A Associação Solidariedade França-Palestina apela à mobilização de solidariedade com a equipa do barco Marianne que tentará uma vez mais romper com o bloqueio a Gaza. Marianne atracará hoje no porto do Château, em Brest. Tendo começado a viagem na Suécia e após uma passagem pelo mar Báltico, com alguns problemas técnicos que resultaram num atraso de vários dias, Marianne vai fazer uma escala neste porto. A AFPS apela assim a um acolhimento solidário hoje por volta das 18h. Este barco juntar-se-á a outros no Mediterrâneo, para então rumarem até Gaza. O bloqueio imposto a Gaza é ilegal, pelo que deve parar imediatamente e sem condições prévias. A liberdade de movimento, recusado aos Palestinianos, é um direito inalienável.
10 anos depois, tribunais franceses exoneram ultrajantemente a polícia da morte de dois adolescentes
"Quando em 2005 dois adolescentes que fugiam da polícia foram electrocutados numa subestação de energia eléctrica, os jovens dos subúrbios urbanos (banlieues) da classe operária pobre e esmagadoramente de origem imigrante, que rodeiam Paris e outras cidades francesas, explodiram. Agora, após quase uma década de manobras legais, a 18 de Maio um tribunal ilibou definitivamente os dois agentes da polícia acusados de não terem agido para impedir as mortes deles, apesar das incontestadas provas de que a polícia sabia que eles estavam em perigo de morte e que os poderia ter salvado.
Três jovens estavam a regressar a casa depois de um jogo de futebol numa tarde de feriado. Eles estavam perto de um bairro social da cidade de Clichy-sous-Bois, perto de Paris, quando foram abordados por uma carrinha da polícia. Uma investigação posterior revelou que eles não tinham cometido nenhum crime, mas a polícia mesmo assim perseguiu-os. Eles tentaram fugir, escondendo-se no abrigo de um transformador eléctrico. Dois deles, Bouna Traoré, de 15 anos, e Zyed Benna, de 17, foram mortos por uma descarga de dezenas de milhares de volts. O amigo deles, Muhittin Altun, de 17 anos, ficou gravemente queimado.
Para muitas pessoas, as mortes de Bouna e Zyed foram duas ultrajantes mortes a mais e um concentrado da opressão e miséria que diariamente enfrentam. Uma irada efusão, sobretudo de jovens dos banlieues, seguiu-se às electrocussões. A polícia desceu aos subúrbios noite após noite, com prisões, gás lacrimogéneo e espancamentos. Apesar disso, os jovens dessas áreas continuaram a resistir. O estado francês declarou o estado de emergência a nível nacional pela primeira vez desde o fim da guerra na Argélia em 1962. As manifestações foram proibidas e, com apenas algumas excepções, as organizações políticas e figuras públicas mantiveram-se passivas.
O estado esperou dois anos antes de anunciar que iria investigar os polícias mais directamente responsáveis pelas mortes de Bouna e Zyed. Foi repetido às pessoas o familiar refrão de que deveriam pôr a sua fé no sistema judicial. Ainda que nunca ninguém tenha sido acusado de assassinato ou homicídio involuntário, os dois agentes acabaram por ser acusados de “ausência de ajuda a pessoa em perigo”.
A investigação revelou que a polícia tinha razões para saber que os três adolescentes estavam perto da subestação de energia da EDF e que aí poderiam ter entrado. Numa conversa gravada via rádio com o expedidor deles, um dos agentes que os tinha perseguido disse: “Se eles entraram no posto da EDF, não lhes dou muitas hipóteses” (The Guardian, 18 de Maio de 2015). Apesar disso, ele não tentou encontrá-los e avisá-los, nem fazer nada para os ajudar. O expedidor não telefonou à companhia eléctrica para mandar desligar a corrente. Eles nem sequer chamaram os serviços de emergência médica. Pensa-se que Bouana e Zyed podem ter morrido meia hora depois de a polícia ter abandonado a zona.
Durante dez anos, o sistema judicial protelou ou encontrou uma forma de justificar os polícias. Quando finalmente eles foram levados a julgamento, o procurador, que pediu que fossem abandonadas as acusações contra eles, alegou que se os polícias tivessem sabido do perigo certamente teriam agido para proteger os jovens. O painel de juízes aceitou esta lógica, apesar da prova da conversa gravada entre os dois polícias implicados, e decidiu que os acusados não tinham nenhuma razão para terem “a certeza do perigo iminente que os jovens enfrentavam” (Le Monde, 18 de Maio de 2015). Como salientaram dois observadores judiciais, esta decisão não se baseou em factos nem na lei mas foi explicitamente política. As acusações criminais e o processo civil iniciado pelas famílias das vítimas foram anulados. Não é possível recorrer da decisão.
Este veredicto incentivou os reaccionários em França a redobrar os seus ataques aos jovens dos banlieues. Zyed e Bouana estão a ser considerados “desordeiros” e acusados de serem responsáveis pelos carros incendiados após a morte deles. Às famílias das vítimas, que dez anos depois ainda continuam pesarosas devido à perda deles, tem-lhes sido dito que são responsáveis por não terem educado os seus filhos com suficiente respeito pela polícia e pelas leis da república. O veredicto está a ser usado para martelar a mensagem de que não houve justificação para a revolta de 2005.
Pelo contrário, os polícias estão a ser descritos como vítimas porque tiveram de ir a julgamento com acusações menores. Ao mesmo tempo que a abertamente racista Frente Nacional (FN) tem elogiado a decisão judicial, dizendo que “finalmente foi feita justiça em França”, a Ministra da Justiça do Partido Socialista (PS), no governo, Christiane Taubira, uma mulher negra que já foi alvo de ultrajantes insultos racistas, tomou apenas uma posição ligeiramente mais matizada, apelando a todos a “respeitarem as decisões do sistema judicial”. Entretanto, muitas pessoas estão a dizer que o veredicto mostrou a fundamental injustiça do “sistema judicial” e da própria França.
Depois de o veredicto ter sido lido, houve uma grande e indignada concentração frente ao palácio de justiça da região onde Clichy está situada, e houve escaramuças com a polícia. A angústia e a fúria em relação ao sistema judicial francês expressa pelas famílias e amigos dos jovens estão a ser partilhadas por milhares de pessoas nas redes sociais, fazendo de “#ZyedEtBouana” o hashtag mais seguido no Twitter em França.
Várias pessoas denunciaram o que chamaram de “violência” da decisão dos juízes. Uma pessoa escreveu que com o seu veredicto o “sistema judicial” tinha agido como a polícia e que, de certa forma, tinha condenado Zyed e Bouana à morte a posteriori, não devido a qualquer coisa que tenham feito mas devido a quem eram, à sua origem imigrante e ao código postal dos banlieues que equivale a uma pena de prisão perpétua para milhões de jovens. Outras pessoas escreveram sobre o assunto no Twitter, dizendo que, para a polícia, o “perigo iminente” são os próprios jovens dos banlieues, e um transformador eléctrico é tão bom como qualquer outra arma para os matar.
Enquanto a oposição da “extrema-esquerda” oficial (a Frente de Esquerda liderada por Jean-Luc Melenchon, que usou o massacre da equipa do Charlie Hebdo por fundamentalistas islâmicos em Janeiro passado como ocasião para literalmente dar um aperto de mão à polícia militarizada habitualmente usada contra os manifestantes) está a tentar rivalizar com a extrema-direita na defesa da polícia face à indignação que se seguiu ao veredicto (ver o comunicado deles no Twitter), muitos jovens, de origem imigrante e de todas as nacionalidades, e outras pessoas, estão a considerar a hostilização, os abusos e os assassinatos levados a cabo contra os jovens dos banlieues como uma linha de demarcação. Ao mesmo tempo, apesar de a religião ter desempenhado um papel muito pequeno na revolta de 2005, os reaccionários de grande parte do espectro político estão a tentar ligar esta fúria contra a polícia ao fundamentalismo islâmico, o que só alimenta mais esta corrente.
As condições nos subúrbios de França que alimentaram a revolta de 2005 depois de Zyed e Bouana terem sido electrocutados, e as constantes dificuldades das autoridades em varrerem as mortes deles para baixo do tapete, continuam a ser uma fonte potencialmente explosiva."
19 de Maio de 2015. Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar
In Site RTP
"Movimento de boicote a Israel pede cancelamento de espetáculo de António Zambujo
O concerto em questão não aparece na página oficial nem nas redes sociais do artista português, mas o movimento “BDS Portugal” opõe-se à sua presença em Israel, no próximo mês de junho. Contactada pela RTP, a agência que representa o cantor não confirmou nem desmentiu até agora a atuação de Zambujo.
Surge nas páginas e redes sociais portuguesas de boicote e solidariedade para com a Palestina, mas é aparentemente uma atuação fantasma, ausente da agenda disponibilizada pelo cantor no seu sítio online.
A aparente pressão sobre o cantor alentejano para boicotar o país acusado da prática do apartheid subiu de tom quando uma artista de origem valenciana, Marinah, anunciou a 17 de maio que não atuaria em Israel, de forma a solidarizar-se com o movimento ativista de expressão mundial.
Na nota que dá conta do cancelamento da artista surge referenciado o nome de outros artistas de renome, entre eles o de António Zambujo. O texto que circulou nas páginas de apoio à Palestina refere ainda que o concerto de dia 11 de junho decorreria no âmbito do "Idan Raichel Project", promovido por um cantor israelita fortemente contestado pelos apoiantes da Palestina.
Contactada pela RTP, a agente responsável pela promoção e organização da agenda de António Zambujo não esclareceu a existência ou não do concerto, mas argumenta que muitos dos concertos “particulares” do artista não são mencionados nos meios de comunicação oficiais, independentemente do país ou região em que se realizem.
Numa carta do movimento BDS endereçada ao artista, pode ler-se o pedido para que "não associe a sua arte criativa à colonização, opressão e limpeza étnica e que junte a sua voz à dos numerosos artistas que já recusaram ou cancelaram actuações patrocinadas pelo Estado de Israel".
