Comunicado do Tribunal Mundial do Iraque - secção portuguesa sobre os acontecimentos em curso no Iraque
Com base na comunicação social livre e no testemunho de iraquianos vivendo dentro e fora do Iraque, o Tribunal-Iraque divulga as seguintes informações.
1. Os êxitos militares da insurreição e o colapso das forças do governo de Nuri al-Maliki provam que a população iraquiana está farta do regime. O sentimento generalizado é de que "nada pode ser pior do que aquilo que temos". Sem apoio, o regime chegou a um ponto de ruptura.
2. A luta tem a participação de diferentes organizações e forças políticas. Quer nos combates, quer no governo das cidades libertadas, a acção está a ser coordenada por um Conselho Militar da Revolução formado por antigos militares iraquianos, jovens revolucionários e membros das tribos.
Uma tal conjugação de forças mostra que está em marcha um levantamento geral com amplo apoio da população.
3. A participação no movimento de forças do Partido Baas, das Brigadas da Revolução de 1920, de chefes militares das antigas forças armadas iraquianas, de organizações de resistência islamistas, desmente o papel exclusivo atribuído pelos meios políticos ocidentais a organizações como o ISIL-ISIS (Estado Islâmico do Iraque e Levante ou Estado Islâmico do Iraque e Síria).
Esta distorção dos factos, prontamente repetida pela comunicação social, destina-se a tornar mais fácil neutralizar a opinião pública com a acusação de que se trataria de uma movimentação "terrorista", e a conseguir assim justificação para uma intervenção militar ou para os bombardeamentos indiscriminados levados a cabo pelo regime instalado em Bagdade.
4. Os alvos da insurreição são claros: o governo e toda a estrutura de poder liderada por al-Maliki, herdeiro do sistema político imposto pela ocupação norte-americana — e, com ele, a dominação exercida pelo imperialismo EUA e a influência de todas as forças externas que se envolveram no conflito iraquiano.
5. A insurreição em curso é de natureza nacionalista e patriótica. O último comunicado do Conselho Militar da Revolução (14 de Junho) especifica os objectivos do levantamento popular:
1. Os êxitos militares da insurreição e o colapso das forças do governo de Nuri al-Maliki provam que a população iraquiana está farta do regime. O sentimento generalizado é de que "nada pode ser pior do que aquilo que temos". Sem apoio, o regime chegou a um ponto de ruptura.
2. A luta tem a participação de diferentes organizações e forças políticas. Quer nos combates, quer no governo das cidades libertadas, a acção está a ser coordenada por um Conselho Militar da Revolução formado por antigos militares iraquianos, jovens revolucionários e membros das tribos.
Uma tal conjugação de forças mostra que está em marcha um levantamento geral com amplo apoio da população.
3. A participação no movimento de forças do Partido Baas, das Brigadas da Revolução de 1920, de chefes militares das antigas forças armadas iraquianas, de organizações de resistência islamistas, desmente o papel exclusivo atribuído pelos meios políticos ocidentais a organizações como o ISIL-ISIS (Estado Islâmico do Iraque e Levante ou Estado Islâmico do Iraque e Síria).
Esta distorção dos factos, prontamente repetida pela comunicação social, destina-se a tornar mais fácil neutralizar a opinião pública com a acusação de que se trataria de uma movimentação "terrorista", e a conseguir assim justificação para uma intervenção militar ou para os bombardeamentos indiscriminados levados a cabo pelo regime instalado em Bagdade.
4. Os alvos da insurreição são claros: o governo e toda a estrutura de poder liderada por al-Maliki, herdeiro do sistema político imposto pela ocupação norte-americana — e, com ele, a dominação exercida pelo imperialismo EUA e a influência de todas as forças externas que se envolveram no conflito iraquiano.
5. A insurreição em curso é de natureza nacionalista e patriótica. O último comunicado do Conselho Militar da Revolução (14 de Junho) especifica os objectivos do levantamento popular:
- Restaurar a justiça e não buscar a vingança. Toda a prestação de contas tem de ser feita de acordo com a lei e através de um processo justo.
- Respeito pelos países vizinhos e pela sua soberania.
- Pôr fim ao sectarismo político e à repressão que foi instalada pela ocupação.
- Iniciar um processo constituinte que represente todos os iraquianos.
6. Testemunhos com origem nas cidades libertadas revelam que a população participa na organização da vida diária. Não há notícias de massacres ou vinganças. Não é significativa a presença de forças não-iraquianas. As barreiras à circulação das pessoas foram removidas. A população que inicialmente fugiu, nomeadamente a de Mossul, regressa agora a casa. O seu maior receio é que o governo de al-Maliki ou os EUA respondam com bombardeamentos, como foi feito em Faluja e Ramadi.
