(Público)
A sentença relativa ao caso dos dois activistas do movimento
Democracia Verdadeira Já foi hoje marcada para segunda-feira, após uma
audiência de julgamento em que uma magistrada relatou, como
testemunha, ter sido agredida no local por um dos polícias.
Face aos depoimentos prestados na sessão de julgamento na Pequena
Instância Criminal de Lisboa foi pedida a absolvição dos dois
activistas, que tiveram como testemunha de defesa uma magistrada do
Ministério Público, cujo depoimento foi comprometedor para a actuação
da polícia durante o acampamento no Rossio.
Após os agentes da PSP, João Paulo Henriques e Edgar Salta, relatarem
em tribunal a sua versão dos factos e justificado as detenções dos
activistas com a agressão com um telemóvel por parte de um deles
(Ricardo Salta) e injúrias supostamente proferidas por Tiago
Castelhano, a testemunha e magistrada do Ministério Público, Sónia
Maria Pinhão, 'arrasou' a actuação da polícia.
O facto de um dos polícias e um dos activistas terem o mesmo apelido
(Salta) mereceu um reparo irónico do procurador, mas ficou esclarecido
em tribunal que se trata de mera coincidência.
Sónia Maria, 39 anos, magistrada na Pequena Instância Cível, contou
que no dia 4 de Junho estava num café do Rossio com uma amiga quando
um amigo lhe disse que estava a haver uma carga policial na zona.
Sendo magistrada, entendeu que podia ajudar a resolver eventuais
alterações da ordem pública, tendo-se identificado perante os polícias
que, entretanto, moveram uma perseguição em pleno Rossio a um dos
activistas, atirando-o bruscamente ao chão.
"Pareceu-me uma intervenção violenta que não justificava uma actuação
com aquela gravidade e força", disse a magistrada, revelando que ao
tentar intervir um dos agentes a agrediu, agarrando-a pelo pescoço.
A magistrada contraditou os polícias dizendo não ter visto qualquer
agressão a polícias, nem ter ouvido insultos à autoridade, garantindo
que o jovem Tiago Castelhano "não ofereceu resistência".
Sónia Maria frisou que alguns dos polícias "portaram-se bem e com
lucidez", mas que outros pareciam estar "cegos e surdos", relatando
que após se ter identificado e pedido para falar com o oficial de
serviço um dos polícias "a agarrou pelo pescoço".
Este depoimento da magistrada como testemunha de defesa perante a
juíza e o seu colega de acusação foi o momento mais marcante da sessão
de julgamento, em que um dos polícias ouvidos apareceu com uma
't-shirt' branca onde se lia em letras negras "I'm the Law" [Eu Sou a
Lei].
Este julgamento sumário esteve previsto para o passado dia 6, mas foi
adiado para hoje.
A 4 de Junho, a PSP realizou uma intervenção no Rossio, onde há duas
semanas estavam mobilizados vários activistas, em protesto contra a
qualidade da democracia, as condições de vida e a precariedade e
pedindo novas políticas e mais reflexão aos portugueses.
A polícia recolheu tendas, cartazes e outros materiais e deteve três
pessoas, duas das quais foram constituídas arguidas. Os detidos foram
mais tarde libertados.
O movimento repudiou a operação, que classificou de "violenta,
desproporcional e despropositada".
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