CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Estabelecimento prisional de Lisboa com sobrelotação de 150%

Via ACED

"Relatório europeu fala em condições "desumanas e degradantes".

A sobrelotação do Estabelecimento Prisional de Lisboa agravou-se, atingindo os 150 por cento, e as condições de detenção são "desumanas e degradantes", conclui um relatório europeu divulgado esta terça-feira.
Segundo o relatório da última visita a Portugal do Comité Europeu para a Prevenção da Tortura e das Penas ou Tratamentos Desumanos ou Degradantes (CPT), em maio de 2013, desde a anterior visita regular, em fevereiro de 2012, a sobrelotação no sistema prisional português agravou-se.
O Estabelecimento Prisional de Lisboa, que era um dos principais alvos desta visita, continua, segundo o comité, "a ser afetado por sobrelotação crónica", que atinge cerca de 150 por cento, e com condições de detenção consideradas "muito deficientes".
Celas húmidas, gesso a cair das paredes, janelas partidas, falta de iluminação artificial, colchões velhos foram encontrados pelos peritos do CPT na maioria das áreas da cave da cadeia.
O CPT assinala que tais condições podem configurar "tratamento desumano e degradante". O relatório faz também referência a "alegações credíveis de maus tratos infligidos pelos guardas prisionais aos detidos" e reitera a importância de "investigar de forma eficaz estas alegações".
Os peritos da CPT formularam ainda recomendações para "melhorar o registo de ferimentos físicos observados no momento da admissão dos presos ou na sequência de incidentes violentos no interior da prisão" e propõe um aumento do pessoal vigilante.
Recomendado é ainda que sejam tomadas medidas para melhorar os procedimentos disciplinares e reduzido o recurso ao isolamento provisório prolongado.
O relatório alerta ainda que está em risco a segurança dos menores detidos no EPL, apesar de serem poucos, e recomenda a sua transferência para outro estabelecimento prisional com um ambiente e regime apropriado à idade.
Na cadeia de alta segurança do Monsanto, onde os reclusos passam cerca de 21 horas por dia confinados às celas, o relatório recomenda que seja elaborado um plano de atividades "motivantes" para cada um dos reclusos e "favorecido" o contacto entre os reclusos e o pessoal da cadeia.
As autoridades portuguesas foram ainda "convidadas a eliminar progressivamente o uso de matracas por parte dos vigilantes nas zonas de detenção" das duas cadeias.
As conclusões do relatório foram enviadas às autoridades portuguesas, que na resposta ao comité, reafirmaram o compromisso na resolução do problema da sobrelotação nas cadeias portuguesas.
Elencaram as ações que estão a ser desenvolvidas para alargar a aplicação de medidas alternativas à prisão e o investimento permanente que está a ser feito para melhorar as condições de detenção no EPL.
Foram ainda fornecidas informações sobre as medidas tomadas ou previstas para aplicar as recomendações do CPT relativamente aos programas de atividades nas prisões, às questões do pessoal, aos sistemas disciplinares e aos serviços médicos.
Durante a visita de maio de 2013, a delegação do CPT examinou detalhadamente um investigação a um caso de alegados maus-tratos por parte de um agente da Guarda Nacional Repúblicana (GNR) a um recluso.
O relatório centra-se numa "série de lacunas na investigação deste caso" e levanta "preocupações" relativamente ao fluxo de informações entre a GNR, a Inspecção-Geral do Ministério da Administração Interna (IGAI) e Ministério Público.
Na resposta, as autoridades portuguesas informaram sobre as medidas que estão a ser tomadas para que no futuro o Ministério Público e os serviços de inspeção sejam diretamente informados de qualquer alegação de maus-tratos."

Lampedusa: Quando a busca por uma vida melhor resulta em morte

Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar.
 
A 3 de Outubro, um barco no Mar Mediterrâneo a curta distância da ilha italiana de Lampedusa transportando mais de 500 imigrantes refugiados foi deixado a afundar. Tanto quanto se sabe, só 155 pessoas sobreviveram. A maioria dos passageiros era da Eritreia e da Somália.
 