O protesto que pressiona António Zambujo não é um caso isolado de um artista alvo de pressões por parte do movimento global de “Boicote Académico e Cultural a Israel”. Para além da catalã Marinah que acabou por cancelar o concerto, há também uma petição que pede a Caetano Veloso e Gilberto Gil que cancelem um concerto conjunto em Tel Aviv, marcado para dia 28 de julho. "
A aparente pressão sobre o cantor alentejano para boicotar o país acusado da prática do apartheid subiu de tom quando uma artista de origem valenciana, Marinah, anunciou a 17 de maio que não atuaria em Israel, de forma a solidarizar-se com o movimento ativista de expressão mundial.
Na nota que dá conta do cancelamento da artista surge referenciado o nome de outros artistas de renome, entre eles o de António Zambujo. O texto que circulou nas páginas de apoio à Palestina refere ainda que o concerto de dia 11 de junho decorreria no âmbito do "Idan Raichel Project", promovido por um cantor israelita fortemente contestado pelos apoiantes da Palestina.
Contactada pela RTP, a agente responsável pela promoção e organização da agenda de António Zambujo não esclareceu a existência ou não do concerto, mas argumenta que muitos dos concertos “particulares” do artista não são mencionados nos meios de comunicação oficiais, independentemente do país ou região em que se realizem.
Numa carta do movimento BDS endereçada ao artista, pode ler-se o pedido para que "não associe a sua arte criativa à colonização, opressão e limpeza étnica e que junte a sua voz à dos numerosos artistas que já recusaram ou cancelaram actuações patrocinadas pelo Estado de Israel".
O protesto que pressiona António Zambujo não é um caso isolado de um artista alvo de pressões por parte do movimento global de “Boicote Académico e Cultural a Israel”. Para além da catalã Marinah que acabou por cancelar o concerto, há também uma petição que pede a Caetano Veloso e Gilberto Gil que cancelem um concerto conjunto em Tel Aviv, marcado para dia 28 de julho. "
Divulgamos neste espaço uma reflexão do Observatório do Controlo e da Repressão sobre os episódios ocorridos no passado dia 17 de Maio .
"O dia 17 de maio foi marcado por acontecimentos relacionados com a 33ª jornada da Liga Portuguesa de Futebol, nomeadamente diversos atos de violência policial contra adeptos, em Guimarães e em Lisboa. Os órgãos de comunicação social têm vindo a noticiar confrontos e detenções, servindo-se do amplo material audiovisual disponível e suscitando um debate alargado sobre a actuação da polícia. O Observatório do Controlo e da Repressão deseja contribuir para esse debate e chamar a atenção para alguns aspetos relevantes suscitados pelo que se passou durante o final da tarde de domingo e a madrugada de segunda-feira. Sem prejuízo de outras situações verificadas nesse período, debruçamo-nos especificamente sobre o que aconteceu nas imediações do Estádio D. Afonso Henriques (Guimarães), do Estádio Alvalade XXI e na Praça do Marquês de Pombal (Lisboa).
Em Guimarães a polícia começou por carregar nas imediações do estádio ainda antes do início do jogo, alegadamente porque um grupo de adeptos do Benfica se envolveu em confrontos com adeptos do Vitória de Guimarães. A visualização deste vídeo da SIC notícias (minuto 4:11) torna contudo evidente que diversas pessoas foram agredidas enquanto observavam de longe o que se passava e sem que seja possível identificar qualquer tipo de atitude agressiva da sua parte. O Corpo de Intervenção ataca-as literalmente pelas costas, distribui bastonadas e pontapés a eito, numa situação em que não existe sequer uma concentração particularmente numerosa de pessoas a bloquear o seu percurso. Eram 17h42 e agentes da PSP já tinha cometido diversas ilegalidades em pleno direto televisivo. O que se passou após o jogo tem sido alvo de particular atenção, pela violência e evidente abuso de autoridade captadas pelas câmaras da CMTV, que filmaram um adepto do Benfica a ser detido e espancado, com um bastão de aço, em frente aos seus filhos de 9 e 13 anos pelo Subcomissário Filipe Silva (da Brigada de Investigação Criminal de Guimarães), que não hesitou em agredir também o avô das crianças com o auxílio de outros agentes.
No Estádio Alvalade XXI, segundo um vídeo colocado no canal «Sporting Vídeos» no YouTube, adeptos que se encontravam no exterior do estádio foram baleados pela policia a tiro de caçadeira. As informações sobre as origens deste incidente são escassas, mas o vídeo gravado num telemóvel permite verificar que agentes do Corpo de Intervenção detiveram um adepto e, confrontados com os protestos de outros adeptos no local, procederam a vários disparos e a uma carga violenta, existindo acusações de utilização de cargas de chumbo pela PSP, que se limita a comunicar “uma desordem e consequente intervenção policial no interface de transportes públicos do Campo Grande, envolvendo adeptos de dois clubes de que resultaram três cidadãos feridos e dois polícias”.
Finalmente pela 1h20 da madrugada, uma carga policial levou à fuga precipitada de milhares de pessoas que celebravam a conquista do trigésimo quarto título de campeão nacional pelo Benfica, despoletando confrontos que duraram várias horas entre a Praça do Marquês de Pombal e a Av. Fontes Pereira de Melo. A PSP alega que a sua intervenção decorreu na sequência do arremesso de garrafas por grupos de adeptos, mas a análise às imagens captadas por diversas estações televisivas, sendo inconclusiva quanto ao início dos confrontos, permite verificar inúmeras agressões de agentes policiais a adeptos que estão a afastar-se do local ou estão simplesmente parados a observar, por vezes pelas costas. É curioso verificar que imagens captadas em direto pela SIC notícias às 1h25 não foram inseridas nas sucessivas peças noticiosas que foram apresentadas a partir das 6h00, nas quais se informava que a PSP fora “obrigada a intervir” em resposta à “violência de um pequeno número de adeptos”.
Tudo o que se passou nestes três pontos entre o final do dia 17 e a madrugada do dia 18 de maio levanta seis questões fundamentais sobre a natureza da repressão e da violência policial.
1) A actuação regular e institucionalizada da PSP, quando confrontada com grandes aglomerados de pessoas, pauta-se por um flagrante desrespeito pela legalidade e pelas liberdades e garantias de um Estado de Direito democrático, não apenas ou não tanto devido a abusos individuais, mas em resultado da própria lógica da sua intervenção e técnicas, das escolhas e opções da sua hierarquia, da natureza do treino dos seus operacionais e, em geral, da cultura de violência e prepotência que atravessa o conjunto da instituição. Uma vez que não vigora em Portugal o Estado de sítio ou de emergência, a forma como as chefias policiais decidem suspender os direitos básicos dos cidadãos – desde logo o direito a circular livremente no espaço público sem o receio de ser agredido à bastonada ou baleado – é um flagrante abuso de autoridade, que merece uma firma resistência e condenação.
2) Há boas razões para considerar que actuação da PSP é uma causa determinante para que pequenas rixas entre adeptos se tornem confrontos generalizados, provocando momentos de pânico colectivo que põem efectivamente em risco a segurança de milhares de pessoas. É fácil perceber que um movimento abrupto pelo meio de uma multidão em festa, recorrendo a pontapés e bastonadas para abrir caminho até ao que se considera ser um “pequeno foco de tensão” pode não apenas levar a que várias pessoas caiam e sejam pisadas por outras como, também, desencadear uma resposta violenta por parte de quem identifica na actuação policial uma agressão injustificada e abusiva, convertendo adeptos que celebram pacificamente em adeptos que atiram garrafas e pedras à polícia.
3) Por outro lado, o fenómeno futebolístico atrai uma atenção mediática de tal dimensão que a actuação policial se torna imediatamente um facto político. Situações de violência, abuso, agressão e até tortura por parte de agentes da polícia têm sido frequentemente denunciadas em torno de manifestações ou em determinadas zonas urbanas que tanto a polícia como a comunicação social convencionaram descrever como “sensíveis” ou “problemáticas”. Mas um fenómeno como a “festa do título” atrai uma cobertura jornalística tão intensa e abrangente que se torna quase impossível agredir alguém sem correr o risco de ver essa agressão filmada. Muito do que vimos na tarde de domingo e na madrugada de segunda-feira é habitual e frequente em diversos contextos sociais, quando não há ninguém a filmar e a palavra de um agente da autoridade é a única a ser levada a sério.
4) Parece também oportuno relembrar que ainda em 2010 os adeptos do Benfica festejaram o título de campeão exatamente no mesmo local, onde não havia palco, nem sistema sonoro nem uma presença policial no centro da praça, não se tendo verificado qualquer problema de maior. E ainda há um ano a festa decorreu também sem ocorrências a registar, apesar de já ter assumido o formato de grande discoteca ao ar livre, na qual um sistema sonoro se sobrepõe à voz dos adeptos. Vale a pena reflectir no papel desempenhado pela organização do espaço da praça e pela presença da polícia em torno da estátua, bem como no facto, omitido por quase todos os órgãos de comunicação social mas sublinhado pela CMTV, de poucos minutos antes dos primeiros confrontos terem sido projetadas no ecrã gigante ali montado as imagens da detenção ocorrida em Guimarães.
5) Acresce a tudo isto que se convencionou, com uma facilidade alarmante, que entre os adeptos de futebol se incluem indivíduos violentos e perigosos por natureza, aos quais não são reconhecidos os mesmos direitos e garantias que a todos os outros cidadãos, sobre os quais se deve presumir a culpa e a quem a polícia tem carta branca para agredir, deter, cercar, assediar e maltratar a seu bel prazer. A esse nível, a categoria “jogo de risco” acaba por funcionar de forma semelhante à categoria “bairro problemático. Existe um retrato-robô desses indivíduos, veiculada tanto pela polícia como pela comunicação social, que os apresenta enquanto jovens do sexo masculino e condição social pobre, identificáveis pelas suas tatuagens, brincos ou bonés. Ninguém se espanta se uma pessoa cujo perfil corresponde a esse estereótipo for agredida e algemada pela PSP na sequência de uma troca de palavras, se necessário for em frente a uma câmara de televisão. Deu-se o caso de o adepto benfiquista agredido e algemado no Estádio D. Afonso Henriques ser um empresário de meia-idade sem qualquer elemento visual distintivo e isso gerou uma dissonância cognitiva. Faltou a imagem do “hooligan arruaceiro” para oferecer ao subcomissário Filipe Silva a cobertura necessária à sua agressão e – uma vez que qualquer pessoa se poderia identificar com o pai que leva os dois filhos ao estádio e acaba a ser agredido e preso à sua frente – tornou-se necessário lavar a imagem da PSP por via de um inquérito.
