CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Notícias breves sobre a Palestina

 
Israel vê-se obrigado a pagar para tentar melhorar a sua imagem
O diário Haaretz recorda que a situação de Israel é muito má e que as imagens que percorreram o mundo, tais como a fotografia de um soldado israelita mostrando a cabeça de uma criança no visor da sua arma ou a de uma criança de 5 anos detida por militares em Hebron, fizeram estragos difíceis de reparar.
Netanyahu anunciou portanto que irá supervisionar ele-próprio um programa destinado a “promover a imagem de Israel na internet”. “Os estudantes serão organizados em unidades em cada uma das sete universidades do país e um orçamento de 778.000 dólares (582.000 euros) será disponibilizado para financiar esse projecto”, diz o Haaretz.
“A maioria das mensagens terá a ver com as questões de políticas e de segurança, a luta contra os apelos ao boicote de Israel, assim como a luta contra o questionamento da legitimidade do Estado judaico”, acrescenta a mesma fonte.
Mesmo em Israel, o anúncio suscita polémica. Alon Liel, por exemplo, antigo membro do ministério dos Negócios Estrangeiros, qualificou o plano de “totalmente repugnante”. “Os estudantes deveriam ser educados a pensar livremente. Quando se lhes compra os seus espíritos, eles tornam-se marionetas do governo israelita. Pode dar-se bolsas para um trabalho social ou para o ensino, mas não se pode fazer propaganda governamental sobre questões políticas controversas”.
Traduzido de CAPJPO-EuroPalestine
  
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Na Cisjordânia, a penúria de água obriga os palestinianos a alugar as terras dos colonos
Um artigo de Amira Hass
Colonos no Vale do Jordão alugam uma parte das suas terras aos palestinianos da região, mas dos dois lados prefere-se guardar o caso secreto. Segundo fontes israelitas oficiais, as autoridades não estarão ao corrente e trata-se de casos isolados. Os palestinianos vêem-se obrigados a alugar a terra dos colonos visto a penúria de terra e de água provocada pela política israelita no Vale do Jordão e por causa das restrições relativas à comercialização dos seus produtos. Esta transacção vai ao encontro das regras emitidas pelo Conselho Regional do Vale do Jordão e o Departamento dos Colonatos da Organização Sionista Mundial que na prática detém a maioria das terras agrícolas do Estado no Vale do Jordão. Os regulamentos emitidos por esse Conselho proíbem o aluguer da terra a outros cidadãos. Mas essa terra agrícola é a terra que Israel confiscou por vários meios aos palestinianos e em seguida atribuiu a colonos no Vale do Jordão.

O jornal Haaretz interrogou em diferentes lugares do Vale do Jordão uma dezena de palestinianos que alugam a terra de vários colonatos. Alguns deles começaram por esconder que alugavam e diziam que eram empregados dos israelitas que possuíam a terra. Muitos deles disseram que essa prática existia desde os anos 90, quando Israel instituiu as licenças para viajar, que limitaram as suas deslocações. Essa política estendeu-se nos anos 2000 com o fecho do mercado de trabalho israelita para a maioria dos residentes da Cisjordânia.
O tamanho das terras alugadas aos palestinianos oscila entre alguns dunams e centenas de dunams. Alguns dos arrendatários são cidadãos israelitas, judeus e árabes, que empregam trabalhadores palestinianos do Vale do Jordão. Em alguns casos, sobretudo quando o terreno alugado não é grande, a transacção faz-se sem a assinatura de qualquer documento. Dror Etkes, que investiga sobre a política israelita de expropriação da terra na Cisjordânia, está a terminar um projecto de cartografia e de descrição da agricultura israelita na Cisjordânia. Diz ter recenseado cerca de 6000 dunams (aproximadamente 600 ha) alugados por israelitas aos palestinianos, ou a representantes seus, no Vale do Jordão. Etkes estima que existam muitos mais. A « administração civil », ou seja, o exército israelita nos territórios ocupados, disse que não estava a par deste assunto. [...]
Em alguns casos, os arrendatários são residentes numa comunidade longe da terra agrícola e dormem nos campos durante a semana. Em muitos casos, a terra alugada está afastada dos colonatos, o que facilita o seu arrendamento, do ponto de vista dos colonos, refere Etkes. Todos os arrendatários disseram que os seus produtos estavam rotulados como “israelita” e que eles não precisavam de os transportar para Israel através de passagens fronteiriços longínquos, como são obrigados a fazer com os produtos “palestinianos”. [...]
O pagamento da água é separado e os palestinianos pagam aos israelitas cerca de 3 shekels por metro cúbico de água. Esse preço garante um lucro para o proprietário, uma vez que ele paga menos por essa água que é suposto ele utilizar. [...] Há anos que Israel controla cerca de 77% da terra no Vale do Jordão, ou seja, 125.000 ha sobre 160.000 ha. São as reservas de terra naturais das comunidades palestinianas, tanto para a pastorícia como para a agricultura. Rico em água, o Vale do Jordão é particularmente rico em nascentes. A Autoridade Palestiniana vê essa região como o futuro celeiro do Estado palestiniano, uma região onde poderão estabelecer-se e desenvolver-se, seguindo o exemplo da Jordânia. Mas, sob os acordos de Oslo, Israel continua a controlar os recursos de água da Cisjordânia: define as quotas de água para os palestinianos utilizando o seu veto contra qualquer nova construção de poço pelos palestinianos e recusando aprovar a reconstrução dos poços que foram destruídos. Uma grande parte da perfuração feita por Israel na Cisjordânia, cerca de 69%, encontra-se no Vale do Jordão. A água desses poços é utilizada pelos colonatos no Vale do Jordão, excepto para algumas aldeias palestinianas no norte e centro do Vale, onde os poços secaram devido à perfuração israelita e que agora obtêm uma quota da Companhia Nacional das Águas Mekorot, um quota que diminui ano após ano.
 