 
Os mergulhadores ainda andam à procura dos corpos dos desaparecidos. Experimentados em lidar com tragédias, eles mesmo assim ficaram horrorizados com a visão de corpos tão densamente empacotados no porão que ainda estão de pé, estando o cabelo de uma mulher a flutuar pela janela do barco a 47 metros debaixo de água. Um mergulhador disse que não conseguia afastar a imagem dos mortos com os braços levantados como que a pedir ajuda. Um outro começou a chorar quando descreveu a retirada do corpo de uma criança cuja cara depois bateu nele próprio, dizendo que poderia ter sido o seu próprio filho.
Alguns dos sobreviventes nadaram até à costa, a um quilómetro de distância. Outros agarraram-se a garrafas de água vazias para conseguirem flutuar até terem sido finalmente recolhidos, após três horas no mar. Não é claro porque é que o barco não encontrou um ponto para atracar. Alguns relatos dizem que a baía é demasiado rochosa para desembarcar. Algumas pessoas dizem que os passageiros atearam um fogo para chamar a atenção para o seu infortúnio, que depressa se propagou e o barco afundou. Os sobreviventes também relataram ter visto alguns barcos ao longe e um barco com uma luz que se acercou e depois se foi embora.
O primeiro pescador a chegar aos destroços em chamas deu o alarme. Ele disse que alguns dos 47 migrantes que retirou do mar tinham sido despojados das suas roupas, provavelmente pela corrente. Outros pescadores que chegaram ao local ficaram subjugados pela emoção, à vista de um mar cheio de refugiados a flutuar acenando-lhes com os braços e gritando por ajuda. Eles perguntaram como é que se pode virar as costas quando se vê uma pessoa que precisa de ajuda? É inconcebível que um pescador de Lampedusa tenha fingido não ter visto nada. Um outro pescador disse ter ferido o braço a erguer para o seu barco 18 corpos empapados em querosene. Uma pessoa disse à BBC que a guarda costeira impediu de facto os esforços de salvamento. «Eles recusaram-se a levar para bordo algumas pessoas que já tínhamos salvado porque disseram que o protocolo o proibia», disse ela à BBC.
Normalmente, os migrantes em busca do estatuto de refugiado têm telemóveis para contactarem as autoridades quando chegam à costa, mas eles foram forçados a deixá-los na Líbia, onde estiveram confinados durante dois meses, antes de serem embarcados por contrabandistas desumanos que cobraram milhares de dólares por pessoa por esta travessia perigosa.
No dia do funeral, 10 barcos de pesca atiraram ramos de flores sobre a mancha onde o barco ainda está submerso, em honra das restantes vítimas sepultadas no porão. Um dos barcos na zona içou uma bandeira negra a flutuar ao vento com uma única palavra inscrita, «Vergonha!». Algumas crianças no funeral levavam uma faixa a afirmar «Basta! Não há nenhuma desculpa para a indiferença!».
Lampedusa fica muito mais próxima do Norte de África que de Itália. Para os migrantes que tentam entrar na Europa, o Mediterrâneo, paradoxalmente um dos volumes de água mais vigiados do mundo, é um epicentro da morte. Esta é a descrição usada por organizações não-governamentais que apoiam o direito dos imigrantes ao asilo na Europa. O grande número de mortes evitáveis tornou este incidente específico capaz de atrair a atenção da comunicação social mundial, causando uma efusão de pesar e indignação.
Parte do que foi inabitual nesta tragédia foi o grande número de mulheres e crianças que morreram. As mortes neste perigoso trajecto ocorrem com regularidade, mas a maioria das vezes em números menores, e sobretudo não noticiados – e principalmente de jovens. Quando os corpos deles não desaparecem, por vezes dão à costa em praias de resorts turísticos em Espanha ou na Grécia. Muitos migrantes fazem a travessia em barcos pequenos e sobrelotados que não têm sequer remos adequados para remarem. Antes deste desastre, a tragédia mais notória que chamou a atenção generalizada foi a do barco «abandonado à morte» só com 11 sobreviventes num total de 72 pessoas, durante a guerra da NATO na Líbia. A culpa por ignorar deliberadamente essa tragédia foi claramente posta na NATO por um relatório do Conselho da Europa (ver o SNUMAG de 2 de Abril de 2012).
Durante os últimos vinte anos, um total estimado de 20 000 vidas foram perdidas quando atravessavam o Mediterrâneo, 1500 só em 2011. A Itália, a Espanha e a Grécia têm sido a porta de entrada mais próxima da Europa, mas para os que tentam ir para norte é apenas o último trajecto de uma jornada difícil e perigosa para um migrante. Abdul, um jovem somali de 16 anos que sobreviveu a este último trajecto, disse que o pai dele tinha pago um total de 7500 dólares aos contrabandistas para o levarem até Lampedusa, onde ele tinha chegado de barco há 12 dias – cerca de seis meses depois de sair de Mogadíscio. «Eu quero estudar. Eu quero um futuro», disse ele à Reuters. Em muitos casos, há famílias inteiras que juntam os seus recursos para enviarem para norte um membro da família, o qual, em troca, manda de volta dinheiro para ajudar a família.
Para os que sobrevivem à jornada, se não receberem asilo, serão forçados a viver na sombra da sociedade e enfrentam frequentemente a brutalidade às mãos da polícia e de bandos de direita que operam com total impunidade, tal como aconteceu em Abril passado na Grécia contra trabalhadores agrícolas do Bangladesh.
Os advogados locais alegam que as leis italianas que visam restringir a migração ilegal acabam por dissuadir os barcos de ajudarem os migrantes em angústia no mar. Um barco comercial que recolheu pessoas que estavam num bote que flutuava no meio do Mediterrâneo foi forçado pelo governo italiano a levá-los de volta à Líbia. Há disputas entre diferentes sectores das autoridades locais e dentro da União Europeia sobre a responsabilidade por salvar os imigrantes. Navios cheios de imigrantes pobres têm saído da Europa há séculos – e a Itália é apenas um exemplo – mas agora nenhum país europeu está disposto a suportar as despesas de operações mínimas de clemência mandatadas pelo direito internacional (os 27 países da União Europeia alocaram um total de quatro navios, dois helicópteros e dois aviões para as operações de salvamento no Mediterrâneo), já para não falar em abrirem os seus braços a migrantes desesperados. Pelo contrário, abertamente ou por insinuação, eles tentam fazer com que os imigrantes partilhem a culpa pelo desemprego nos seus países, causado pelo sistema capitalista-imperialista mundial e agravado pela recente crise financeira.
Os sobreviventes desta tragédia serão investigados por «imigração clandestina», um delito que pode resultar numa multa de 5000 euros. Isto coloca o governo italiano na mesma linha que os contrabandistas criminosos, dando-lhes a sua «quota-parte» na extorsão destes imigrantes.
Segundo o Alto-Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR), apesar dos perigos que as pessoas enfrentam, de 1 de Janeiro a 30 de Setembro deste ano, 30 100 migrantes chegaram a Itália em barcos vindos do Norte de África. Neste curto período histórico em particular, os maiores grupos vieram da Síria (7500), da Eritreia (7500) e da Somália (3000). A Eritreia já foi uma colónia italiana e o governo italiano deslocou 70 000 pessoas, entre as quais operários e camponeses pobres italianos, para aí viverem. A Somália foi primeiro uma colónia italiana e depois britânica, e os EUA têm feito o seu melhor para afirmarem os seus interesses sobre o país. A Síria foi ocupada pelos franceses, e todas as principais potências imperialistas estão a atear as chamas da horrenda situação local.
A discussão que está a decorrer em torno desta desnecessária perda de vidas deve colocar algumas questões mais profundas sobre o tipo de sistema global em que vivemos que leva as pessoas para fora das suas pátrias, e que torna o mundo no lugar distorcido que ele é. A experiência tem mostrado – e agora vimos isso demonstrado uma vez mais – que os estados europeus prefeririam que todos estes imigrantes se afogassem, de preferência longe das suas costas, onde iriam morrer sem serem vistos.

