AMÉRICA LATINA MOVIMENTA-SE CONTRA MATANÇA EM GAZA (2014-07-31)
A Bolívia declarou Israel “um Estado terrorista” e cancelou o acordo de isenção de vistos que estava em vigor desde 1972. A decisão foi anunciada pelo próprio presidente Evo Morales e segue-se a outras atitudes assumidas por dirigentes latino americanos fazendo sentir a sua indignação perante a violência praticada pelo exército israelita em Gaza.
“Se os Estados Unidos e a União Europeia se acham no direito de decidir quem é ou não terrorista e, ao mesmo tempo, toleram e são até cúmplices do que está a acontecer em Gaza, é natural que apareçam países com uma visão mais geral e equilibrada do fenómeno terrorista”, afirma Nadia Taebi, professora libanesa de ciências políticas em Beirute. “Os países da América Latina que se libertaram de terríveis ditaduras sabem por experiência própria o que são violações dos direitos humanos, pelo que estão sensíveis e despertos para os dramas de uma carnificina como esta que, pelos vistos, não incomoda os dirigentes europeus e norte-americanos”, acrescentou.
Na sua declaração, Evo Morales afirmou que “Israel não é um garante dos princípios do respeito pela vida e pelos direitos elementares que governam a coexistência pacífica e harmoniosa da comunidade internacional”. O presidente boliviano recordou que o acordo de isenção de vistos com Israel resultava de uma decisão tomada em 1972 por um regime ditatorial que não representava os interesses e a vontade dos bolivianos.
Evo Morales defendera já anteriormente a necessidade de a comunidade internacional assumir que o Estado de Israel deverá ser acusado da “prática de crimes contra a humanidade”.
Chile, Brasil, El Salvador, Equador, Venezuela e Peru são países que já tomaram igualmente posições perante os acontecimentos de Gaza chamando os embaixadores israelitas nas respectivas capitais para os confrontarem com o seu desagrado.
“São atitudes corajosas e contra uma corrente de cobardia que parece paralisar a maior parte dos dirigentes mundiais perante os crimes de Israel”, segundo John Stevenson, economista e cidadão norte-americano que trabalhou para o Banco Mundial e se radicou em Beirute incentivando projectos humanitários de desenvolvimento. “Se mais países reagissem assim talvez a convicção de impunidade que retirou os limites aos dirigentes israelitas começasse a ficar abalada”, acrescentou. “Infelizmente”, concluiu, “as posições dominantes estão mais próximas da vergonhosa atitude tomada pelos Estados Unidos, um país que ao mesmo tempo que diz condenar o massacre numa escola de Gaza decide reforçar o fornecimento de munições ao exército de Israel para que a matança continue”.
César Augusto Carnoto, La Paz, Charles Hussain, Beirute
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