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 Qalandia : três mortos e vinte feridos pelo exército israelita

Uma unidade de infiltração israelita (soldados à civil fazendo-se passar por palestinianos) assassinou esta segunda-feira três palestinianos no campo de refugiados de Qalandia, em Ramallah, na Palestina ocupada e feriu pelo menos 20 outros, alguns dos quais gravemente, refere a agência de notícias Ma’an News. Robin al-Abed, 32 anos, foi assassinado com uma bala no peito e morreu imediatamente, dizem os médicos. Younis Jihad Abu al-Sheikh Jahjouh, 22 anos, também foi abatido. Jihad Asslan, 20 anos, morreu dos seus ferimentos no hospital de Ramallah. Os três jovens foram assassinados quando as forças de ocupação abriram fogo sobre a multidão, durante um confronto com os residentes do campo, confronto desencadeado no seguimento de um raid de detenções por parte do exército. Pelo menos 15 palestinianos ficaram feridos por balas reais, seis deles estão em estado crítico. A maioria dos feridos foram alvejados e atingidos na cabeça, no peito ou na parte de cima do corpo, segundo declarações dos médicos.
Testemunhas declararam à Ma’na que forças de ocupação israelitas, vestidas à civil, investiram o campo pelas 5 horas da manhã e detiveram o antigo prisioneiro recentemente libertado, Yousef al-Khatib, que passou 10 anos numa prisão israelita. Dezenas de residentes do campo de refugiados rodearam rapidamente as forças israelitas, que abriram fogo. Uma outra patrulha israelita penetrou então no campo.
Adaptação de CAPJPO-EuroPalestine
 
É interessante vermos a “imparcialidade” como esta mesma notícia é relatada num jornal português de referência, o Público (de dia 26):
“Segundo fontes israelitas, uma equipa das forças de segurança de Israel deslocou-se até ao campo de refugiados palestiniano para deter um ‘operacional terrorista’. Foram recebidos por um grande grupo de palestinianos que lhes atiraram pedras e cocktails Molotov. Segundo estas fontes, foram utilizados ‘meios de dispersão de multidões’.

O porta-voz do Exército de Israel, Peter Lerner, explicou que os polícias foram atacados por uma multidão violenta, ‘em maior número que as forças de segurança, o que não deixa alternativa que não seja recorrer a disparos reais em auto-defesa’. Uma porta-voz da polícia disse que três agentes foram feridos por pedras.
Médicos palestinianos disseram que os três mortos tinham sido atingidos por balas, dois no peito, o terceiro na cabeça. Dois estariam a protestar, mas o outro estaria apenas de passagem. Fontes palestinianos disseram que havia ainda 19 feridos.
Esta operação ocorreu pouco menos de uma semana depois de um palestiniano ter sido morto no campo de refugiados de Jenin, no Norte da Cisjordânia, onde uma operação semelhante foi também recebida com protestos violentos.
A violência levou uma fonte anónima palestiniana a dizer à agência AFP que a ronda de conversações entre israelitas e palestinianos, marcada para hoje na cidade de Jericó, na Cisjordânia, estava suspensa. Mas informações posteriores davam conta de que teria, afinal, decorrido como programado. Israelitas e palestinianos começaram negociações por insistência do secretário de Estado norte-americano John Kerry. Israel libertou 26 prisioneiros, mas ao mesmo tempo anunciou dezenas e dezenas de novas casas nos colonatos em território que os palestinianos querem para seu território. As rondas negociais têm sido mantidas sem que seja divulgada muita informação sobre o que está a ser discutido.”
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2 FILMES A VER

The Pain Inside (48 minutos)
O serviço militar obrigatório e a política de ocupação tem criado uma geração de jovens profundamente afectados psicologicamente, frustrados, alienados e desumanizados. Milhares deles têm emigrado para a Europa, numa crise de identidade ou de repúdio pela política israelita; outros milhares partem viajar quando terminam o serviço militar.
 
Occupation 101- Palestine VS Israel (128 minutos)
Um vídeo excelente e imparcial, com vários depoimentos, que dá uma perspetiva muito boa da História da Palestina e da invasão / ocupação e apartheid sionistas até aos nossos dias.

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