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Inspetores do Conselho de Segurança Nuclear (CSN) espanhol alertaram para falhas no sistema de arrefecimento da central nuclear de Almaraz (Cáceres).
De acordo com o jornal El País, a central localizada à beira do Tejo, a 100 km da fronteira com Portugal, sofreu duas avarias nos motores das bombas de água.
Os cinco técnicos que fizeram a inspeção consideram, de acordo com uma nota de 28 de janeiro, que não existem “garantias suficientes de que exista uma expectativa razoável” de que o sistema de arrefecimento possa funcionar de forma adequada.
O El País avança ainda que fontes internas do CSN consideram que a inspeção devia ter levado à suspensão imediata de atividade no reator que ainda está em funcionamento em Almaraz – o outro está parado, para uma intervenção programado -, mas não houve até agora nenhuma ordem nesse sentido.
Os diretores da central de Almaraz e da CSN encontraram-se esta terça-feira, mas ainda não são conhecidos resultados dessa reunião.
Obsoleta
Em Portugal, o deputado do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), André Silva, apresentou no Parlamento um projeto de resolução que recomenda ao Governo uma intervenção junto de Espanha para encerrar a central.
No documento, André Silva argumenta que a central “não só não possui as condições necessárias para estar em funcionamento tendo reprovado em teste de resistência realizado pela Greenpeace, como já deveria ter sido encerrada em 2010, estando já ultrapassado o tempo de vida útil para as centrais nucleares deste tipo”.
A central de Almaraz, em funcionamento desde o início da década de 1980, “é das centrais nucleares mais antigas da Europa”.
Sendo “refrigerada pelas águas do rio Tejo”, o deputado acrescenta que a sua localização “expõe Portugal a eventuais perigos”, relembrando que, “nos últimos anos, tem vindo a registar vários incidentes que obrigaram a paragens no seu funcionamento”.
“O tempo de vida útil para as centrais nucleares deste género é de 25 anos, o que a torna atualmente como obsoleta. A verdade é que esta central deveria ter encerrado em 2010, depois de cumpridos os seus 25 anos de vida, mas o Governo espanhol prolongou o período de vida da central até 2020, funcionando sem possuir os mais modernos e avançados sistemas de segurança”, lê-se no projeto.
O PAN recorda os alertas para esta situação dados por algumas associações, sobretudo no que diz respeito às “consequências negativas a nível da poluição no Rio Tejo“, devido ao processo de refrigeração, mas também para a região da Serra da Estrela, em caso de “acidente nuclear grave” e numa situação em que se verifiquem ventos de leste que arrastem a nuvem radioativa para a região.
O deputado conclui que “permitir passivamente a continuidade do seu funcionamento poderá trazer consequências catastróficas para Portugal numa situação de desastre nuclear”.
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