Todos Somos Ilegales


Síria-Sabia disto ?


Embora não sejamos advogados de defesa de Assad, julgamento que cabe ao Povo Sírio fazer sobre os seus actos e implicações nas suas vidas. Divulgamos neste espaço um texto sobre este país mergulhado numa guerra atrós , fruto da ganância imperialista e satélites, numa busca pelo domínio das riquezas petrolíferas e zonas geoestratégicas .

"Sabia isto da Síria?
A família Assad pertence ao Islão tolerante da orientação Alawid.
As mulheres sírias têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e educação.
Na síria as mulheres não são obrigadas a usar Burca. A Xariá (lei Islâmica) é inconstitucional.
A Síria é o único país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas islâmicos.
Cerca de 10% da população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde sempre na vida política e social.
Noutros países árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida.
A Síria é o único país do mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que não quis privatizar.
A Síria tem uma abertura à sociedade e cultura ocidentais como nenhum outro país árabe.
Ao longo da historia houve cinco Papas de origem síria. A tolerância religiosa é única na zona.
Antes da guerra civil era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos.
A Síria é o único país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional.
A Síria foi o único país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma descriminação social, política ou religiosa.
Bashar Al Assad tem um suporte popular extremamente elevado.
Sabia que a Síria possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está reservada a empresas estatais?
Talvez agora se consiga compreender melhor a razão de tanto interesse ....pela Síria!"
 

