CMA-J

Colectivo Mumia Abu-Jamal

Fim ao terror policial


Ações do “Rise Up October” em Nova Iorque dizem: Fim ao terror policial!
26 de outubro de 2015. Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar.
 
O seguinte artigo baseia-se principalmente em artigos da edição de 26 de outubro do Revolution (revcom.us), jornal do Partido Comunista Revolucionário, EUA.
Três dias de ações para exigir o fim do terror policial terminaram com uma manifestação de milhares de pessoas a 24 de outubro pelas ruas de Manhattan. Os manifestantes gritaram “Fim ao terror policial!” e puseram às pessoas de toda a sociedade norte-americana a pergunta: “De que lado estás?” – do lado do estado e da polícia que o serve, ou do lado dos mais de 875 afro-americanos, latino-americanos, nativos americanos e outras pessoas que a polícia matou até agora este ano – cerca de três por dia.
As ações começaram a 22 de outubro na Times Square, o centro simbólico de Nova Iorque. Mais de 30 familiares e representantes de pessoas cujas vidas foram roubadas pela polícia participaram numa concentração onde artistas, intelectuais proeminentes e outras vozes de consciência leram os nomes de milhares de pessoas assassinadas pela polícia durante a última década. Os familiares contaram as histórias das vítimas e entregaram a sua presença moral e física ao projeto No More Stolen Lives/Say Their Name [Não Mais Vidas Roubadas/Digam os Nomes Deles].
Nessa tarde, várias centenas de pessoas concentraram-se e marcharam pelo município nova-iorquino de Brooklyn para marcar o Dia Nacional de Protesto pelo Fim da Brutalidade Policial, da Repressão e da Criminalização de Uma Geração, uma campanha em progresso iniciada há 20 anos. Entre elas estavam familiares de pessoas mortas pela polícia em Nova Iorque e noutras cidades e estudantes do ensino secundário. Um estudante disse: “Isto é algo em que eu não tinha pensado muito, mas que devia, é um enorme problema”. Um outro disse: “O que está a acontecer aos negros é genocídio”. Também havia estudantes universitários e muitas outras pessoas, entre as quais um grupo de pessoas que vieram juntas de uma agência de serviço social que trabalha com pessoas com SIDA e com os sem-abrigo. Cerca de meia dúzia de pessoas transgénero vieram em grupo. Havia uma faixa que expressava solidariedade com a luta do povo palestino.
Outras ações do Dia Nacional de Protesto tiveram lugar em Chicago, Cleveland, Seattle, Los Angeles e Houston, entre outras cidades de que há relatos até agora.
A 23 de outubro, cerca de cem manifestantes juntaram-se a 17 pessoas que tinham bloqueado a entrada da infame prisão da Ilha de Rikers, “uma câmara de tortura e uma prisão de devedores” onde milhares de pessoas são detidas durante meses e anos – uma média de

Eve Ensler, Carl Dix, Cornel West e Quentin Tarantino com familiares de vítimas na manifestação de 24 de outubro. (Foto: twitter.com/tuneintorevcom)
14 mil pessoas a cada noite – frequentemente porque não conseguem pagar uma fiança em dinheiro para serem libertadas enquanto estão à espera de julgamento por delitos menores. Eles gritaram “Rikers, Rikers, fechem isto” e o nome de Kalief Browder, um jovem de 16 anos que foi mantido em prisão solitária durante mais de dois anos por supostamente ter roubado uma mochila. Torturado pelos guardas, ele cometeu suicídio depois de ter saído da prisão. À frente das pessoas que faziam o protesto estavam fotos ampliadas de pessoas assassinados pela polícia, entre as quais 11 que morreram na Ilha de Rikers.
A manifestação do dia seguinte através de Manhattan começou com uma concentração na baixa da cidade. Carl Dix, representante do Partido Comunista Revolucionário e co-iniciador do “Rise Up October” [Levanta-te em Outubro] (juntamente com Cornel West), liderou a multidão gritando: “Sou um revolucionário!” West disse à multidão: “Façamos tudo o que pudermos para pôr fim ao horror da polícia a assassinar o nosso povo. E depois façamos ainda mais porque temos de pôr fim a isto.”
West, um proeminente teólogo, ativista e revolucionário cristão, como ele se autointitula, desafiou as pessoas: “Quando se ama as pessoas, odeia-se que elas estejam a ser maltratadas!” A dramaturga Eve Ensler (autora de Os Monólogos da Vagina) declarou: “Eu estou cansada de viver num país onde a violência do estado criou um estado de terror para as pessoas negras e castanhas, isto é inaceitável!”
Um grande número de familiares e representantes de vítimas de assassinatos policiais encabeçou milhares de outras pessoas à medida que marchavam pelo bairro residencial. Ao longo do percurso, partilharam a dor e a indignação deles e desafiaram todas as pessoas a