6) Curiosamente, não é a primeira vez que o nome de Filipe Silva surge associado a um inquérito à actuação da polícia, visto que este graduado também esteve envolvido nas detenções ilegais levadas a cabo pela PSP no dia 14 de Novembro de 2012, que envolveram espancamentos, humilhações e procedimentos abusivos. Uma vez que a Inspeção-Geral da Administração Interna detetou várias ilegalidades na atuação da polícia nesse dia de greve geral, atribuindo-as tanto aos agentes no terreno como aos oficiais e à estrutura de comando que tomou a decisão de carregar sobre os manifestantes presentes em S. Bento, para logo a seguir arquivar o processo sem que fossem tomadas quaisquer medidas, é difícil antecipar que consequências poderá ter este inquérito. Mas também não é impossível que o subcomissário Filipe Macedo Silva seja convertido no bode expiatório de toda a corporação a que pertence, para assegurar aos cidadãos mais distraídos que a PSP existe para proteger os cidadãos e atua em conformidade com a lei e a constituição, como aconteceu em pleno Chiado em Março de 2012, quando uma fotojornalista da France Press apanhou uma bastonada que tinha como destinatários manifestantes avulsos e menos suscetíveis de gerar indignação, originando um processo disciplinar contra o agente Manuel Pinto.
Por trás, em baixo, ao lado e por dentro do que se designa, com espantosa facilidade e enorme conveniência, “a violência no futebol”, está frequentemente a atuação da polícia e a sua margem de manobra para suspender liberdades e garantias, fazendo dos recintos desportivos e das suas imediações espaços onde vigoram estados de exceção temporários mas recorrentes. A suportar essa atuação está toda uma camada discursiva, mediática e institucional, que faz de determinados adeptos agressores em potência e propaga uma cultura de medo capaz de alimentar todas as fobias, naturalizando a atuação policial e banalizando a sua violência, colocando cada pessoa perante a imperativa necessidade de fazer uma escolha impossível entre liberdade e segurança. Foi preciso que as câmaras filmassem o pânico de uma criança face à violência fardada (e graduada) para que surgissem finalmente alguns pontos de interrogação relativamente à atuação da polícia e à lógica da sua “intervenção”. A poucos dias de mais uma celebração do título por parte dos adeptos do Benfica (que joga no seu estádio no próximo domingo), de uma final da Taça de Portugal entre o Sporting e o Sporting de Braga que trará milhares de adeptos de todo o país ao Vale do Jamor e, finalmente, de uma final da Taça da Liga disputada entre o Benfica e o Marítimo em Coimbra, não faltam motivos para temer a repetição de novas agressões policiais, antecipadamente legitimadas à sombra do conceito de “jogo de risco”, tornando ainda mais necessário analisar o comportamento da PSP e questionar o que se vê banalizado como “violência no futebol”.
O Observatório do Controlo e da Repressão convida todas as pessoas que presenciaram os acontecimentos da madrugada de Segunda-feira a enviar o seu testemunho, imagens, vídeos ou relatos para o endereço cccr@inventati.org, comprometendo-se a manter essas informações em completo sigilo e disponibilizando-se ainda para apoiar, dentro das suas possibilidades, todas as pessoas que enfrentam processos judiciais ou desejam apresentar queixa relativamente à atuação da polícia."
Quem nos defende da polícia ?
Um episódio que se repete, o agredido passa a agressor . De violência policial sobre uma família, com o espancamento do pai , a brutalidade sobre o avô e o terror que afectou duas crianças por estarem a presenciar quadro tão negativo . Passa-se a discutir se cuspiu ou não sobre o agente, como se tenta manipular a opinião pública. Ao levar a Tribunal o pai das crianças e o forjar de algo que possa justificar a violência que exerceram, como se alguma vez pudesse haver justificação para actos deste quilate.
A violência policial exerce-se todos os dias nos bairros, sobre os mais pobres, sobre as minorias, sobre os trabalhadores sempre que se manifestem em luta contra o capitalismo, muitas das vezes fora dos palcos mediáticos e nalguns casos pela calada da noite. Tudo isto com o agravante do racismo que domina as suas hostes, civismo está cada vez mais ausente das suas práticas ...e com tendências para ser extinto .
Pai agredido presente a tribunal...ver vídeo com declarações deste.
Ontem , dia 17 foi marcado por mais uma demonstração de força da polícia ao espancar impunemente pessoas que vieram para a rua fazer a festa da vitória do seu clube no campeonato nacional, o S.L.Benfica, podendo ser outro clube qualquer... O que está verdadeiramente em causa é a actuação da polícia, ao espancar e perseguir cidadãos , mulheres, velhos e crianças . Algo vai muito mal nesta doente democracia em que vivemos. O balanço está por fazer, mas foram bastantes os cidadãos que necessitaram de assistência médica nos hospitais de Lisboa, tal como foram detidos muitas pessoas fruto da "caça" que se prolongou pela madrugada.
Até quando vamos continuar a assistir a arruaça policial, uma polícia que no passado chegou a ser questionada a sua existência por práticas semelhantes em pleno período fascista.
A impunidade dos seus actos não pode ser ignorada. Alguém tem que prestar constas do sucedido, ministra, oficiais superiores até aos agentes que se tem destacado nos actos que repudiamos.
Fim à violência policial .
Dois pequenos vídeos ilustrativos da dimensão e moldes em que ocorreram vários incidentes na cidade de Guimarães. ..
Os 67 anos da Nakba
É aqui a nossa Palestina !
Ziad Medoukh
15 de Maio de 1948-15 de Maio de 2015, já sessenta e sete anos, sessenta e sete anos decorridos desde que começou o drama dos Palestinianos, sessenta e sete anos de sofrimento e dor, de tragédia e de massacres para um povo digno, sessenta e sete anos desde o início desta injustiça imposta a um povo na sua própria terra, sessenta e sete anos de deportação de um povo para o substituir por um outro povo.
No entanto, foram sessenta e sete anos de resistência, de paciência, de determinação, de coragem e de perseverança para um povo sempre de pé, um povo sempre ligado à sua terra e à sua Palestina, apesar de todas as medidas tomadas por esta ocupação ilegal, uma ocupação que se mantém e continua!
Os Palestinianos comemoram os sessenta e sete anos da catástrofe num contexto particular, marcado nomeadamente pela prossecução da ocupação e da colonização, pelo fracasso do processo de paz, pelo predomínio da extrema-direita na sociedade israelita, pela divisão interna e pela ausência de perspectivas para o futuro.
Sessenta e sete anos, e as forces da ocupação violam os direitos mais fundamentais de um povo, sessenta e sete anos de política de apartheid, de discriminação e do terrorismo de Estado de Israel.
Em 67 ans, Israel aplicou todas as medidas desumanas ilegais contra os Palestinianos, deteve mais de um milhão, massacrou e assassinou milhares e ocupou todos os seus territórios. .
O Estado de Israel criou o problema dos refugiados palestinianos que vivem em condições humanitárias terríveis nos países vizinhos e que sofrem permanentemente.
O Estado de Israel é o único Estado que, com o patrocínio das grandes potências internacionais, nunca aplicou nenhuma resolução das Nações Unidas e tampouco os acordos de paz assinados.
Em 67 anos, Israel foi sempre um Estado ilegal, um Estado fora da lei, um Estado de Apartheid, um Estado colonial, um Estado que considera os cidadãos árabes dos territórios de 1948 como cidadãos de segunda, um Estado que construiu um Muro da Vergonha na Cisjordânia, um Estado que impõe um bloqueio desumano à população civil de Gaza, um Estado que constrói todos os dias novos colonatos nos Territórios, um Estado que rouba todos os dias os recursos naturais que pertencem aos Palestinianos.
Um Estado que continua a não ter fronteiras, um Estado que recusa todas as iniciativas de paz regionais e internacionais.
Podemos citar muitos exemplos da história negra desta ocupação contra os Palestinianos: agressões diárias, massacres, deportações, crimes contra a Humanidade, crimes de guerra, a lista é longa, muito longa, demasiado longa.
O último crime israelita em massa contra os Palestinianos foi a última ofensiva militar contra a população civil da Faixa de Gaza no Verão de 2014.
67 anos de resistência notável de toda uma população que prossegue a sua luta para reconquistar a sua liberdade e viver na sua terra com dignidade.
Sessenta e sete anos depois, os Palestinianos interrogam-se: 67 anos de violação dos nossos direitos não bastam? Não terá chegado o momento de reagir e de impor a Israel a aplicação do direito internacional? Não será tempo de instaurar a justiça na Palestina? Será que os Palestinianos não têm o direito de viver, após tantos anos de sofrimento, num Estado livre e independente?
67 anos depois desta catástrofe, nós, Palestinianos, continuaremos a lutar e a sacrificar-nos pela nossa liberdade, sejam quais forem as medidas de apartheid e as formas de terrorismo de Estado praticadas. Estamos mais do que nunca determinados e temos uma mensagem a enviar ao mundo inteiro, uma mensagem clara e concreta. Continuamos a defender os princípios seguintes:
- Não, jamais esqueceremos a história negra desta ocupação ilegal e os seus diversos crimes contra a nossa população civil.
-Não, não sairemos daqui, continuaremos apegados à nossa terra. Não sairemos daqui. Aqui é a nossa terra, aqui é a nossa vida e aqui é a nossa Palestina!
-Sim, o direito de regresso é sagrado e todos os refugiados palestinianos devem poder voltar às suas cidades e às suas aldeias de origem.
-Sim, continuaremos a resistir de todas as formas, para que possamos viver em liberdade na nossa terra, nesta terra que se chama e chamará sempre Palestina.
- Sim, temos o direito de criar o nossos Estado livre e independente, tendo Jerusalém como capital.
-Sim, estamos dispostos a viver em paz, uma paz duradoura, mas uma paz que passe, antes de mais, pela justiça, pela aplicação do direito internacional, pelo fim da ocupação ilegal e pela consecução de todas as reivindicações legítimas do povo palestiniano.