7. Diversas organizações , religiosas e laicas, declararam apoio à revolta e apelam à população e aos combatentes para que mantenham a unidade, rejeitem actos sectários e tratem escrupulosamente a população das cidades libertadas por forma a que "estas cidades se tornem um exemplo para outras que as queiram seguir" (carta aberta da Associação dos Ulemas Muçulmanos no Iraque).
Os acontecimentos dos últimos dias só surpreendem pela natureza fulminante das acções militares dos revoltosos. Mas não espantam se se tiver em conta o que tem sido o sofrimento da população iraquiana nos últimos 10 anos e a resistência que tem oposto à ocupação e ao regime bárbaro que se lhe seguiu. O que agora se passa culmina a resistência armada de 2003-2006, as grandes manifestações de 2011, os protestos generalizados de 2012-13 abafados a tiro pelo regime. E responde às miseráveis condições de vida, aos massacres e arbitrariedades, ao roubo dos recursos nacionais. Nestes 10 anos amadureceram as condições para uma mudança de grande envergadura no Iraque.
7. Diversas organizações , religiosas e laicas, declararam apoio à revolta e apelam à população e aos combatentes para que mantenham a unidade, rejeitem actos sectários e tratem escrupulosamente a população das cidades libertadas por forma a que "estas cidades se tornem um exemplo para outras que as queiram seguir" (carta aberta da Associação dos Ulemas Muçulmanos no Iraque).
Os acontecimentos dos últimos dias só surpreendem pela natureza fulminante das acções militares dos revoltosos. Mas não espantam se se tiver em conta o que tem sido o sofrimento da população iraquiana nos últimos 10 anos e a resistência que tem oposto à ocupação e ao regime bárbaro que se lhe seguiu. O que agora se passa culmina a resistência armada de 2003-2006, as grandes manifestações de 2011, os protestos generalizados de 2012-13 abafados a tiro pelo regime. E responde às miseráveis condições de vida, aos massacres e arbitrariedades, ao roubo dos recursos nacionais. Nestes 10 anos amadureceram as condições para uma mudança de grande envergadura no Iraque.
Sinead O'Connor quer cancelar o seu concerto em Israel, depois de ter tomado conhecimento da campanha BDS (boicote, desinvestimento, sanções)
“Não fui informada pelo meu agente e desconhecia eu própria que um apelo ao boicote de Israel tinha sido lançado pelo povo palestiniano, senão não teria aceitado ir cantar em Telavive”, escreveu Sinead O'Connor no seu site.
A cantora irlandesa quer cancelar o seu concerto marcado para 11 de setembro em Telavive, caso não tenha penalizações financeiras, pois, afirma, é o único ganha-pão dos seus quatro filhos. Entretanto, retirou o anúncio do concerto do seu site.
O compositor Raymond Deane foi uma das pessoas que a aconselhou a respeitar o boicote cultural contra Israel, juntando-se assim aos 265 artistas irlandeses que já se comprometeram a não actuar em Israel enquanto este país a violar o direito internacional: “Senão, estarás a cuspir na cara dos oprimidos, daqueles que não terão direito a assistir ao teu concerto, daqueles que estão fechados na faixa de Gaza, das mães de família que dão à luz nados-mortos nos checkpoints, das crianças palestinianas que são torturadas nas prisões israelitas. A tua presença será explorada pelo regime israelita que declarou em 2005 não ver diferença entre a cultura e a propaganda.”
Fonte: Haaretz e EuroPalestine
Rossio # 6 | Realidade e perspectivas: o papel da arte nos campos de refugiados palestinos
Sexta-Feira, 20 de Junho | 21h30
MOB Espaço Associativo | Rua dos Anjos, 12 F | Lisboa
“De uma raiz mais profunda”
Neste ano de 2014, proclamado pelas Nações Unidas como Ano Internacional de Solidariedade com o Povo Palestino, a Apordoc – Associação pelo Documentário - acolheu uma proposta do MPPM para assinalar o Dia Mundial do Refugiado com uma sessão no Rossio (“um cineclube informal, irregular e itinerante”) dedicada aos refugiados palestinos: porque dois em cada cinco refugiados em todo o mundo são palestinos; porque os refugiados palestinos são os que se encontram há mais tempo nesta situação; porque 7 milhões de palestinos, constituindo três quartos da população, são refugiados ou deslocados.
A questão dos refugiados ocupa uma posição central no ideário do movimento nacional palestino. A esperança do regresso às casas e terras de que foram expulsos, em consequência da criação do estado de Israel e das sucessivas guerras que lhes foram impostas, passa imorredoura de geração em geração. Contam, para isso, com a força da solidariedade dos povos de todo o mundo para que levem a Comunidade Internacional a assumir as suas responsabilidades históricas, viabilizando a constituição do Estado Palestino livre e com uma solução justa para a questão dos refugiados, dando cabal cumprimento às sucessivas resoluções da Nações Unidas e respeitando o direito internacional e o direito internacional humanitário.