Cristiano Ronaldo "não troca camisola com assassinos" israelitas

Ronaldo, em recente jogo da selecção portuguesa com a israelita, recusou-se a trocar a sua camisola com um jogador  de Israel . Este episódio ocorreu durante uma dos de apuramento para  o mundial de 2014:

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/04/cristiano-ronaldo-e-israel-nao-troco-camisa-com-assassinos.html

http://www.lux.iol.pt/internacionais/cristiano-ronaldo-em-israel-nao-troco-camisola-com-assassinos-cristiano-ronaldo-ronaldo-israel-polemica-v/1442845-4997.html

http://www.nouvellesdaujourdhui.com/cristiano-ronaldo-bombarde-israel/


 

Mumia: Long Distance Revolutionary:

 
Mumia: Long Distance Revolutionary: A Journey With Mumia Abu-Jamal,”   is brilliant and shocking.  Directed by Steve Vittoria, and produced in Association with Prison Radio chronicles the extraordinary life of journalist Mumia Abu-Jamal.  This feature documentary traces his remarkable growth as a journalist, author, broadcaster, and public intellectual, both before and after he is sent to Death Row.  The cast includes Peter Coyote, Ruby Dee, Giancarlo Esposito, Dick Gregory, M1 (Dead Prez), Cornel West, Alice Walker, Angela Davis, Rubin Hurricane Carter, Tariq Ali, Dave Zirin, Amy Goodman, Juan Gonzalez, Ramsey Clark, Michelle Alexander, Michael Parenti, Aya de Leon, James Cone, and Ramona Africa.   
DVD purchase includes Extra "Manufacturing Guilt" (25min short film) directed by Vittoria.  A dramatic expose of the corrupt Philadelphia Police and DA’s office, who not only manufactured Mumia’s guilt but actively suppressing his innocence.  

Morreu o companheiro António Ferreira

António Ferreira de Jesus fica como um exemplo de resistência e determinação que nem as dificuldades de longos anos de cárcere conseguiram vergar .
 
 
Pormenores do comunicado emitido do dia da sua morte
 
"É com muita tristeza que informamos que o António Ferreira morreu esta 4ª-feira, dia 6 de Novembro.
Rebelde, libertário e um lutador dentro das prisões, o António tinha 73 anos e estava fora há apenas 1 ano e meio. Encontrava-se doente há já algum tempo, ainda que não se tenha chegado a descobrir exactamente o que tinha.
Morreu na casa onde vivia e não no hospital, sítio para onde não quis ir por se sentir como na prisão.
Para quem esteve perto dele, é gravemente nítido que o seu estado de saúde se alterou directamente por estar tantos anos preso, sofrendo as represálias de quem é um preso em luta e confrontando-se também com as dificuldades em adaptar-se à realidade da vida em "liberdade", já tarde demais"...

7º Festival Imigrarte


7 de Novembro - 175 anos do levantamento quilombo de Manoel Congo


 
Mais de 300 escravos fugiram das casas-grandes naquele dia em busca de liberdade.

Era 1839, e o Brasil vivia um dos períodos em que mais se traficou escravos para o país. No Rio de Janeiro existia uma região altamente desmatada e que foi dedicada para a produção do café, ao sul fluminense, ficou conhecida a Vila de Vassouras.
A plantação de café era um dos pilares do Império, o que fez a região se expandir para quase todas as localidades próximas, através das tradicionais senzalas instaladas em grandes fazendas do estado.
Um dos fatores que certamente afetaram no que ficou conhecido como levante de Manoel Congo, ou Quilombo de Manoel do Congo, foi que a população escrava naquele local era enorme. Em 1840 a vila tinha 20.589 habitantes, dos quais 6.225 livres e 14.333 escravos.
Nessa década o clima estava quente entre os escravos, que estavam influenciados pelos boatos que se espalharam por todo Brasil da Revolta dos Malês (1835), que foi uma revolta constituída por    “pretos minas”, escravos de origem muçulmana e que levantaram de forma mais organizada a luta pelo fim da escravidão.
No Rio de Janeiro, no dia 5 de novembro de 1838, o capataz da chamada fazenda Freguesia matou a tiros o escravo africano Camilo Sapateiro quando este ia sem autorização para a fazenda Maravilha.
Alguns escravos esboçaram uma reação no sentido de espancar o capataz, mas essa medida não foi adiante. Contudo, a impunidade diante dos crimes cometidos por capatazes fez aumentar o clima de revolta entre os escravos da região. Os tribunais, como ainda são, se constituíam numa farsa completa.
No mesmo dia 5, cerca de 100 negros arrombaram as portas da fazenda Freguesia, levando as escravas, e saqueando um depósito da fazenda para pegar facões e outras armas. Acabaram por se esconder numa mata próxima, durante a noite.
O método foi reproduzido na noite seguinte, com o grupo passando de fazenda em fazenda e se juntando a eles escravos libertos. Conta-se que escravos que se recusaram a participar do levante também foram espancados. A adesão de escravos de outras fazendas faz parecer que houve algum tipo de planejamento para o levante.