A luta continua! O combate prossegue! Por uma Palestina livre e por uma Palestina independente! Todos estamos convencidos de que a nossa liberdade se aproxima, se aproxima, se aproxima.
Artigo traduzido por Mizé
A guerra contra os refugiados no Mediterrâneo
27 de Abril de 2015. Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar.
27 de Abril de 2015. Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar.
Migrantes do Norte de África recolhidos de um barco virado no Mediterrâneo chegam a Itália a 13 de April de 2015. (Foto: AP) |
"Num período de menos de uma semana em Abril, dois barcos cheio de migrantes provenientes do Médio Oriente e de África foram deixados afundar no Mar Mediterrâneo, resultando na morte de pelo menos 1300 pessoas. Isto indignou as pessoas em todo o mundo e gerou manifestações em vários países.
Quando, em Outubro de 2013, um barco que transportava refugiados se afundou a pouca distância da ilha italiana de Lampedusa e quase 500 pessoas se afogaram, o mundo não queria acreditar. Essa tragédia apanhou os líderes dos governos da Europa Ocidental com sangue nas mãos. Mas em vez de mostrarem remorso ou vergonha por esse crime, eles tomaram medidas para “dissuadir” os refugiados, as quais causaram agora a perda de ainda mais vidas. Embora chocantes, estas mortes mais recentes não eram inesperadas. E mais do mesmo ou ainda pior poderá vir a acontecer se se deixar continuar a desumana hostilidade contra os migrantes.
O número de refugiados afogados no Mar Mediterrâneo este ano é, até agora, calculado ser entre 1500 e 1750. (BBC, 23 de Abril de 2015) Isso é mais de 50 vezes o número de pessoas que morreram durante os primeiros meses de 2014. O número de mortes tem vindo a aumentar continuamente há vários anos. O número total foi de quase 3500 em 2014, 600 em 2013 e 500 em 2012.
Depois da tragédia de Lampedusa em 2013, a falta de interesse e mesmo a indiferença deliberada dos líderes europeus tornaram-se ainda mais aparentes. Em muitos casos, incluindo este, foram os pescadores locais e não as autoridades que salvaram os refugiados. Depois disso, muitas pessoas e organizações humanitárias exigiram aos líderes europeus mais acção e recursos para ajudar aqueles que arriscam as suas vidas para escaparem a zonas de guerra e de miséria. Mas, em vez disso, os líderes europeus aumentaram as hipóteses de afogamento ao cortarem o financiamento das já insuficientes operações de busca.
Especificamente, em Outubro de 2014 decidiram cancelar a operação Mare Nostrum da Marinha italiana. Diz-se que este programa terá salvado a vida de cerca de 170 mil refugiados em 2014. A Itália anunciou que iria terminar o programa se os outros países europeus não partilhassem os custos, quinhentos milhões de euros por ano. Mas a decisão da UE de substituir as operações de salvamento por uma missão policial foi tomada por razões políticas e não financeiras.
A nova Operação Triton é gerida pela agência europeia de fronteiras Frontex. Segundo o seu director Klaus Rosler, o seu objectivo é “assegurar um controlo efectivo das fronteiras” e “monitorizar as redes criminosas” no Norte de África e não salvar vidas. Com a Operação Triton, a Europa iria fornecer apenas sete navios e três aeronaves para cobrir um milhão de milhas quadradas de mar. Isto foi um acto deliberado para dissuadir os refugiados de tomarem esta rota para a Europa. Os barcos patrulha que estão a ser mobilizados em vez dos navios são demasiado pequenos e não têm equipamento para salvar pessoas. De facto, quando um destes barcos recolheu refugiados encontrados a flutuar na água, a maioria deles morreu por exposição durante a viagem para Itália porque eles foram mantidos num convés aberto e não havia a bordo nenhum pessoal com treino de salvamento.
O governo da Grã-Bretanha tomou a posição mais agressiva contra os refugiados e deixou claro que “não apoiaria nenhuma futura operação de busca e salvamento, incluindo a Triton, alegando que a ajuda iria simplesmente encorajar que mais pessoas arrisquem a travessia”. (The Guardian, 27 de Outubro de 2014) O primeiro-ministro britânico David Cameron declarou quase explicitamente que a UE deveria deixar que os migrantes se afogassem para desencorajar outros de tomarem a rota marítima. Mas todos os governos europeus concordaram com este plano que toda a gente sabia que iria condenar milhares de refugiados à morte. Agora há evidências irrefutáveis de que “cortar os incentivos” através do fim das operações de salvamento não reduziu o número de migrantes que arriscam as suas vidas para atravessar o mar.
Depois das duas tragédias de Abril, os líderes da UE verteram lágrimas de crocodilo, fingindo que as mortes de 1300 homens, mulheres e crianças não eram consequências directas e previsíveis das suas políticas. Culparam os traficantes e contrabandistas pelos resultados dos seus próprios crimes. O Ministro do Interior da Alemanha, Thomas de Maizière, disse: “Nós não podemos e não toleraremos que estes criminosos sacrifiquem vidas humanas em grande escala por pura cobiça”. (The Guardian, 20 de Abril de 2015) Claro que com “pura cobiça” ele não queria dizer o sistema de lucro motivado pela concorrência que conduz a guerras e massacres, à destruição de regiões inteiras e à pilhagem de continentes inteiros.
Philip Hammond, o Secretário britânico dos Negócios Estrangeiros, falou como se fossem os traficantes que forçam as pessoas a abandonar as suas terras. Ele salientou: “Nós temos de visar os traficantes que são responsáveis por tantas pessoas a morrer no mar e impedir que as suas vítimas inocentes sejam enganadas ou forçadas a fazer estas jornadas perigosas.” (The Independent, 20 de Abril de 2015) O presidente francês François Hollande reiterou que “a ênfase deveria ser em desarticular os traficantes de pessoas”. (BBC, 23 de Abril)
Portanto, o coro dos imperialistas europeus e da sua comunicação social está uma vez mais sincronizado para culpar os traficantes pelas consequências das guerras alimentadas pelos imperialistas e pelo funcionamento do sistema capitalista mundial. Os refugiados não estão a tomar esta rota perigosa por causa dos traficantes e dos barcos deles. Se eles acreditam que arriscar a morte por afogamento é a melhor alternativa que têm, isto deve ser entendido como uma acusação ao que o sistema imperialista lhes fez.
A verdade é que o fluxo de refugiados não irá parar enquanto não se puser fim aos factores que levam as pessoas a arriscar a morte. Um crescente número de pessoas têm de abandonar as suas terras ou trabalhos, a sua comunidade e país e a sua família, e de tomar este caminho perigoso, quer os imperialistas permitam ou não o “incentivo” de que eles simplesmente se possam não afogar. O sofrimento económico nos países do terceiro mundo é causado pelo funcionamento do sistema imperialista, e para muitas pessoas a globalização das duas últimas décadas tornou a situação delas ainda mais desesperada. As guerras que massacram pessoas e tornam a vida num inferno para aqueles que sobrevivem também são em grande parte causadas pelo envolvimento imperialista directo ou indirecto. Parece não haver nenhum fim à vista para essas guerras, sobretudo no Médio Oriente e em África. Agora, está-se à espera que pessoas vindas do Iémen – vítimas da intervenção militar liderada pelos sauditas e apoiada por um grupo de porta-aviões dos EUA e pelos principais países ocidentais – se venham a juntar aos refugiados da Síria, Líbia, Iraque, Afeganistão, Sudão, Somália e outros países. Será que são os traficantes que os estão a forçar a juntar a estas vagas de seres humanos?
O direito a procurar asilo está incluído nos acordos internacionais que quase todos os governos supostamente assinaram. Foi declarado um direito humano. Mas os governos europeus estão a fazer com ele que seja extremamente difícil para pessoas que já passaram por tanto sofrimento devido às guerras e à miséria nos seus próprios países. Por exemplo, a guerra na Síria deslocou cerca de quatro milhões de refugiados, que agora vivem sobretudo em acampamentos temporários nos países vizinhos. Mas os imperialistas, cuja ingerência na Síria em defesa dos seus interesses regionais e globais alimentou a guerra e a ascensão das forças islamitas, estão a recusar-se a conceder asilo aos sírios. Além da Alemanha que devido à sua necessidade de imigrantes e por razões políticas se comprometeu a acolher 30 mil refugiados, os outros 27 países europeus, entre os quais a França e a Grã-Bretanha, só irão aceitar cerca de 10 mil no total – e a Grã-Bretanha apenas 143.
Os estados europeus têm gastado milhares de milhões no controlo de fronteiras e instalaram todo o tipo de barreiras terrestres, como a cerca na fronteira grega com a Turquia. Têm introduzido obstáculos draconianos à entrada legal de pessoas vindas de países pobres. Mesmo quando os refugiados conseguem chegar a um país de destino, são criminalizados e tratados como “seres humanos ilegais”. Como as outras rotas lhes são fechadas, os refugiados são forçados a recorrer às únicas alternativas. De facto, são os imperialistas que estão a criar “oportunidades empresariais” aos traficantes.
Face à indignação pública em Abril, os líderes europeus reuniram-se para lidarem com a situação (a indignação pública, não as mortes). Concordaram em restabelecer o financiamento das operações navais de busca no Mediterrâneo ao nível do último ano. Os detalhes de como isto irá ser implementado não são ainda claros. Mas eles concordaram claramente em “levar a cabo esforços sistemáticos para identificar, capturar e destruir os barcos antes de eles serem usados pelos traficantes”. Isto é mais um pretexto para levar a cabo mais ataques e invasões no Norte de África, mais acções militares e guerras do tipo das que tanto fizeram para criar os refugiados em primeiro lugar – agora disfarçadas de “acções humanitárias”. Como sempre, quando as acções deles e o sistema deles causam situações horríveis, a única resposta deles é usar a máquina mortal deles para lidar com os sintomas. Além disso, eles estão a tentar desviar a atenção das pessoas daqueles que são realmente responsáveis. Isto é vergonhoso. Não os podemos deixar criar mais tragédias.
