Foi no mês de Março que a
Câmara Municipal da Moita colocou os editais assinados pelo seu presidente a
anunciar a destruição das hortas situadas entre o Grupo Desportivo, Escola
Secundária, Centro de Experimentação Artística e cemitério; um terreno baldio
sem finalidade ou projecto de construção. Parte dele está inclusivamente situado
na zona de exclusão de segurança do TGV, o que impede qualquer tipo de
edificação.
São chamadas as "hortas da
crise" por terem surgido em 2009, durante o ciclo de austeridade. A falta de
trabalho, o corte nas prestações sociais, o encarecimento de alguns serviços e
bens fundamentais (gasolina, luz, trasportes,rendas, etc..), levou a que um
grupo de moradores do Vale da Amoreira, em especial jovens, procurassem novas
formas de sobrevivência através do cultivo.
Alegam que a Câmara
Municipal da Moita "facilitou" a ocupação agrícola do terreno que agora lhes
quer retirar.
Por seu lado, o município
em evocação da necessidade de destruição das hortas fala em proteger "algum
coberto vegetal que interessa ver preservado" e em "danos em infra estruturas
existentes" de um terreno baldio e abandonado.
A destruição está marcada
para 9 de Maio (Quarta-Feira). Até ao momento nenhum dos ocupantes foi
contactado pela edilidade.
Foto -
Cobertura vegetal a preservar?
Disponibilizamos alguns
depoimentos em áudio dos agricultores do Vale da Amoreira:
As hortas como mecanismo
de sobrevivência
"Quando não é uma coisa é outra. Quando não há feijão é milho, quando não é milho é couve,é assim...
Não há carne! Olhe ferve, sal, olhe: sal é o mais barato que há, com a água. Tem sal, tem água...
Claro, sem água não coze Tem água, tem sal, a gente não morre de fome.
Se isto vai-se embora sofro, e quem está ao meu lado sofre."
"Quando não é uma coisa é outra. Quando não há feijão é milho, quando não é milho é couve,é assim...
Não há carne! Olhe ferve, sal, olhe: sal é o mais barato que há, com a água. Tem sal, tem água...
Claro, sem água não coze Tem água, tem sal, a gente não morre de fome.
Se isto vai-se embora sofro, e quem está ao meu lado sofre."
As hortas e os compromissos políticos
"Não estou a ver essa política. Porque realmente! eu perco aqui o meu tempo, dando eles o terreno para que pudéssemos cultivar, têm que nos pagar, fomos nós que plantámos a terra, porque isso também não é fácil: cavar e plantar.(...)
Eu não me importo de pagar 50€, 20€. Quer dizer, plantamos, colhemos e depois já podemos falar. (...)
Eles estão bem, em casa comem, bebem, fazem amor todos os dias...olhem, eu também faço amor todos os dias por causa do stress."
Resistência à destruição
O dia-a-dia nas hortas"
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