CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Mumia fala sobre situação dos negros

[Foto Internacionalista, marcha em Filadélfia exigindo a liberdade para Mumia]

31 de Agosto de 2011
Com 'Líderes' Como Estes • • • •
por Mumia Abu-Jamal (20/8/11)

Foi preciso algum tempo para se chegar a essa conclusão, mas após reflexão, foi inevitável.

Porque é que, mais de um século e meio após o direito de voto e da eleição de mais líderes políticos negros que em qualquer outro momento desde a Guerra da Secessão, as vidas, as perspectivas e as esperanças do povo negro são tão negativas?

A educação está um caos, com uma taxa de abandono de quase 50% na maioria das principais cidades; as comunidades negras estão a ficar envelhecidas e a cair no esquecimento; o desemprego persegue as famílias com a maior percentagem desde que tais dados começaram a ser registados, provocando o despejo das famílias negras (e o seu resultado inevitável - muitos sem-abrigo) a taxas muito superiores a qualquer outra taxa demográfica: um resultado directo das fraudes com hipotecas que encheram os bolsos de Wall Street.

Nas cidades com presidentes da câmara e chefes da polícia negros, a violência policial contra os negros pseudo-cidadãos continua sem diminuição, e as armadilhas do complexo industrial prisional enchem as cadeias.

Somos forçados a concluir que a América Negra sofre de males semelhantes aos enfrentados pelas nações do Continente Africano : o neo-colonialismo, onde a classe política dá a aparência de liberdade e independência, enquanto elas ficam em dívida para com as potências económicas, que decidem as políticas e os programas de exploração do Povo.

Infelizmente, mais políticos negros não é igual a mais poder político negro. Porque, neste excesso de representação negra, as vozes negras de descontentamento ficam mudas, enquanto a raiva efervesce nos corações e nas mentes do povo negro.

E em vez de os políticos negros falarem por aqueles que votaram neles, eles também ficam mudos, mais leais ao partido do que ao povo - mais ansiosos por não abanarem o barco, quando a água entra pelo casco rompido.

Eles falam-lhes, pregando a paciência, enquanto as casas ardem. E eles imitam os políticos brancos, repetindo as suas palavras, embora "representem" comunidades que não podiam ser mais distintas.

Se os políticos negros estão a fazer a mesma coisa que os seus colegas brancos, porquê tê-los?

Qual é a diferença?

O neo-colonialismo em casa e no exterior.

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