Jim Hollander, Reuters
"A União Europeia poderá castigar empresas europeias que negoceiam com os colonatos e poderá boicotar numerosos deputados e ministros israelitas que se pronunciam contra a criação de um Estado palestiniano, incluindo mesmo o presidente israelita.
A revelação foi feita pelo diário israelita Haaretz, que teve acesso a um documento interno da União Europeia, no qual se recomenda "nenhum contacto político com organizações de colonos/recusa de contactar com colonos, incluindo figuras públicas e com aqueles que publicamente rejeitam a solução de dois Estados".
Entre as figuras que cabem nesta classificação incluem-se os ministros da extrema-direita Naftali Bennett e Uri Ariel, do partido Habayit Hayehudi, numerosos deputados do partido de direita Likud, e possivelmente o próprio chefe de Estado, Reuven Rivlin, notoriamente hostil à criação de um Estado palestiniano.
O documento também recomenda a reavaliação de financiamentos europeus a projectos israelitas, em função das contrapartidas políticas que Israel se mostre disposto a conceder. Independente de quaisquer contrapartidas deverá ser, por outro lado, a reavaliação de projectos como o de construções previstas, uma entre Ma’aleh Adumim e Jerusalém, outra entre Givat Hamatos e Har Homa, ambas para lá da "linha verde" que em 1967 separava Israel do território palestiniano.
De um modo geral, o documento manifesta preocupação com o "financiamento pela UE de actividades ou capacidades de construção civil que indirectamente ajudem a perpetuar o status quo da ocupação". Aí se recomenda uma maior fiscalização das verdadeiras utilizações dos fundos obtidos.
Inversamente, o documento recomenda que sejam encorajados os dirigentes israelitas que se disponham a "tomar decisões difíceis que a ajudem a restabelecer uma dinâmica positiva, incluindo nas relações com os palestinianos".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros israelita tem vindo a criticar a nova comissária europeia, Federica Mogherini, como instigadora da nova política plasmada naquele documento interno. Contudo, o Haaretz cita vários "diplomatas europeus altamente colocados" que participaram na elaboração do documento e que apresentam uma explicação muito diferente.
Segundo estes, o director do Serviço Europeu de Acção Exterior, Christian Berger, apenas coordenou as contribuições vindas dos 28 países membros, integrando-as no documento. Segundo a citação do Haaretz, um destes diplomatas disse que "um grande grupo de Estados membros pressionou por este passo desde o falhanço da conversações entre Israel e os palestinianos, e desde a guerra em Gaza".
E acrescentou uma destas fontes que "vários países, incluindo alguns que são considerados grandes amigos de Israel, foram os que conceberam a iniciativa e agora estão a esconder-se atrás do serviço exterior da UE, para que este faça de polícia mau".
Em todo o caso, sublinha ainda um dos diplomatas citados no Haaretz que "este não é um caso em que os eurocratas de Bruxelas estejam por si próprios a trabalhar contra Israel (...) É um sinal de uma grande irritação e frustração que existem nos países membros. Nos últimos meses houve encontros de ministros europeus dos Negócios Estrangeiros em que ministros que são considerados extremamente próximos de Israel falaram da forma mais critica contra a política do Governo de Netanyahu".
Por outro lado, salomonicamente, o documento preconiza uma oposição da UE a quaisquer passos da Autoridade Palestiniana para fazer reconhecer um Estado sem prévio beneplácito israelita."
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