O sistema capitalista/imperialista é a fonte da miséria das pessoas. As pessoas que não podem aceitar a brutalização e o assassinato de seres humanos seus semelhantes devem visar este sistema, e especialmente revelar o facto de que a “questão” da imigração faz parte do seu funcionamento."
Netanyahu acaba de nomear como ministra da justiça Ayelet Shaked, antiga deputada do HaBayit HaYehudi (“Lar Judeu”), partido da extrema-direita israelita. Em 1 de julho de 2014, a agora ministra tinha publicado na sua página facebook um apelo a "não se contentar de matar os terroristas palestinianos, mas a totalidade do povo palestiniano que é nosso inimigo". "É preciso destruir esse povo, incluindo os seus velhos e mulheres, as suas cidades e aldeias, as suas propriedades e infraestruturas", afirmou ela no seu post.
Quanto ao novo ministro da Defesa, Moshe Yaalon, a sua primeira promessa foi a de "matar muitos mais civis palestinianos e de reservar ao Irão a mesma sorte que Hiroshima e Nagasaki". Numa conferência do grupo de advogados Shurat HaDin - especializados em processar pessoas ou associações que defendem os direitos dos palestinianos pelo mundo fora -, Moshe Yaalon declarou que atacaria o conjunto da população civil na próxima ofensiva contra Gaza ou o Líbano. "Também atacaremos as crianças, como fizemos em Gaza", declarou. "Quanto ao Irão, mesmo se ataques cirúrgicos ainda não nos parecem ser adaptados, não hesitaremos em fazer o que fizeram os americamos em Hiroshima e Nagasaki, causando 200 mil vítimas sobre as quais ninguém chorou".
Em relação ao movimento de boicote-sanções- desinvestimento (BDS) contra Israel, recordou que "há dez anos que prefiro não pôr os pés no Reino-Unido ou em Espanha, mesmo se já conseguimos mudar a legislação desses dois países em matéria de competência universal respeitante aos crimes de guerra e crimes contra a humanidade".
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Nos 70 anos da derrota do nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial
Celebrar a vitória, defender a paz
Quando se assinala o 70.º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo na Segunda Guerra Mundial, o Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) reafirma a sua determinação em prosseguir e intensificar a acção de esclarecimento e mobilização da opinião pública para a defesa da Paz, da segurança e cooperação internacionais e para a amizade e solidariedade entre os povos, dando o seu contributo para que tragédia semelhante à que terminou há 70 anos nunca se venha a repetir.
Perante as ameaças e os perigos que a actual situação internacional comporta – com a disseminação de focos de tensão e conflito, com a crescente tensão entre potências nucleares, com a proliferação de bases militares estrangeiras e uma inédita corrida aos armamentos –, o CPPC realça a necessidade de mobilizar vontades e despertar energias em favor da Paz, do desarmamento, da dissolução dos blocos político-militares, do fim das bases militares estrangeiras, do respeito pela soberania dos estados e pelos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas. É este o caminho que interessa à Humanidade. É este o compromisso de sempre do CPPC.
Ao assinalar este aniversário, o CPPC lembra os cerca de 60 milhões de mortos e as muitas outras dezenas de milhões de feridos, estropiados e traumatizados; recorda a máquina de morte e destruição do nazi-fascismo, os campos de concentração, as torturas, os massacres, os assassinatos, as experiências «médicas» e a escravatura. Não esquece os bombardeamentos de populações civis, as bombas atómicas, os danos irreparáveis provocados à saúde das populações envolvidas na guerra, ao património cultural e às infra-estruturas sociais de diversos países.
O CPPC entende ser este o momento indicado para valorizar os que resistiram, que deram a liberdade e a própria vida para pôr fim à guerra, para libertar os povos subjugados, para pôr fim à tirania nazi-fascista. E, também, para realçar os avanços alcançados no pós-guerra pelos povos da Europa e do mundo: à saúde, à educação, à protecção social, à igualdade entre homens e mulheres e, no caso dos povos das colónias e países dependentes, o direito a decidirem soberanamente do seu destino, pondo fim aos impérios coloniais.
Neste aniversário, o CPPC evoca o surgimento, poucos anos após
o fim da guerra, de um movimento da paz democrático, progressista e antifascista, que congregou conhecidas personalidades das artes, da cultura e da ciência, de diferentes nacionalidades, convicções políticas e crenças religiosas. Criado em 1949-50, o Conselho Mundial da Paz (que o CPPC integra) constituiu-se como um pólo agregador de todos os que se opunham e opõem à guerra, às armas nucleares e de destruição massiva, à corrida aos armamentos e às bases militares estrangeiras. O Apelo de Estocolmo, pela proibição das armas nucleares, recolheu muitos milhões de assinaturas em todo o mundo.
Evocar a vitória sobre o nazi-fascismo obriga todos quantos defendem a paz, a liberdade e a solidariedade a repudiar e combater activamente o regresso de valores retrógrados, de tipo fascizante, neocolonial e belicista; a desmascarar os interesses e falsos pretextos que se escondem por detrás das guerras; a intervir com convicção para defender a paz, valor essencial para garantir o bem-estar, o desenvolvimento, a felicidade e a própria vida no planeta.
Sete décadas após esta data histórica, graves ameaças pairam sobre os povos do Mundo: os focos de tensão multiplicam-se, do Médio Oriente à Ásia Central, da Europa de Leste ao Pacífico, de África à América Latina; a tensão das potências ocidentais face à Federação Russa e à China assume proporções inéditas e consequências imprevisíveis; a corrida aos cada vez mais sofisticados e destruidores armamentos e as despesas militares não mostra
m sinais de abrandamento. Em muitos países ressurgem tendências securitárias e antidemocráticas, enquanto que noutros registam-se processos de avanço libertador e democrático. Perante tais perigos e ameaças, é mais importante do que nunca continuar e alargar o campo dos defensores activos da Paz.
Confiando na justeza dos seus ideais e princípios e na construção de um futuro melhor, o Conselho Português para a Paz e Cooperação reafirma, com inabalável determinação, o seu compromisso de sempre: agir lado a lado com todos os homens e mulheres que resistem e intervêm, no plano nacional e internacional, com a aspiração e a convicção de que é possível um mundo justo, democrático, solidário e de Paz.
A Direcção Nacional do CPPC
8 de Maio de 2015
8 de Maio de 2015
Passamos a divulgar documento do Conselho Mundial da Paz .
"Conselho Mundial da Paz relembra vitória dos povos contra o nazismo
A presidenta do Conselho Mundial da Paz e do Cebrapaz, Socorro Gomes, participa do Encontro entre Organizações Internacionais Democráticas, que comemora o 70º aniversário da vitória dos povos contra o nazifascismo na capital russa, Moscou. Nesta quinta-feira (7), ela participa da mesa-redonda “1945-2015: Anos de Luta, Novos Desafios”. O evento é organizado pela bancada parlamentar do Partido Comunista da Federação Russa.
Soldados soviéticos depõem estandartes e pavilhões nazis diante do Mausoleu de Lénin na Praça Vermelha, na parada da vitória em 1945. |
O programa do Encontro, do qual participam Socorro Gomes e cinco representantes de organizações-membro do Conselho Mundial da Paz (CMP), aborda, entre esta quinta e sábado (9), as consequências da Segunda Guerra Mundial e a vigorosa resistência dos povos contra o avanço Nazifascista, refletidos ainda na atualidade, quando se faz premente o fortalecimento e a unidade popular internacional na luta anti-imperialista. Além de Socorro Gomes, integram a delegação do CMP o secretário geral Athanassis Pafilis; Alfred Marder e Hery Lowendorf, do Conselho da Paz dos EUA), Pallab Sengupta, do Conselho da Paz da India; Filipe Nuno Ferreira, do Conselho Português para a Paz e a Cooperação de Portugal e Christopher Matlhako, da Organização de Paz da Africa do Sul.
O tema é central para o Conselho Mundial da Paz, que nasceu precisamente no bojo dos movimentos de resistência, no pós-guerra, com o compromisso de fazer avançar a luta dos povos pela paz, por justiça social, contra as guerras, o colonialismo e o imperialismo. Neste ano, em que o CMP também comemora seu 65º aniversário, a importância da trajetória histórica de resistência determinada contra os avanços das grandes potências contra os povos de todo o mundo é enfatizada em eventos como o que ocorre em Moscou.
Apontando para o papel central desempenhado pelo Exército Vermelho soviético na derrota contra o Nazifascismo, Socorro Gomes sublinhou, em sua intervenção, a disseminação da resistência popular contra o retrocesso civilizacional imposto pelas forças alemãs, italianas e japonesas, em episódios que mancharam a história da Humanidade, mas também mostraram o competência da luta dos povos contra a dominação. Socorro recordou as mais de 50 milhões de vítimas da Segunda Guerra Mundial e a devastação provocada pelo grande conflito, enfatizando:
“Os povos da União Soviética pagaram um terrível preço, com a vida de 27 milhões de pessoas e a insólita destruição de milhares de cidades, povoados, lares e fábricas. Inclinamos nossas bandeiras ante o sacrifício dos povos, aos mártires civis e militares que perderam suas vidas, muitos deles vítimas de inomináveis crimes, na luta para libertar a humanidade do nazifascismo, defender as liberdades democráticas, os direitos sociais, a soberania nacional e reconquistar a paz.”
A presidenta do CMP fez menção às resistências entre as amplas camadas da população, organizações sociais e partidos políticos, nos diversos países europeus ocupados ou ameaçados pelo avanço nazifascista e também da Ásia, contra a agressiva ação do Japão imperialista.
Neste sentido, sublinhou a importância do episódio histórico - a vitória dos povos contra o nazifascismo - para a atual luta internacional contra o imperialismo e as novas ameaças de guerra que se espalham pelo mundo. Socorro ressaltou o papel dos Estados Unidos como a potência imperialista representativa desta ameaça, junto com instrumentos de guerra como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e aliados como Israel, que apresentam especial risco ao Leste Europeu e ao Oriente Médio.
A dissolução da Otan e a abolição das bases militares espalhadas pelo mundo pelos Estados Unidos, o fim das intervenções e agressões imperialistas contra povos inteiros e a reforma das instituições mundiais, criadas para a garantia mínima do direito internacional, também foram levantadas por Socorro como bandeiras centrais e atuais do movimento internacional pela paz. Por isso, durante o evento, as diversas organizações reúnem-se para debater ações e a unidade em torno dos objetivos da paz e do anti-imperialismo, com o respeito à soberania dos povos e à liberdade contra a dominação.