Manuel Congo
O sobrenome do escravo geralmente pretendia identificar a origem do mesmo e o primeiro nome tinha o costume de ser o nome do proprietário do escravo, daí Manuel Congo.
Provavelmente Manuel Congo tenha sido a principal liderança desse levante, pois foi colocado como “rei” do levante, junto com Marianna (ou Maria) Crioula, chamada de rainha pelos que foram capturados.
Os negros se juntaram em massa num determinado local da mata, sendo chamado de Quilombo Manuel Congo. Os quilombos tiveram como característica, isso em nível nacional, de ser um lugar de refúgio e resistência dos negros, como estoicamente nos mostra Zumbi e o Quilombo dos Palmares.
Em nome da “ordem e do sossego”, 160 homens da Guarda Nacional foram destacados para combater o levante que vinha ganhando adesão de vários escravos de outras fazendas e começava a causar preocupação do regime.

A resistência negra
O coronel que comandou a ação foi Lacerda Vernek , que em um de seus memorandos, datado de 11 de novembro daquele ano, informa que logo que as tropas localizaram os primeiros revoltosos, os escravos fizeram uma linha e pegaram as armas, “umas de fogo, outras cortantes”.
Prossegue: “este insulto foi seguido de uma descarga que matou dois dos nossos e feriu outros dois. Quão caro lhes custou! Vinte e tantos rolaram pelo morro abaixo à nossa primeira descarga, uns mortos e outros gravemente feridos”.
Os escravos resistiram como puderam, contudo, em desvantagem, especialmente no tocante às armas de fogo, começaram a se abrigar ao que o coronel afirmou: “notei que nem um só fez alto quando se mandava parar, sendo preciso espingardeá-los, pelas pernas (...) uma crioula de estimação de Dona Francisca Xavier não se entregou senão a cacete, e gritava: morrer sim, entregar não!!!".
Aos poucos, foram ficando poucos sobreviventes do levante e foram encurralados na mata. Outros se dispersaram e acabaram morrendo de fome. 16 resistentes foram presos e levados a julgamento: Manuel Congo, Pedro Dias, Vicente Moçambique, Antônio Magro, Justino Benguela, Belarmino, Miguel Crioulo, Canuto Moçambique, Afonso Angola, Adão Benguela, Marianna Crioula, Rita Crioula, Lourença Crioula, Joanna Mofumbe, Josefa Angola e Emília Conga.
Ao que os dados indicam, não se pretendia executar todos os rebeldes pois isso se tornaria uma perda material dos donos dos escravos. Assim, foi decidido pelo tribunal que se reuniu na Praça da Concórdia, diante da Igreja Matriz da Vila de Vassouras, que Manuel Congo seria enforcado e tantos outros foram condenados a “650 açoites a cada um, dados a cinquenta por dia, na forma da lei”, e a “três anos com gonzo de ferro ao pescoço”, como informa o memorando do coronel Vernek.
Pequenos levantes foram registrados nas décadas posteriores, diante disso os fazendeiros instauraram uma “comissão permanente” para impedir novo levante de escravos, e que recomendou, dentre outros, danças e folguedos, pois “quem se diverte não conspira” e práticas do Catolicismo, pois “a religião é um freio e ensina a resignação”.
Hoje a fazenda Freguesia é o Centro Cultural Aldeia de Arcozelo, em Paty do Alferes e a antiga capela da senzala se tornou o memorial dos escravos punidos na revolta de Manuel Congo. A revolta, pouco estudada, foi uma de centenas que ocorreram durante a escravidão brasileira, sendo a mais conhecida a história de Zumbi, do histórico Quilombo dos Palmares.
 
in Diário da Liberdade

STOP - Parem de nos vigiar !

