Mediterrâneo.

Assim vamos manifestar-nos para:
- exigir o fim do Frontex e de todos os mecanismos de repressão contra os migrantes;
- exigir uma mudança radical nas politicas de concessão de visto nos países de origem;
- exigir a revogação do Regulamento de Dublim III contrário ao espírito de solidariedade e do direito de asilo;
- exigir uma mudança radical das politicas da Europa fortaleza de fecho de fronteiras, confinamento e criminalização dos migrantes e refugiados;
- exigir a liberdade de circulação das pessoas, porque enquanto assim não for, as mortes continuarão e serão da responsabilidades das politicas que impedem a sua concretização."
 
 

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