Leia a íntegra do discurso de Socorro Gomes na Duma Federal da Rússia:
O tema é central para o Conselho Mundial da Paz, que nasceu precisamente no bojo dos movimentos de resistência, no pós-guerra, com o compromisso de fazer avançar a luta dos povos pela paz, por justiça social, contra as guerras, o colonialismo e o imperialismo. Neste ano, em que o CMP também comemora seu 65º aniversário, a importância da trajetória histórica de resistência determinada contra os avanços das grandes potências contra os povos de todo o mundo é enfatizada em eventos como o que ocorre em Moscou.
Apontando para o papel central desempenhado pelo Exército Vermelho soviético na derrota contra o Nazifascismo, Socorro Gomes sublinhou, em sua intervenção, a disseminação da resistência popular contra o retrocesso civilizacional imposto pelas forças alemãs, italianas e japonesas, em episódios que mancharam a história da Humanidade, mas também mostraram o competência da luta dos povos contra a dominação. Socorro recordou as mais de 50 milhões de vítimas da Segunda Guerra Mundial e a devastação provocada pelo grande conflito, enfatizando:
“Os povos da União Soviética pagaram um terrível preço, com a vida de 27 milhões de pessoas e a insólita destruição de milhares de cidades, povoados, lares e fábricas. Inclinamos nossas bandeiras ante o sacrifício dos povos, aos mártires civis e militares que perderam suas vidas, muitos deles vítimas de inomináveis crimes, na luta para libertar a humanidade do nazifascismo, defender as liberdades democráticas, os direitos sociais, a soberania nacional e reconquistar a paz.”
A presidenta do CMP fez menção às resistências entre as amplas camadas da população, organizações sociais e partidos políticos, nos diversos países europeus ocupados ou ameaçados pelo avanço nazifascista e também da Ásia, contra a agressiva ação do Japão imperialista.
Neste sentido, sublinhou a importância do episódio histórico - a vitória dos povos contra o nazifascismo - para a atual luta internacional contra o imperialismo e as novas ameaças de guerra que se espalham pelo mundo. Socorro ressaltou o papel dos Estados Unidos como a potência imperialista representativa desta ameaça, junto com instrumentos de guerra como a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e aliados como Israel, que apresentam especial risco ao Leste Europeu e ao Oriente Médio.
A dissolução da Otan e a abolição das bases militares espalhadas pelo mundo pelos Estados Unidos, o fim das intervenções e agressões imperialistas contra povos inteiros e a reforma das instituições mundiais, criadas para a garantia mínima do direito internacional, também foram levantadas por Socorro como bandeiras centrais e atuais do movimento internacional pela paz. Por isso, durante o evento, as diversas organizações reúnem-se para debater ações e a unidade em torno dos objetivos da paz e do anti-imperialismo, com o respeito à soberania dos povos e à liberdade contra a dominação.
Leia a íntegra do discurso de Socorro Gomes na Duma Federal da Rússia:
A vitória sobre o nazifascismo: glorioso acontecimento na história da humanidadeO Conselho Mundial da Paz sente-se honrado de participar neste evento para celebrar o 70º aniversário de um dos acontecimentos mais gloriosos da história da Humanidade - a vitória dos povos sobre o nazifascismo, uma conquista das forças da paz, da democracia, da solidariedade e do progresso social.
A Segunda Guerra Mundial foi uma tragédia que custou a vida a mais de 50 milhões de pessoas e devastou principalmente a Europa, causando a destruição da infraestrutura e dos lares e impondo horrendas consequências à população.
Inclinamos nossas bandeiras ante o sacrifício dos povos, aos mártires civis e militares que perderam suas vidas, muitos deles vítimas de inomináveis crimes, na luta para libertar a humanidade do nazi-fascismo, defender as liberdades democráticas, os direitos sociais, a soberania nacional e reconquistar a paz.
Os povos da União Soviética pagaram um terrível preço, com a vida de 27 milhões de pessoas e a insólita destruição de milhares de cidades, povoados, lares e fábricas.
As vitórias do Exército Vermelho nas históricas batalhas de Moscou, Stalingrado, Kursk e Berlim permanecerão indelevelmente marcadas na memória da humanidade, como o tributo dos povos soviéticos para a causa da libertação.
A vitória sobre o nazifascismo foi fruto das heroicas ações nos campos de batalha e da união dos povos e das forças democráticas no âmbito de cada país, além da ação de uma grande aliança internacional, de que fizeram parte a União Soviética, o Reino Unido e os Estados Unidos.
Um poderoso fator para a vitória foi o combate dos povos dos países ocupados pelo fascismo, que organizaram a luta guerrilheira e a resistência entre as amplas camadas da população, organizações sociais e partidos políticos. No continente europeu, as resistências populares italiana, francesa, albanesa, belga, grega, holandesa, húngara, norueguesa, iugoslava, romena, polonesa, dinamarquesa, austríaca, tchecoeslovaca, britânica e mais de uma dezena de movimentos alemães antinazistas foram resolutas no enfrentamento às invasões e às ocupações dos seus países.
No restante do mundo, os povos também se levantaram contra a brutal ofensiva alemã, italiana e japonesa. Foi o caso dos movimentos de resistência na Ásia - na China, Índia, Coreia, Malásia, Tailândia, Vietnã, Cingapura, Filipinas, e dos movimentos japoneses de oposição à guerra. Entre os latino-americanos, foi intensa a luta antifascista e a mobilização de forças para se incorporarem ao esforço de guerra dos aliados alcançou êxito em diferentes países.
A vitória foi, assim, a expressão e o resultado da fraternidade internacionalista entre os povos, na busca pela liberdade, a democracia, a independência e a justiça.
A Segunda Guerra Mundial eclodiu como um confronto entre as grandes potências capitalistas, tendo sido provocada pelos países mais agressivos – a Alemanha nazista, a Itália fascista e o Japão.
O grande conflito foi o resultado do desenvolvimento desigual no mundo capitalista. A luta por mercados e fontes de matérias primas era o pano de fundo que empurrava as potências capitalistas à guerra por uma nova divisão do mundo por meio da violência.
Tendo sua origem nas contradições entre países imperialistas, a Segunda Guerra Mundial foi gradualmente mudando de caráter. Os povos dos países ocupados, principalmente a partir da agressão nazista à União Soviética, ergueram-se na resistência popular-nacional antifascista, passando a realizar uma justa luta democrática e de libertação nacional.
Os próprios Estados capitalistas, a partir do desencadeamento da guerra, viram-se confrontados com uma ameaça à sua própria soberania nacional, o que criou condições para a formação de um amplo e poderoso movimento patriótico e antifascista.
Revoluções democráticas, populares e de libertação nacional foram vitoriosas. O caráter libertador da luta antifascista dos povos, o papel decisivo da União Soviética e das massas trabalhadoras e populares na vitória e a derrocada do fascismo deram impulso aos movimentos democráticos e socialistas em todo o mundo. Debilitou-se o sistema colonialista. Tudo isso acarretou uma nova correlação de forças favorável ao avanço das lutas pela paz. As forças da democracia, da paz e do progresso social saíram fortalecidas, acarretando importantes transformações geopolíticas.
Neste quadro, o imperialismo estadunidense inicia uma contraofensiva para assegurar posições hegemônicas e ordenar o sistema internacional segundo seus próprios interesses. O lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki pela aviação estadunidense foi o ato inaugural da nova ordem que os Estados Unidos pretendiam impor.
Desde o final da Segunda Guerra Mundial até os nossos dias, o imperialismo estadunidense seguiu uma política e praticou ações contrárias aos interesses dos povos, da democracia, da independência nacional e da paz mundial. Foi esse imperialismo que desencadeou as agressões contra a Coreia, o Vietnã e demais países da Indochina, no Oriente Médio, na África, e fomentou golpes militares na América Latina. Foi também esse imperialismo que mais tarde, a partir do final do século 20 e início do século 21, agrediu e destruiu a Iugoslávia, fez duas guerras contra o Iraque, invadiu o Afeganistão, destruiu a Líbia e confirmou sua condição de potência corresponsável pelo martírio do povo palestino ao apoiar a ocupação sionista israelense.
Desde o fim do conflito, o imperialismo estadunidense fomentou a corrida armamentista, intensificou a produção de armas nucleares, espalhou bases militares em todos os continentes, promoveu intervenções de diferentes tipos, numa constante ameaça à paz mundial e à segurança internacional.
Este imperialismo cravou as suas garras em todos os continentes, saqueou as riquezas nacionais dos povos, impôs seu modelo econômico e políticas escravizadoras e neocolonialistas. Organizou sua política externa com o objetivo de desestabilizar os países socialistas e anti-imperialistas, concentrou suas energias no cerco e destruição da União Soviética durante o período da chamada Guerra Fria.
Um dos principais aspectos da ação imperialista é a militarização, que cobrou impulso a partir da criação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em abril de 1949, originalmente com a participação dos Estados Unidos, Reino Unido, França, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Portugal, Dinamarca, Noruega, Islândia e Itália, ampliando-se logo em seguida, em 1952, com a presença da Turquia, Grécia e República Federal da Alemanha.
A organização tem hoje 28 Estados membros da América do Norte e da Europa. Outros 22 países estão engajados no chamado Conselho de Parceria Euro-Atlântico. Ao seu lado, outros 19 países estão ligados à Otan através de programas como o “Diálogo do Mediterrâneo”, a “Iniciativa de Cooperação de Istambul” ou a “Parceria para a Paz”.
Desde 1991, a Otan expandiu o quadro de membros e o teatro de operações, o que por si só revela o seu objetivo fundamental de ser uma ferramenta primordial na dominação imperialista ocidental sobre o planeta, uma inimiga da paz, comprometida com as doutrinas do primeiro ataque e dos ataques preventivos. Como uma aliança militar ofensiva, a Otan está sempre pronta para intervir antes mesmo de a diplomacia ter sua chance, caso ela seja de interesse das potências imperialistas. O agigantamento da Otan, que a torna mais poderosa, agressiva e intervencionista – como a atual crise na Ucrânia demonstra – constituem um fator ponderável para aumentar a instabilidade, as turbulências e o perigo de guerra.
