Activistas dos        direitos humanos interromperam esta noite o concerto de música        clássica do "Jerusalem Quartet" na Fundação Gulbenkian em        protesto contra a associação do grupo israelita com o exército        de Israel.
O concerto        decorria quando da plateia se levantou um grupo de pessoas        gritando palavras de ordem contra os crimes de guerra israelita.        Quando eram levadas para fora da sala pelos seguranças, ainda        lançaram para o ar panfletos explicando a razão do seu acto.        Passados uns minutos, a cena repetiu-se com um segundo grupo que        conseguiu fazer parar os músicos quando gritava “boicote Israel,        Palestina vencerá”.
O forte        dispositivo policial, completamente inabitual, dentro e fora do        edifício, mostra como uma casa de cultura se pode transformar        numa fortificação quando lá actuam israelitas. Israel não pode        exportar cultura sem exportar juntamente os seus muros e o seu        sistema de repressão.
Os protestos        tiveram lugar depois da Fundação Gulbenkian ter ignorado as        cartas enviadas pelo Comité de Solidariedade com a Palestina e        dezenas de outros cidadãos interessados pedindo que o concerto        fosse cancelado devido à associação oficial do "Jerusalem        Quartet" com o exército israelita, auto-intitulando-se "os        melhores embaixadores do estado de Israel".
"Numa altura em que Israel tem aumentado a repressão        violenta contra o povo palestiniano, deixando mais de 100 mortos        desde o início de Outubro, é de mau gosto que a Fundação        Gulbenkian convide representantes oficiais de um Estado de        apartheid," disse um activista do Comité de Solidariedade com a        Palestina, "a Fundação não respondeu sequer aos nossos apelos, o        que levou a esta acção mais expressiva"
O "Jerusalem        Quartet" é alvo de protestos nas cidades onde toca, como em        Londres e Nova Iorque, no âmbito da campanha de Boicote,        Desinvestimento e Sanções (BDS) contra Israel, sendo esta a        segunda vez que protestos tiveram lugar na Fundação Gulbenkian        em Lisboa. Em 2013, a Fundação ignorou apelos semelhantes e        manteve o convite ao grupo.
O Comité de        Solidariedade com a Palestina declarou que não se opõe à        expressão cultural, mas que o "Jerusalem Quartet" politiza a sua        arte para ser apologista de um Estado agressor. As mais recentes        tournées do grupo na Europa foram financiadas pelo Estado de        Israel no âmbito de um programa de propaganda intitulado "Brand        Israel" com o objectivo de pintar uma imagem "mais bonita" de        Israel e distrair a atenção do mundo da ocupação brutal.
No mês passado      arménios da diáspora a viver nos EUA e na Palestina escreveram uma      carta à Fundação Gulbenkian apelando para que cancelassem o      concerto do Jerusalem Quartet que dá legitimidade às políticas      violentas de Israel, invocando o mandato da Fundação a favor da      comunidade arménia e a ligação de Calouste Gulbenkian aos arménios      da Palestina. A Fundação ignorou os apelos dos próprios arménios,      e na resposta que só veio na véspera do concerto, não abordou      sequer os argumentos bem fundamentados apresentados na carta.
Aqui, o texto da      carta do CSP à Fundação Gulbenkian:
 
 
 
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