Jornadas de Solidariedade com a Palestina 2013


Os Roma na Europa: culpados até que se prove que estão inocentes?

 
Estigmatização das comunidades Roma como criminosas é perturbante e perigosa, avisa Rita Izsák, especialista independente da ONU em minorias 
 
GENEBRA (29 de outubro de 2013) – “As recentes atividades de algumas autoridades nacionais no sentido de remover crianças sem aparência Roma de famílias Roma com base no seu alegado rapto levou a uma cobertura sensacionalista por parte da comunicação social, a qual tem sido perturbadora e pode resultar numa revolta perigosa contra indivíduos e comunidades Roma. Algumas entidades e meios de comunicação parecem estar a trabalhar com base no argumento de que os Roma são “culpados até que se prove a sua inocência”.
 
O caso da jovem menina loira chamada Maria, que foi encontrada a viver num acampamento Roma, na Grécia, motivou uma onda de reportagens anti-Roma, as quais fizeram as primeiras páginas de jornais em todo o mundo. Foram emitidas acusações enganadoras sobre como Maria foi roubada e abusada, mesmo antes de poder ter sido conduzida uma investigação meticulosa. As reportagens sugerem agora que, na sequência de testes ADN, Maria é filha de país Roma Búlgaros que afirmaram ter deixado voluntariamente a menina com a família Roma Grega porque não tinham condições para cuidar de Maria. O casal Grego Roma permanece em custódia devido a acusações de sequestro.

Se as investigações vierem a concluir que Maria foi raptada por estes Roma com quem viveu, então estes indivíduos certamente devem enfrentar a justiça e ser julgados à luz da lei. No entanto, há demasiada gente a acreditar em estereótipos de que todos os Roma são criminosos por natureza. Se os indivíduos Roma forem considerados culpados de um crime, este vai ser o crime desses mesmos indivíduos e não de toda a população Roma. Infelizmente, esta recente cobertura ameaça provocar uma reação ainda mais tumultuosa contra as comunidades Roma acusadas de raptar crianças e que já estão sendo sujeitas a ódios. Em vários países, famílias desesperadas com casos de crianças desaparecidas estão agora a pedir à polícia que investigue acampamentos Roma para encontrar os seus ente queridos.
 
Entretanto, as famílias Roma vêem os seus próprios filhos ser levados com base em noções simplistas fundamentadas na cor dos olhos e do cabelo de um cidadão Roma. Existem provas de atitudes inapropriadas e tendenciosas do ponto de vista étnico, conduzidas por algumas entidades e que devem cessar. O incidente recentemente verificado na Irlanda, onde duas crianças loiras Roma foram levadas dos seus pais e entregues apenas após testes ao ADN terem comprovado que eram, de facto, seus filhos é ilustrativa e deve ter sido angustiante para as famílias.
Durante gerações, as crianças Roma têm sido levadas das suas famílias devido à pobreza ou pela assunção de que os pais Roma, sendo pobres, não conseguem cuidar das suas crianças. Muitas crianças Roma desaparecem ou sujeitam-se ao risco do tráfico ou da prostituição. A educação discriminatória para com os Roma, a esterilização forçada de mulheres Roma e o assassinato de indivíduos Roma resultantes de ataques alimentados pelo ódio são apenas algumas das várias tragédias que os Roma enfrentam e que raramente têm merecido cobertura mediática. Estima-se que na Europa a população Roma ronde os 12 milhões de pessoas, existindo um longo historial de discriminação contra esta comunidade.
Solicito a todos os meios de comunicação e comentadores, nomeadamente figuras políticas e dirigentes de partidos políticos, que contenham e se abstenham de generalizações perigosas relativamente à suposta criminalidade perpetuada pelos Roma. Esta cobertura irresponsável e retórica baseada no ódio irá apenas fomentar ainda mais a estigmatização e até mesmo a violência contra indivíduos e comunidades Roma. Exorto aos jornalistas que relatem estes assuntos de forma responsável.
 
Neste momento de crise económica e de desilusão, a última coisa de que necessitamos é de promover um bode expiatório sobre aqueles que já são marginalizados.

HIGH HEEL PASSENGER - Está presente na Praça do Rossio em Lisboa, Visita-a !

 
 
 
 
 
 
 

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