CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Mekorot viola a lei internacional e os direitos humanos mais básicos dos palestinianos

 
Carta á EPAL a apelar ao rompimento dos acordos com a Mekorot
 
Exmos. Senhores
Tomamos a liberdade de escrever-vos a respeito do memorando assinado em Julho de 2009 entre a EPAL e a companhia israelita Mekorot.
Como devem saber, a União Europeia publicou recentemente directivas que proibem qualquer financiamento, atribuição de bolsas ou apoios, cooperação cultural ou económica com entidades que operem nos colonatos da Cisjordânia ou de Jerusalém oriental, a partir de Janeiro de 2014. As directivas exigem que todos os acordos celebrados por um país europeu com organismos israelitas incluam uma cláusula declarando que os colonatos não fazem parte do Estado de Israel e não podem portanto fazer parte dos acordos.
Ora, como é certamente do conhecimento do Conselho de Administração da EPAL, a Mekorot desempenha uma função estratégica na política de colonização dos territórios palestinos ocupados, desviando ilegalmente a água dos aquíferos palestinianos para abastecer os colonatos israelitas e as bases militares que os protegem, em detrimento das populações que aí vivem há séculos e que deixaram de ter acesso às suas próprias nascentes, assegurando a integração dos colonatos no sistema de abastecimento de água de Israel, e impedindo a construção, e manutenção das infra-estruturas que servem a população palestina, em particular a que vive na chamada zona C. O mapa do sistema nacional de água que a Mekorot apresenta no seu portal mostra Israel e os territórios palestinianos ocupados ilegalmente como sendo um único território, que exclui todas as povoações palestinianas (com excepção de Ramallah e Belém) e ignora a fronteira de 1967 reconhecida por organismos internacionais como a UE e a ONU. A população dos colonatos estabelecidos por Israel na Margem Ocidental do Rio Jordão, em violação da legalidade internacional, cerca de quinhentas mil pessoas, consome cerca de seis vezes mais água do que a população palestina, num total de dois milhões e seiscentas mil pessoas. Esta desproporção é ainda maior se for contabilizada, também, a água usada para fins agrícolas.
A Mekorot está assim na lista das entidades responsáveis pela condução da política de colonização de Israel, e pelos crimes cometidos nesse âmbito.
No dia 10 de Dezembro de 2013, a Vitens, companhia das águas holandesa, decidia pôr termo à sua parceria com a empresa israelita Mekorot e explicava num comunicado: “A empresa atribui uma grande importância à integridade e respeita o direito nacional e internacional. Após consultas a todas as partes envolvidas, entre as quais o Ministério dos Negócios Estrangeiros, a companhia chegou à conclusão de que seria muito difícil desenvolver futuros projectos, visto estes não poderem ser considerados fora do seu contexto político.”
Muitas outras empresas e organizações europeias têm reagido às recomendações da UE de modo a não serem vistas como cúmplices das violações dos direitos humanos praticadas na Palestina. Referimos aqui apenas os exemplos mais recentes : a maior empresa de construção da Holanda, a Royal Haskoming DHV, retirou-se de um projecto de tratamento de águas usadas com a municipalidade israelita de Jerusalém oriental ocupada. A Deutsche Bahn, empresa alemã nacional de caminhos-de-ferro, desistiu de um projecto israelita que se desenvolve à custa da confiscação de terras palestinianas. O fundo PGGM, um dos maiores dos Países Baixos, pôs fim aos seus investimentos nos produtos de cinco bancos israelitas por eles financiarem a construção dos colonatos nos territórios ocupados. O maior banco dinamarquês, Danske Bank, declarou que iria boicotar o banco israelita Hapoalim por razões “legais e éticas”.
A EPAL enquanto empresa que serve o interesse público em Portugal, e sabendo que a água é reconhecida pelas Nações Unidas como um direito humano indispensável à vida, não pode continuar a pactuar com este crime.
As organizações signatárias vêm apelar à EPAL no sentido de que siga os exemplos das entidades referidas e não renove, em Julho deste ano, o acordo celebrado com a Mekorot, rompendo assim a sua ligação com uma empresa que viola a lei internacional e os direitos humanos mais básicos dos palestinianos.
Agradecíamos que respondessem ao nosso apelo até ao dia 21 de Fevereiro.
Com os melhores cumprimentos.
Colectivo Mumia Abu-Jamal
Comité de Solidariedade com a Palestina
Conselho Português para a Paz e a Cooperação
Fórum pela Paz e pelos Direitos Humanos
Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente
SOS Racismo
 

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