No momento em que comemoramos o 70º aniversário da vitória sobre o nazifascismo, o mundo enfrenta novos perigos, as intervenções militares se repetem, a paz é ameaçada, e o fascismo volta a se apresentar com novas e velhas roupagens. Mais do que nunca, impõe-se extrair as lições da experiência histórica e adquirir elementos de convicção para unir as forças democráticas e progressistas a fim de impedir que ocorram novas tragédias. Os fatos evidenciam o caráter desestabilizador e potencialmente destrutivo das políticas agressivas dos EUA e seus aliados na Otan. Tendo fracassado na criação de um ambiente de hostilidade no passado recente, como foi o caso do conflito na Geórgia, os EUA coordenam agora as forças reacionárias e fascistas para tentar cercar a Rússia, a exemplo da crise instalada na Ucrânia. Mais uma vez, os povos pagam o preço: o sofrimento infringido aos civis ainda é inestimável e a turbulência no leste europeu traz grande retrocesso à construção da paz na região, com a reinstalação das forças fascistas, a soldo do imperialismo.
O mundo de hoje é cenário de uma situação instável e crítica. As grandes conquistas democráticas do período do imediato pós-guerra, a independência nacional, os valores civilizacionais sofreram brutal retrocesso a partir da década de 1990 do século passado, quando o traço principal da situação passou a ser uma intensa e abrangente ofensiva do imperialismo estadunidense e seus aliados para assegurar posições de domínio no mundo.
Para além das políticas intervencionistas e militaristas, fazem parte dessa ofensiva o ataque aos direitos dos trabalhadores e povos como “saída” da crise do capitalismo, os golpes na democracia, o racismo, a xenofobia, a falsificação da história.
Num quadro internacional em mutação, está em jogo uma nova divisão do mundo, o saque das riquezas nacionais, a ocupação de territórios, a implantação de uma ordem imperial que além de ter globalizado a economia e padronizado os comportamentos, pretende uniformizar os regimes políticos, a vida cultural, a ideologia reacionária como pensamento único.
Malgrado a retirada das tropas estadunidenses e da Otan do Iraque e outras recentes flexões táticas na política externa norte-americana, a humanidade continua confrontada por uma feroz investida do imperialismo estadunidense para impor sua vontade no mundo, o que faz crescer o intervencionismo, as ameaças e as agressões.
O direito internacional e as instituições criadas para assegurar o exercício de relações internacionais equilibradas não subsistem como tais, em decorrência da instrumentalização pelos interesses de potências hegemônicas. A Organização das Nações Unidas, criada para promover a coexistência pacífica entre nações soberanas, assegurar o equilíbrio no mundo, garantir a aplicação das normas do Direito Internacional, dirimir os conflitos internacionais e promover a paz mundial, atua sob pressão das potências imperialistas que cada vez mais impõem o seu ditame no mundo pela força.
A política hegemonista do imperialismo destrói países, devasta nações antes prósperas, derruba governos legítimos, assassina presidentes eleitos, substitui o diálogo pela força implantando o terror, sob o pretexto de combater o terrorismo, com a finalidade de garantir seus desígnios de domínio e saque. Esta política é a principal ameaça à paz e é o principal fator da instabilidade, dos desequilíbrios e das crises políticas, diplomáticas e militares no mundo.
Por outro lado, é preciso reconhecer importantes transformações na situação internacional, em que se fortalecem profundas demandas emancipatórias que colocam em questão a política dominante e a desigual distribuição do poder. Embora os EUA ainda detenham a maior força econômica e militar, assim como a maior influência política, há elementos na situação que fazem crer que se trata de uma potência em declínio, que já não pode fazer o que quer, pois se confronta com a resistência dos povos e de nações que defendem a paz.
Também notamos o surgimento de novos polos de poder político, econômico e militar, cuja expressão maior é a ascensão vertiginosa da China, o fortalecimento do poder nacional da Rússia, depois de um momento de desagregação e de crise econômico-financeira, e a emergência de uma América Latina fortalecida por posições democráticas e independentistas.
No processo emancipatório, verificamos o agravamento dos conflitos sociais, das contradições entre os países da África, Ásia e América Latina e a dominação imperialista. Estão em curso lutas de variados tipos e intensidades, nos mais diversificados cenários, revelando as potencialidades dos povos e das forças da paz, que se insurgem contra a opressão, o intervencionismo, o militarismo e o belicismo.
No curso dessas lutas, emerge e fortalece-se a solidariedade internacional e a unidade em torno de reivindicações de interesse comum pelo fim das bases militares estrangeiras em países soberanos, pela abolição das armas de destruição em massa, pela dissolução da Otan, pela democratização das relações internacionais com o resgate dos preceitos da carta da ONU, pela autodeterminação dos povos e a solução pacífica dos conflitos internacionais, pelo fim das políticas intervencionistas e das guerras de agressão.
O Conselho Mundial da Paz, fundado no imediato pós-guerra para conjurar o perigo de nova catástrofe de proporções ainda maiores, com a ameaça do conflito nuclear, ao fazer essas reflexões sobre o passado e o presente, invoca o heroísmo dos povos e da resistência antifascista nas suas lutas atuais e na renovação do seu compromisso pela paz a libertação da humanidade."
Fonte: Cebrapaz
"O grupo de teatro belga CAMPO cancelou a sua representação no festival de Jerusalém patrocinado pelo Estado de Israel. A decisão foi tomada de um dia para o outro, logo após terem recebido um apelo da BACBI, Campanha belga pelo boicote académico e cultural a Israel.
“Fortalecer esta plataforma é actualmente a opção mais lógica. Um sector cultural unido é mais importante do que uma acção a solo”, diz a declaração de CAMPO. “Esperamos transmitir uma mensagem forte, talvez mais forte do que a pretendida inicialmente”. (Os ganhos da representação estavam destinados à formação de jovens bailarinos palestinianos a viver na Europa).
Eyal Sher, o director do festival, reconheceu que o programa teve de ser encurtado devido às muitas desistências que ocorreram depois do massacre do verão passado em Gaza e do crescimento da campanha de boicote.
Fonte e mais informação: http://electronicintifada.net/ blogs/ali-abunimah/belgian-the ater-group-pulls-out-israel- festival-after-boycott-call"
“Fortalecer esta plataforma é actualmente a opção mais lógica. Um sector cultural unido é mais importante do que uma acção a solo”, diz a declaração de CAMPO. “Esperamos transmitir uma mensagem forte, talvez mais forte do que a pretendida inicialmente”. (Os ganhos da representação estavam destinados à formação de jovens bailarinos palestinianos a viver na Europa).
Eyal Sher, o director do festival, reconheceu que o programa teve de ser encurtado devido às muitas desistências que ocorreram depois do massacre do verão passado em Gaza e do crescimento da campanha de boicote.
Fonte e mais informação: http://electronicintifada.net/
Boicote de sentido contrário, Solidariedade...é necessário a sua multiplicação.
Políticos e sabichões dos media classificam como um "alerta" a violência que estalou em Baltimore após a morte do afro-americano Freddie Gray devido à ruptura da sua coluna vertebral. Contudo, estes auto-designados "peritos" quanto ao colapso social dos pobres – principalmente trabalhadores afro-americanos de bairros de todos os Estados Unidos – evitam falar acerca das razões reais porque cidades de todo o país estão a explodir em protestos e a recorrer a motins toda a vez que um jovem afro-americano é assassinado pela polícia. Os EUA, tal como as ditaduras fascistas na América Latina durante as décadas de 1960, 1970 e 1980, estão agora infestados com "esquadrões da morte" policiais. Responsáveis uniformizados da aplicação da lei agora actuam como juízes, júris e carrascos, administrando sentenças de morte nas ruas de Fergunson, Missouri, subúrbio de St. Louis; New York City; North Charleston, South Carolina; Baltimore e outras cidades de todos os Estados des-Unidos.
Porque Baltimore, ao contrário de St. Louis e North Charleston, é considerada como fazendo parte da área da capital nacional de Washington, DC, os media corporativos dos EUA e responsáveis do governo reagiram ao grupo tumultuoso de estudantes afro-americanos do ensino secundário que acompanhou o funeral de Gray com a espécie de alarme existencial habitualmente destinado a nações-estado "ameaçadoras" como o Irão, Venezuela e Coreia do Norte. Os media exprimiram mais simpatia para com a farmácia da cadeia CVS saqueada durante a disputa do que para com a família de Gray, a qual estava a pedir calma e paz.
A polícia de Baltimore estava ansiosa por um confronto com a população afro-americana de Baltimore que fervia em silêncio e decidiu travar autocarros escolares que transportavam alunos afro-americanos de volta às suas casas. A polícia também lançou bloqueadores de tráfego nas ruas de Baltimore. Os alunos do secundário foram forçados pela polícia a abandonarem seus autocarros. A polícia então encurralou os jovens numa área na vizinhança de Mondawman. A estação do metro nas proximidades foi fechada pela polícia e os alunos foram impedidos de voltarem para casa tanto pelos autocarros escolares como pelos autocarros de transporte público ou pelo metro. Todas as testemunhas oculares, pais dos alunos e professores da escola verificaram o facto de que os alunos foram ilegalmente detidos pela polícia. Quando uns poucos deles começaram a atirar pedras à polícia, a polícia lançou pedras e rochas de volta sobre os jovens os quais, deveria ser enfatizado, foram inicialmente provocados pela táctica mão pesada da polícia de interromper todo o transporte local.