Carl Dix fala na concentração de 24 de outubro. (Foto: Eino Sierpe)
lutar. As pessoas desafiaram os ataques da polícia, que prendeu cinco pessoas perto do final da manifestação. Um contingente de várias centenas de jovens e outras pessoas levou a mensagem à Times Square. Seis deles foram presos.
O contingente #Say her name! [Diz o nome dela!] levava cartazes de mulheres assassinadas pela polícia e pelas autoridades prisionais. Fotos dos rostos de pessoas assassinadas pela polícia estavam por todo o lado, em cartazes e faixas – apelando à justiça e ao fim do horror. Os unitários exigiram justiça e os ativistas LGBT denunciaram a sádica brutalidade policial contra as pessoas transgénero. Havia uma impressionante mistura de todas as nacionalidades e de representantes de pessoas de todo o mundo. Havia um mar de cartazes: “Levanta-te! Fim ao terror policial!” O Clube Revolução apelou e serviu de exemplo do slogan “Combater o poder e transformar as pessoas, pela revolução.” Um grito irrompeu para cima e para baixo na 6ª Avenida: “Acusem, condenem, mandem os polícias assassinos para a prisão, todo o maldito sistema é culpado como o diabo.”
Vieram estudantes de todo o país. Um estudante de pós-graduação e professor disse ao Revolution: “Eles estão a matar os meus estudantes com um genocídio lento”. Vieram jovens e outras pessoas de comunidades de oprimidos, do leste, do sul e do centro, bem como de Nova Iorque. Um exemplo: um contingente de Waukegan, Ilinóis, representando a luta pela justiça para Justus Howell, um jovem de 17 anos assassinado pela polícia em abril passado, atingido duas vezes nas costas, e para todas as vítimas de assassinatos policiais.
 
Aspecto da manifestação de 24 de outubro. (Foto: revcom.us)
Os Universalistas Unitários (um grupo protestante) vieram da zona abastada do Upper West Side de Manhattan. Um contingente marchou partindo da igreja do Holy Ghost Upper Room Filling Station Ministry, na comunidade oprimida de Jamaica, Queens. Membros da Igreja Episcopal de St Mary, em Manhattanville, Nova Iorque, levavam uma faixa que declarava: “Não temos medo!” O realizador Quentin Tarantino disse: “Quando vejo um assassinato, não posso ficar quieto”.
No final da manifestação, Dix declarou: “Vocês devem sentir-se bem em relação ao que fizeram, mas não tão bem que estejam prontos a ir para casa, a darem palmadinhas nas vossas próprias costas e a regressarem à vida normal, porque o normal é a polícia a assassinar pessoas, sobretudo pessoas negras, latino-americanas e nativos americanos. Temos vindo a agir para acabar com isto e vamos avançar a partir de hoje.”
West e Dix apelam agora à organização de reuniões de planeamento de mais ações contra os assassinatos policiais, incluindo em três datas no fim de novembro e início de dezembro. “Irmãos e irmãs, companheiros resistentes”, diz o comunicado deles, “Você são magníficos. Vocês ergueram as vossas costas e podem inspirar milhões de outras pessoas. O espírito do Rise Up October tem de continuar a avançar – e esse espírito precisa de se tornar manifesto na luta e na organização.”

Sem comentários:

Etiquetas

Arquivo