O programa abre com a exibição do documentário “Das Pedras à Liberdade” com montagem e edição de Paulo Vargues (A Barraca), que ilustra o trabalho do “Freedom Theatre”, um projecto cultural localizado no campo de refugiados de Jenin, na Palestina Ocupada, que visa a formação de elementos da comunidade utilizando as artes como motor da mudança social.
Micaela Miranda, uma actriz portuguesa que é professora no “Feedom Theatre”, irá contextualizar o seu trabalho na situação dos habitantes do campo de refugiados, ilustrando a intervenção com fotografias obtidas por si e por jovens refugiados.
O debate final será moderado pela APORDOC e os intervenientes serão Hélder Costa (A Barraca), Micaela Miranda (Freedom Theatre) e Carlos Almeida (MPPM).
Programa:
Documentário | Das Pedras à Liberdade | Paulo Vargues, 29'
Exibição fotográfica | O Teatro como forma de resistência na Palestina Ocupada | Micaela Miranda (Freedom Theatre)
Debate | O papel da arte nos campos de refugiados palestinos | Hélder Costa (A Barraca), Micaela Miranda (Freedom Theatre) e Carlos Almeida (MPPM)
A Apordoc - Associação pelo Documentário é uma associação cultural sem fins lucrativos. Fundada em 1998, o seu objectivo é estimular e promover uma cultura do documentário. A Associação pretende ser um espaço de encontro e discussão permanente para todos os interessados no documentário. No momento actual, a Apordoc tem procurado implantar-se na cidade de Lisboa e no restante território nacional de forma profunda e perene, em particular na área de programação de documentário e de projectos de literacia visual. Pretende-se assim cultivar e afirmar no espaço público outras frentes de trabalho e de relação com a sociedade portuguesa e com parceiros internacionais, para além dos eventos concentrados em poucos dias – como o DocLisboa - e que têm sido as principais marcas da Apordoc nos seus anos de existência.
O MPPM é uma Organização Não Governamental, democrática e apartidária, de solidariedade internacional, acreditada pelo Comité das Nações Unidas para o Exercício dos Direitos Inalienáveis do Povo Palestino (Deliberação de 17.09.2009) que visa promover, no plano da opinião pública, em conformidade com as resoluções das Nações Unidas, o apoio à criação nos territórios da Palestina ocupados por Israel desde 1967, de um Estado da Palestina, independente e soberano, com uma solução justa para a questão de Jerusalém e para a questão dos refugiados palestinos, bem como o apoio ao estabelecimento de uma paz global e duradoura no Médio Oriente. No quadro dos seus objectivos, procura mobilizar a opinião pública para uma efectiva solidariedade moral, política, cultural, material e humanitária com os povos que, no Médio Oriente, são afectados na sua segurança e dignidade, e nos seus inalienáveis direitos à autodeterminação, à independência nacional, à democracia e à paz, desenvolvendo relações de colaboração e de diálogo com personalidades, instituições ou organizações que se dedicam às causas da justiça e da paz entre os povos.
O Freedom Theatre foi inspirado num único projeto, “Cuidado e Aprendizagem”, que usou o Teatro e a Arte para abordar o medo crónico, a depressão e a perturbação do stress pós-traumático das crianças do Camp Refugiados de Jenin. Iniciado durante a 1ª Intifada. Foi construído tendo por inspiração o legado de Arna, pelo seu filho Juliano Mer Khamis. O Freedom Theatre está a desenvolver uma Comunidade artística criativa e entusiástica no Norte do West Bank. para além de dar ênfase ao profissionalismo e inovação, o objetivo do Teatro é também habilitar a juventude e as mulheres da Comunidade a explorar o potencial das artes como um importante catalisador de mudança social.
A Barraca iniciou a sua actividade com “A cidade dourada”, em 1976. Um já longo percurso que levou ao estudo da História e da Cultura, que conduziu a uma acção-testemunho do nosso tempo, e que a insere num campo de teatro internacional que, à falta de designação mais correcta e precisa, se pode definir por popular. Teatro popular, porque sem ser etnográfico ou museológico, estuda e aprofunda as metáforas tradicionais populares, recorre à imaginação, ao rigor da simplicidade, ao poético, e ao mágico. Teatro popular também, porque se quer comunicativo e interveniente, porque acredita na evolução e no progresso, porque gosta de fazer rir e de se divertir. E ainda teatro popular porque gosta do abraço do público, e lhe quer dar afectividade de calor. Para que haja mais público, melhor público e melhor teatro.
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