Basicamente, a polícia de Baltimore adoptou as tácticas usadas diariamente pela polícia israelense contra palestinos na Cisjordânia: vedar rotas de trânsito, encurralar a população alvo e responder com força esmagadora e, frequentemente, violência brutal. De facto, a polícia de Baltimore, assim como a Polícia do Município de St. Louis que reagiu à situação de Ferguson, recebeu treino israelense em imposição da lei e "contra-terrorismo", incluindo a utilização de armas de som tipo dispositivo acústico de longo alcance (long range acoustic device, LRAD ), utilização de cercas portáteis anti-multidão e instrução em artes marciais Krav Maga , da polícia israelense e da Força de Defesa Israelense. Este treino foi cortesia de programas apoiados pelas proto-fascistas Anti-Defamation League ( ADL ) e Jewish Institute for National Security Affairs ( JINSA ) . A ADL anteriormente compilou ficheiros com dados maciços de americanos dissidentes, líderes de direitos civis e clero cristão anti-guerra para as polícias federal e estaduais. Oficiais de polícia reformados que receberam treino em Israel patrocinado pela ADL foram à televisão proclamar ser a "demonstração de força" da polícia e do exército em Baltimore o modelo para o resto do país.
A polícia de Baltimore justificou suas acções extrema afirmando falsamente que os gangs negros, os Bloods and Crips, estavam a vir para a cidade a fim de incitar a violência. A fonte do rumor eram mensagens sem fundamento postadas nos media sociais, provavelmente com origem na unidade de inteligência da polícia de Baltimore. Os gangs responderam às alegações dizendo que não tinham tais planos.
A mensagem para as minorias da América era clara: a polícia continua livre para sumariamente executar civis à vontade e quaisquer protestos, venham eles de ghetos negros, barrios hispânicos ou reservas de nativos americanos, serão recebidos com força policial esmagadora ou "pavor e choque".
O governador republicano de Maryland, Larry Hogan, despachou centenas de tropas da Guarda Nacional de Maryland para Baltimore para trabalhar com a polícia de Baltimore e de jurisdições externas a fim de impor um recolher obrigatório. O jogo de bola ao cesto Baltimore Orioles-Chicago White Sox programado em Camden Yards foi proibido àqueles que já tinham bilhetes de entrada, a primeira vez na história que um grande jogo de bola ao cesto foi jogado diante de um estádio vazio. Uma sequência de fim-de-semana planeada para ser jogada em Camden Yards entre os Orioles e os Tampa Bay Rays foi transferida para St. Petersburg, na Florida. Se isto soa como as "punições colectivas" administradas por Israel a palestinos em Gaza e na Cisjordânia, foi exactamente daí que as autoridades de Baltimore e Maryland tiveram a ideia.
As perturbações que se seguiram ao funeral de Gray foram antecedidas na noite anterior por uma confrontação entre a polícia e torcedores afro-americanos que saíam do estádio Camden Yards. A solução para as autoridades: punição colectiva para a maioria da população afro-americana de Baltimore. Cada vez mais, afro-americanos, hispânicos e nativos americanos estão a tornar-se os "palestinos" da América, povo disponível para a polícia a qualquer hora e qualquer dia "praticar tiro ao alvo".
O governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, candidato presidencial em 2016, antigo promotor federal que tem tanto de arrogância quanto de peso, despachou para Baltimore soldados de cavalaria da Polícia Estadual de Nova Jersey a fim de ajudar a impor a lei. A utilização de polícia de fora do estado em Baltimore para reforçar a da cidade foi uma ilustração cabal dos laços estreitos existentes entre agências de imposição da lei de todo o país em apoio da "linha azul" e de agentes de polícia que enfrentam investigações sobre execuções extra-judiciais de cidadãos. Tal como visto em outros incidentes por todo o país, a associação Ordem Fraternal da Polícia e as divisões de assuntos internos dos departamentos de polícia encarregados de investigar brutalidades policiais frequentemente conspiram para encobrir provas do mau comportamento da polícia. Enquanto isso, líderes políticos americanos estão a receitar soluções "placebo" como câmaras nos organismos policiais para resolver a questão da brutalidade da polícia. As câmaras não resolverão os problemas subjacentes de alto desemprego nas áreas da polícia inclinadas à violência sobre cidadãos nem resolverão o facto de que os Estados Unidos têm a mais alta população prisional per capita do mundo, com cerca de 2,2 milhões de presos, principalmente afro-americanos homens, cumprindo longas penas por crimes não violentos relacionados com drogas.
Os media corporativos e políticos republicanos, incluindo o governador Hogan, consideram desportivo, tal como o fizeram em relação a membros afro-americanos da assembleia municipal em St. Louis e de outras cidades, atacar a presidente da municipalidade Stephanie Rawlings-Blake como "incompetente" por permitir que as coisas na sua cidade "saíssem do controle" sem uma demonstração de força maciça e imediata. Seu colega, o presidente da municipalidade de Filadelfia Michael Nutter, defendeu suas acções em Baltimore. É uma prática habitual utilizada pelos oligarcas republicanos retratar a minoria dos democratas que detém um posto electivo como "fracos quanto ao crime" a fim de conseguir pontos políticos fáceis com o assassínio de cidadãos minoritários pela polícia.
Após os tumultos que varreram cidades americanas em 1968 a seguir ao assassínio do reverendo Martin Luther King, no que é agora considerado por muitos como tendo sido uma conspiração do governo envolvendo o FBI a fim de silenciar aquele líder dos direitos civis, o presidente Lyndon Johnson respondeu: "O que você esperava? Não sei porque está tão surpreendido. Quando você coloca o seu pé sobre o pescoço de um homem, subjuga-o durante trezentos anos e então deixa que se levante, o que é que ele vai fazer? Ele vai golpear o que o bloqueou".
Quase 50 anos depois, a polícia americana continua a visar afro-americanos com tácticas de "esquadrões da morte" outrora populares entre as mais repressivas e asquerosas ditaduras fascistas da América Latina, com líderes de municipalidades que foram provocados pelas mesmas agências estado-unidenses envolvidas no assassinado de Luther King e hoje com a militarização da polícia america .
A mensagem para as minorias da América era clara: a polícia continua livre para sumariamente executar civis à vontade e quaisquer protestos, venham eles de ghetos negros, barrios hispânicos ou reservas de nativos americanos, serão recebidos com força policial esmagadora ou "pavor e choque".
O governador republicano de Maryland, Larry Hogan, despachou centenas de tropas da Guarda Nacional de Maryland para Baltimore para trabalhar com a polícia de Baltimore e de jurisdições externas a fim de impor um recolher obrigatório. O jogo de bola ao cesto Baltimore Orioles-Chicago White Sox programado em Camden Yards foi proibido àqueles que já tinham bilhetes de entrada, a primeira vez na história que um grande jogo de bola ao cesto foi jogado diante de um estádio vazio. Uma sequência de fim-de-semana planeada para ser jogada em Camden Yards entre os Orioles e os Tampa Bay Rays foi transferida para St. Petersburg, na Florida. Se isto soa como as "punições colectivas" administradas por Israel a palestinos em Gaza e na Cisjordânia, foi exactamente daí que as autoridades de Baltimore e Maryland tiveram a ideia.
As perturbações que se seguiram ao funeral de Gray foram antecedidas na noite anterior por uma confrontação entre a polícia e torcedores afro-americanos que saíam do estádio Camden Yards. A solução para as autoridades: punição colectiva para a maioria da população afro-americana de Baltimore. Cada vez mais, afro-americanos, hispânicos e nativos americanos estão a tornar-se os "palestinos" da América, povo disponível para a polícia a qualquer hora e qualquer dia "praticar tiro ao alvo".
O governador republicano de Nova Jersey, Chris Christie, candidato presidencial em 2016, antigo promotor federal que tem tanto de arrogância quanto de peso, despachou para Baltimore soldados de cavalaria da Polícia Estadual de Nova Jersey a fim de ajudar a impor a lei. A utilização de polícia de fora do estado em Baltimore para reforçar a da cidade foi uma ilustração cabal dos laços estreitos existentes entre agências de imposição da lei de todo o país em apoio da "linha azul" e de agentes de polícia que enfrentam investigações sobre execuções extra-judiciais de cidadãos. Tal como visto em outros incidentes por todo o país, a associação Ordem Fraternal da Polícia e as divisões de assuntos internos dos departamentos de polícia encarregados de investigar brutalidades policiais frequentemente conspiram para encobrir provas do mau comportamento da polícia. Enquanto isso, líderes políticos americanos estão a receitar soluções "placebo" como câmaras nos organismos policiais para resolver a questão da brutalidade da polícia. As câmaras não resolverão os problemas subjacentes de alto desemprego nas áreas da polícia inclinadas à violência sobre cidadãos nem resolverão o facto de que os Estados Unidos têm a mais alta população prisional per capita do mundo, com cerca de 2,2 milhões de presos, principalmente afro-americanos homens, cumprindo longas penas por crimes não violentos relacionados com drogas.
Os media corporativos e políticos republicanos, incluindo o governador Hogan, consideram desportivo, tal como o fizeram em relação a membros afro-americanos da assembleia municipal em St. Louis e de outras cidades, atacar a presidente da municipalidade Stephanie Rawlings-Blake como "incompetente" por permitir que as coisas na sua cidade "saíssem do controle" sem uma demonstração de força maciça e imediata. Seu colega, o presidente da municipalidade de Filadelfia Michael Nutter, defendeu suas acções em Baltimore. É uma prática habitual utilizada pelos oligarcas republicanos retratar a minoria dos democratas que detém um posto electivo como "fracos quanto ao crime" a fim de conseguir pontos políticos fáceis com o assassínio de cidadãos minoritários pela polícia.
Após os tumultos que varreram cidades americanas em 1968 a seguir ao assassínio do reverendo Martin Luther King, no que é agora considerado por muitos como tendo sido uma conspiração do governo envolvendo o FBI a fim de silenciar aquele líder dos direitos civis, o presidente Lyndon Johnson respondeu: "O que você esperava? Não sei porque está tão surpreendido. Quando você coloca o seu pé sobre o pescoço de um homem, subjuga-o durante trezentos anos e então deixa que se levante, o que é que ele vai fazer? Ele vai golpear o que o bloqueou".
Quase 50 anos depois, a polícia americana continua a visar afro-americanos com tácticas de "esquadrões da morte" outrora populares entre as mais repressivas e asquerosas ditaduras fascistas da América Latina, com líderes de municipalidades que foram provocados pelas mesmas agências estado-unidenses envolvidas no assassinado de Luther King e hoje com a militarização da polícia america .
por Wayne Madsen [*]
30/Abril/2015
Ver também: www.killedbypolice.net [*] Jornalista.
O original encontra-se em www.strategic-culture.org/...
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
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